São Paulo, sexta-feira, 11 de junho de 2004

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ATLETISMO

Favorito ao ouro em Atenas, Olsson encara hoje o brasileiro, que está em ascensão e detém marca outdoor do ano

Sueco olha para si diante do melhor Jadel

LUÍS CURRO
EDITOR-ASSISTENTE DE ESPORTE

John Christian Bert Olsson.
Até o último domingo, ele era, e falava disso abertamente, o favorito disparado ao ouro olímpico no salto triplo em Atenas.
Domingo esse em que o brasileiro Jadel Gregório, no Troféu Brasil, em São Paulo, pulou como nunca antes para registrar 17,72 m ao aterrissar no tanque de areia do Ibirapuera. E, com a melhor marca de 2004 em competições outdoor (em estádios descobertos), mudar por inteiro o cenário.
A partir de hoje, na abertura da Liga de Ouro do atletismo, em Bergen (Noruega), o sueco testará diante do brasileiro seu predomínio na prova. Jadel, por sua vez, além de mostrar que o feito não foi um acaso, tem a missão de superar Olsson pela primeira vez e domar o egocentrismo do rival.
Antes do salto de Jadel, Olsson falou por e-mail à Folha e deixou transparecer claramente que seus olhos estão voltados exclusivamente para o próprio umbigo.
"Comecei a saltar quando tinha dez anos. Senti que esportes individuais eram muito melhores para mim do que os coletivos. Sabia que só dependeria de mim para atingir o sucesso", disse ele, que antes de optar pelo salto triplo tentou, com algum êxito, seguir carreira no salto em altura.
Questionado sobre as potencialidades e as deficiências de seus rivais, foi direto: "Não me preocupo com isso. É perda de tempo. Meu foco é em mim mesmo."
Olsson, nascido em Gotemburgo, também faz um cômputo de seus resultados. Pelos seus dados, não deixa escapar um ouro desde o Mundial de Edmonton (Canadá), em 2001, em torneios outdoor, e desde o Europeu de 2000, em Gent (Bélgica), em competições indoor (arenas cobertas).
Contactada ontem, a Iaaf (órgão que rege o atletismo) não comentou os dados do sueco, mas em informe no início de 2003 a entidade afirmara que, desde os Jogos de Sydney-2000, ele havia sido batido ao menos seis vezes pelo britânico Jonathan Edwards, atual recordista mundial outdoor, ídolo de Olsson e hoje aposentado.
Sobre seu favoritismo para Atenas, o sueco de 24 anos disse na entrevista que se sentia "o favorito neste momento" e, num raro lampejo de humildade, que não acreditava ser "imbatível".
"A temporada outdoor vai começar, tenho que ver a performance dos outros caras."
E um "outro cara", dois dias depois de Olsson ter marcado 17,61 m na Itália, saltou mais que ele.
Por meio do escritório de seu agente, Daniel Wessfeldt, a Folha questionou o atual campeão mundial outdoor e indoor do triplo sobre se Jadel, agora, faria frente a seu favoritismo na Olimpíada. A resposta não veio. No lugar, um recado: "Neste momento Christian quer estar totalmente concentrado nos treinos e nas competições e não aceitará mais perguntas. Só estará disponível nas entrevistas antes de cada torneio. Isso terá de ser suficiente".
Olsson também não quis falar sobre seu aspecto físico. Com 1,93 m e 75 kg, é comumente tachado de "magricela", o que parece não agradá-lo. Prefere "esbelto".
Com 28 kg a mais, Jadel (23 anos, 2,02 m, 103 kg) mostrou surpresa com seu salto de domingo -esperava 7,50 m. Sua meta é se manter acima dos 17 m, o que conseguiu neste ano sete vezes, como Olsson. A diferença é que o sueco já bateu a chamada "barreira de excelência" no triplo 163 vezes na carreira; o brasileiro, só 22.


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