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São Paulo, domingo, 11 de maio de 2003

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FUTEBOL

Soy loco por ti América

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um amigo que acompanhou comigo o duelo entre Santos e Nacional na última quarta-feira pela Libertadores torcia fervorosamente para o empate. "Adoro disputas de pênaltis", explicou ele, que, como bom telespectador, queria emoção até o fim.
Tal pensamento faz da Libertadores um torneio dos sonhos. Em 1988, o principal interclubes da América efetivou seu largo mata-mata para cardíacos. Desde então, aconteceram 55 decisões por pênaltis. A Copa dos Campeões, regularmente com mais jogos que a sua versão sul-americana, registrou só 13 disputas desse tipo no mesmo período. Os regulamentos dos mata-matas das duas nobres competições têm ideais diferentes. Enquanto na Europa há um esforço histórico para evitar as penalidades no final, a Conmebol faz da "loteria" um meio corriqueiro para definir vencedores.
Sem prorrogações, a Libertadores já viu nove finais nos pênaltis. Mesmo tendo sistematicamente decisões em somente um jogo, a Copa dos Campeões assistiu a apenas seis disputas de penalidades em suas finais.
Sem utilizar gols fora de casa como critério de desempate, a Libertadores deu a taça aos seus últimos quatro campeões após decisões por pênaltis. Já a Copa dos Campeões, desde que foi vendida mesmo como Champions League, só teve disputas de penalidades em fases eliminatórias ou em finais (partidas únicas).
O paraguaio Olimpia já disputou nove decisões por pênaltis na história da Libertadores. A Juventus, grande especialista européia nesse tipo de disputa, fez apenas três desempates nas penalidades ao longo da Copa dos Campeões.
Falta só uma cobrança de pênalti em disputas de penalidades para chegarmos a 600 lances do gênero em Libertadores. Os cobradores, para a alegria e a tristeza de inúmeras torcidas, falharam 184 vezes (30,7% dos tiros).
Aqui foram mostrados números. Mas e a intenção de dirigentes e especialmente árbitros? Levar a decisão para os pênaltis é meio como "lavar as mãos", deixar o destino, a sorte decidir. Muito se fala na imparcialidade dos juízes sul-americanos, mas a fórmula de disputa do mata-mata no continente os "convida" a equilibrar as coisas até os penais.
A Europa lançou o gol de ouro, popular morte súbita, por não aceitar bem as injustiças decorrentes da decisão por pênaltis. Infeliz por ver cruéis eliminações, destaca agora o gol de prata, que ainda não funcionou na Copa dos Campeões. A Juventus foi à prorrogação contra o Barcelona, mas marcou no segundo tempo (se tivesse marcado na etapa inicial e acabasse essa em vantagem, não haveria segundo tempo).
Nesta temporada, a Libertadores, com só quatro confrontos de mata-mata definidos, já superou a Copa dos Campeões em disputas por pênaltis (foram duas até agora). Na Europa, só Shakhtar Donetsk x Brugge, na fase eliminatória, foi para as penalidades.
Se os europeus lutam para que seja feita justiça nas disputas, que assim seja: a Libertadores está na frente em emoção. Que o digam Gamboa, Palhinha, Zapata, Roque Júnior, Pinheiro, Serginho...

Soy loco 1
Um amigo estava com dúvidas sobre a realização da Copa com 36 times e me fez uma boa pergunta. "Por que a Fifa não faria um Mundial com 36 seleções?" A resposta correta veio alguns dias depois: técnica e esportivamente, é uma furada. Os dirigentes da Conmebol se reúnem nesta semana em Santa Cruz de la Sierra para tentar achar o sistema de disputa justo que foi cobrado pela Fifa. Um leitor me enviou diversas possibilidades e ficou claro que nenhuma delas é boa.

Soy loco 2
Um amigo me alertou. "O catenaccio está de volta", disse. Apostava no Real Madrid, só que está um cheiro de final italiana no ar. E Internazionale x Milan, pelo jeito, vai para a decisão por pênaltis depois de 120 minutos de outro confronto sem gols.

E-mail rbueno@folhasp.com.br


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