São Paulo, terça-feira, 11 de junho de 2002

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Sub Judice

Associated Press
O escocês Hugh Dallas adverte o polonês Bak


A Copa começa a decidir quem vai para a segunda fase com muita pressão sobre os árbitros. Nas duas primeiras rodadas, os erros dos juízes tomaram o leme do noticiário. Não faltou quem reclamasse. A Fifa também ajudou a aumentar a pressão nos juízes ao aprovar o uso de telões nos estádios, criando uma dor de cabeça extra para quem tem de julgar os lances. Além disso, a última rodada deve pegar fogo. Dos 32 times que estão na Copa, 27 chegaram a ela vivos, na luta pelas vagas na segunda fase.

ROBERTO DIAS
ENVIADO ESPECIAL A DAEGU

Quem sentiu na pele o tamanho da encrenca que os juízes têm encarado foi o suíço Urs Meier, em campo ontem em Daegu.
Escalado para apitar o jogo de alta voltagem entre Coréia do Sul e EUA, ele foi expulso do hotel em que estava pelos sul-coreanos.
Motivo: o time da casa foi impedido de ficar no mesmo lugar, mas não conseguiu porque o juiz da partida iria se hospedar lá. Quando os sul-coreanos descobriram que os americanos iriam dormir no hotel, pressionaram para que ele saísse.
No jogo, situações bisonhas foram criadas por causa dele.
Como a de os dois telões do estádio não exibirem o lance do pênalti que ele marcou a favor dos sul-coreanos, justamente quem dominava o estádio, só para não dar margem a questionamentos.
E claro que deu. Com moral de quem defendeu a cobrança e acabou eleito o melhor jogador da partida, o goleiro americano só precisou sair de campo para dar seu veredicto sobre o juiz: "Ele fez um bom trabalho hoje, porém eu vi o replay, e não foi pênalti. Mas a justiça foi feita".
O problema é que, se o que Friedel diz não muda a história, há quem fale mais alto na hora de acertar as contas com os juízes.
O brasileiro Ricardo Teixeira, vice-presidente da Comissão de Arbitragem da Fifa, por exemplo, chegou a dizer que "uma Copa também se ganha fora do campo" ao comentar a partida em que o sul-coreano Kim Young-joo marcou um pênalti inexistente a favor da seleção.
Quando a mão divina do árbitro pesa contra, resolve-se questioná-la. Aproveitando uma outra arma apontada contra os juízes nesta Copa -a possibilidade de anular cartões após as partidas, caso o vídeo mostre que eles foram injustos-, a seleção brasileira vai pedir que seja retirada uma advertência dada a Ronaldinho no jogo contra a China.
Do ponto de vista do torcedor, também há do que desgostar em relação às arbitragens desta Copa.
São os juízes que têm de carregar uma das grandes bandeiras deste Mundial, o combate à simulação dos jogadores.
Mas já no quarto dia de competição, Rivaldo desmoralizou o projeto ao fingir, com sucesso, que havia sido gravemente atingido por uma bolada.
Tanto que o uruguaio Dario Silva repetiu a dose de malandragem na partida com a França, sem ser repreendido.
A Fifa pede jogo limpo, mas o número de faltas por jogo vai aumentando pela segunda Copa consecutiva -está em 17,8, em média, por partida.
Querem também que a bola role cada vez mais, mas cada partida deste Mundial tem aproximadamente três minutos e meio a menos de jogo efetivo do que tinham os duelos de 1998.
Apesar de tudo, a Fifa não vê problemas. "É compreensível que enganos aconteçam. Mas em geral o nível da arbitragem está mais do que satisfatório", diz o porta-voz Keith Cooper.
Uma opinião que, no momento, não é lá muito popular entre os italianos, que não param de repetir que foram prejudicados no jogo contra a Croácia.
Algo que começa a tomar ares mais sólidos: ontem, a agência Reuters divulgou que o bandeirinha da partida reconheceu ter errado ao anular um gol de Vieri.
A pressão dos italianos não deve diminuir, e quem entra na linha de tiro agora é o brasileiro Carlos Eugênio Simon, único árbitro do país na Copa.
Ontem ele foi escalado para apitar o jogo decisivo dos italianos, contra o México. Será sua segunda atuação nesta Copa do Mundo. Na primeira, para manter a tradição do cargo, saiu vaiado de campo e ainda obrigou a Fifa a reconhecer que havia censurado o telão de sua partida para evitar pressão sobre ele da torcida após um lance duvidoso.



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