São Paulo, quarta-feira, 11 de maio de 2011

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Escândalo da Fifa ganha novo fôlego

2018/2022
Ricardo Teixeira queria negociar voto, declara cartola inglês


VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES

O escândalo da eleição das sedes das Copas de 2018 e 2022 ganhou novo capítulo. Mais uma vez, envolveu o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, agora acusado de tentar vender seu voto.
David Triesman, ex-dirigente da candidatura da Inglaterra-2018, disse ter recebido de quatro membros do Comitê Executivo da entidade pedidos em troca de votos para ficar com o Mundial.
Em dezembro de 2010, a Fifa elegeu a Rússia para a Copa-2018 -a Inglaterra obteve só 2 dos 22 votos. O Qatar ficou com o Mundial-2022.
É a segunda acusação de negociação de votos nesses pleitos. Antes da eleição, outros dois integrantes da cúpula da Fifa, Amos Adamu e Reynald Temarii, foram gravados pelo jornal "Sunday Times" cobrando por votos. Foram afastados dos pleitos.
Agora, ao depor no parlamento britânico, Triesman disse que, quando falou com Teixeira sobre a candidatura inglesa, ouviu a seguinte frase: "Vem aqui e diz o que você tem para mim".
Triesman admite que a frase pode ter duplo sentido.
Pouco antes da eleição, Teixeira fora acusado de receber suborno da ISL, empresa de marketing e ex-parceira da Fifa, nos anos 90.
Outros dirigentes, segundo Triesman, foram bem mais diretos nos pedidos.
Jack Warner, um dos vices da federação de Trinidad e Tobago, pediu R$ 7,9 milhões para construir escola de futebol em seu país e comprar direitos de TV da Copa para o Haiti, disse o inglês.
Já o paraguaio Nicolás Leoz, presidente da Conmebol (confederação sul-americana), de acordo com o cartola, solicitou o título de cavaleiro da coroa britânica.
"Ele disse que não precisava de dinheiro, que era um homem rico. Mas que gostaria de ser honrado com um título de cavaleiro. Eu expliquei que no nosso país não funciona desse jeito. Ele, então, encolheu os ombros, virou as costas e foi embora."
Na versão de Triesman, o tailandês Worawi Makudi queria ganhar os direitos de TV de amistoso da Inglaterra.
Na reunião, o parlamentar Damian Collins disse que o jornal "Sunday Times" entregou evidências de que mais dois membros do Comitê Executivo da Fifa, Issa Hayatou (Camarões) e Jacques Anouma (Costa do Marfim), receberam R$ 2,4 milhões para votar no Qatar para 2022.
Assim, oito dos 24 membros do Comitê Executivo da Fifa estão envolvidos em denúncias de corrupção.
O presidente da Fifa, Joseph Blatter, que disputa reeleição no próximo mês, disse estar chocado e prometeu investigar se houver provas.
"Não posso responder pelos membros do nosso comitê. Não posso dizer se são anjos ou demônios", afirmou. "Apareceram novas informações. Deem tempo para a gente digerir isso."


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