Para reagir depois do rebaixamento no Brasileiro, clube reduziu média de idade e deu oportunidade a encostados

Rodriguinho, vice-artilheiro do Estadual, foi um dos beneficiados pela nova política para o time, que inicia luta por vaga na final

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

""As camisas estão no varal. Pega quem quiser." A dica, dada pelo técnico do Santo André, Sérgio Soares, e a nova filosofia de dar chance a juniores e atletas que estavam encostados deram a tônica do trajeto do clube do rebaixamento no Brasileiro, no final do ano passado, à semifinal do Paulista-10.
A equipe do ABC duela com o Grêmio Prudente, na casa do adversário, hoje, às 18h30.
Pouco aproveitado em 2009, Rodriguinho agarrou sua camisa no varal e, além de cavar espaço na equipe, ocupa a vice- -artilharia do Estadual, com 13 gols. Tem dois gols a menos do que Ricardo Bueno, do Oeste.
""Joga quem estiver melhor, não tem essa de nome. Todos têm chance aqui. Depende só de cada um", afirma o jogador.
Rodriguinho reconhece que praticamente ficou apenas no banco, ou nem isso em algumas oportunidades, no ano passado. Mesmo assim, formou boa parceria com Nunes no ataque.
""Só dos treinos e de observar, o Nunes deu para pegar o jeito dele," argumenta Rodriguinho.
Sabedor que os atletas que tem são jovens e ambiciosos, Soares faz preleções que não se limitam a esquemas táticos. Ele prefere explorar o psicológico.
""A tática fica nos treinos. O que eu falo no vestiário é para eles entrarem pilhados, cruzarem o túnel com aquele friozinho na barriga", diz o técnico.
O que os jogadores também ouvem do técnico é que os rivais ""são de carne e osso, como vocês", ou que é a chance de eles ""serem vistos para ir para times grandes, ganhar mais".
As reformas de filosofia e do elenco de jogadores da equipe, em princípio, foram recebidas com desconfiança. A manutenção de Soares como técnico, após a queda para a segunda divisão do Brasileiro, também.
Razão pela qual Soares agradece a confiança da diretoria.
""Nós tínhamos um projeto de longo prazo. Acho que foi pela história que tenho com o Santo André", afirma Soares, que esteve com o time em três momentos importantíssimos.
Em 2004, comandou a equipe do banco na conquista da Copa do Brasil sobre o Flamengo -Péricles Chamusca estava suspenso. Quatro anos depois, subiu o time para as elites do Paulista e, depois, do Brasileiro.
""Teve gente que, ao ver que a média de idade dos nosso plantel passou de 32 anos [em 2009] para 23, achou que a gente iria de novo lutar contra o rebaixamento. Mas mostramos a eles", comemora Carlos Arini, o diretor-executivo de futebol.
""Subimos uma meia dúzia de juniores e aproveitamos alguns que não vinham tendo chance."
Três dos mais novos devem estar em campo hoje: o meia Bruno César, 21, o volante Gil, 23, e o zagueiro Cesinha, 23.