São Paulo, sábado, 11 de abril de 1998

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FUTEBOL
Treinador da seleção na Copa de 1954, era considerado o mais inovador dos estrategistas da bola no Brasil
Zezé Moreira morre no Rio aos 90

Folha Imagem
O treinador Zezé Moreira, considerado o mais inovador dos estrategistas da bola no Brasil, no estádio da Gávea, em 95


Da Reportagem Local

Morreu ontem no Rio, aos 90 anos, o técnico Zezé Moreira.
Primeiro treinador a conquistar um título para o Brasil no exterior, em 1952 nos Jogos Panamericanos em Santiago (Chile), dirigiu a seleção na Copa do Mundo de 1954 e é considerado o primeiro, e maior, estrategista do futebol brasileiro.
Colecionador de títulos nos clubes em que passou, lançou no país a marcação por zona e o esquema tático 4-3-3 (quatro defensores, três meias e três atacantes).
Alfredo Moreira Júnior nasceu em 16 de outubro de 1907, em Miracema (RJ), e começou como jogador em 1928, no Rio. Encerrou a carreira de meia defensivo no início dos anos 40, quando começou curso para técnico junto com o irmão Aymoré, que viria a dirigir a seleção na conquista da Copa-62.
Airton, outro irmão de Moreira, foi campeão da Taça Brasil de 1966 com o Cruzeiro (de Tostão), derrotando o Santos (de Pelé).
Formado, Moreira tornou-se técnico auxiliar no Botafogo-RJ. Em 1948, assumiu o comando da equipe principal e lançou o esquema de marcação por zona, em substituição ao homem a homem. Foi campeão estadual.
Seu período de ascensão começou em 1951, no Fluminense.
Contratado para acabar com o jejum de títulos que durava seis anos -o que conseguiu já naquele ano-, escalou o jovem Telê Santana na equipe principal, como um ponta-direita recuado. Assim, de um 4-2-4 surgiu o 4-3-3. Telê Santana costuma afirmar que considera Moreira seu grande mestre.
Moreira dizia ter criado o 4-3-3 a partir do "WM", sistema tático com três zagueiros, dois meias, dois atacantes mais recuados e três atacantes à frente, enfiados.
Ele aprendera o "WM" como jogador, quando o treinador Dori Kruschner, austríaco naturalizado húngaro, tentara introduzir o esquema no Botafogo-RJ, em 1939.
Em 1952, Moreira substituiu Flávio Costa, técnico da Copa-50, e fez grande renovação na seleção. Em 1953, ele deixou o cargo para o irmão Aymoré, mas voltou para a Copa-54, competição em que o país estreou o uniforme com camisetas amarelas.
O Brasil foi eliminado nas quartas-de-final pela Hungria, tida como o melhor time daquele mundial, com uma derrota por 4 a 2. A seleção acabou em sexto no geral.
Ao final do jogo, Moreira acertou com uma chuteira que levava nas mãos o ministro dos Esportes e técnico da Hungria, Gustav Sebes, reagindo a uma cusparada de um jogador adversário.
Moreira havia se aposentado em 1980. Dirigiu e foi campeão no Corinthians, no São Paulo (em 1970, rompendo um jejum de 13 anos) e no Bahia, além de clubes no exterior, como Nacional (Uruguai).
Em 1976, ganhou a Libertadores com o Cruzeiro, usando esquemas táticos modernos para a época.



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