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ATLETISMO
Favorito ao ouro em Atenas, Olsson encara hoje o brasileiro, que está em ascensão e detém marca outdoor do ano
Sueco olha para si diante do melhor Jadel
LUÍS CURRO
EDITOR-ASSISTENTE DE ESPORTE
John Christian Bert Olsson.
Até o último domingo, ele era, e
falava disso abertamente, o favorito disparado ao ouro olímpico
no salto triplo em Atenas.
Domingo esse em que o brasileiro Jadel Gregório, no Troféu
Brasil, em São Paulo, pulou como
nunca antes para registrar 17,72 m
ao aterrissar no tanque de areia
do Ibirapuera. E, com a melhor
marca de 2004 em competições
outdoor (em estádios descobertos), mudar por inteiro o cenário.
A partir de hoje, na abertura da
Liga de Ouro do atletismo, em
Bergen (Noruega), o sueco testará
diante do brasileiro seu predomínio na prova. Jadel, por sua vez,
além de mostrar que o feito não
foi um acaso, tem a missão de superar Olsson pela primeira vez e
domar o egocentrismo do rival.
Antes do salto de Jadel, Olsson
falou por e-mail à Folha e deixou
transparecer claramente que seus
olhos estão voltados exclusivamente para o próprio umbigo.
"Comecei a saltar quando tinha
dez anos. Senti que esportes individuais eram muito melhores para mim do que os coletivos. Sabia
que só dependeria de mim para
atingir o sucesso", disse ele, que
antes de optar pelo salto triplo
tentou, com algum êxito, seguir
carreira no salto em altura.
Questionado sobre as potencialidades e as deficiências de seus rivais, foi direto: "Não me preocupo com isso. É perda de tempo.
Meu foco é em mim mesmo."
Olsson, nascido em Gotemburgo, também faz um cômputo de
seus resultados. Pelos seus dados,
não deixa escapar um ouro desde
o Mundial de Edmonton (Canadá), em 2001, em torneios outdoor, e desde o Europeu de 2000,
em Gent (Bélgica), em competições indoor (arenas cobertas).
Contactada ontem, a Iaaf (órgão
que rege o atletismo) não comentou os dados do sueco, mas em informe no início de 2003 a entidade afirmara que, desde os Jogos de
Sydney-2000, ele havia sido batido ao menos seis vezes pelo britânico Jonathan Edwards, atual recordista mundial outdoor, ídolo
de Olsson e hoje aposentado.
Sobre seu favoritismo para Atenas, o sueco de 24 anos disse na
entrevista que se sentia "o favorito neste momento" e, num raro
lampejo de humildade, que não
acreditava ser "imbatível".
"A temporada outdoor vai começar, tenho que ver a performance dos outros caras."
E um "outro cara", dois dias depois de Olsson ter marcado 17,61
m na Itália, saltou mais que ele.
Por meio do escritório de seu
agente, Daniel Wessfeldt, a Folha
questionou o atual campeão
mundial outdoor e indoor do triplo sobre se Jadel, agora, faria
frente a seu favoritismo na Olimpíada. A resposta não veio. No lugar, um recado: "Neste momento
Christian quer estar totalmente
concentrado nos treinos e nas
competições e não aceitará mais
perguntas. Só estará disponível
nas entrevistas antes de cada torneio. Isso terá de ser suficiente".
Olsson também não quis falar
sobre seu aspecto físico. Com 1,93
m e 75 kg, é comumente tachado
de "magricela", o que parece não
agradá-lo. Prefere "esbelto".
Com 28 kg a mais, Jadel (23
anos, 2,02 m, 103 kg) mostrou
surpresa com seu salto de domingo -esperava 7,50 m. Sua meta é
se manter acima dos 17 m, o que
conseguiu neste ano sete vezes,
como Olsson. A diferença é que o
sueco já bateu a chamada "barreira de excelência" no triplo 163 vezes na carreira; o brasileiro, só 22.
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