São Paulo, domingo, 11 de junho de 2006

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Jogo é jogo, treino é treino

Titulares da seleção tiram o pé, reservas vencem por 3 a 0, e equipe que entrará em campo contra a Croácia sofre a primeira derrota em um coletivo na Europa

EDUARDO ARRUDA
PAULO COBOS
RICARDO PERRONE
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A KÖNIGSTEIN

O treinamento coletivo de ontem da seleção brasileira deixou no ar três questões que preocupam o técnico Carlos Alberto Parreira. A primeira, a situação física de Ronaldo. A segunda, a boa fase do reserva Juninho. A terceira, a exposição do sistema defensivo com o quarteto avançado da equipe.
Ontem, em pouco mais de 45 minutos de coletivo, os reservas, atuando em um 3-4-1-2, o mesmo esquema da Croácia, bateram facilmente os titulares por 3 a 0. Dois gols foram marcados por Juninho e o outro foi de Fred. Os 11 principais brasileiros, que anteontem haviam superado os suplentes pelo mesmo placar, não se empenharam muito em campo.
Parreira, que falou pouco e adiou a sua entrevista coletiva para hoje, não fez paralisações durante a atividade. Foi a primeira derrota dos titulares em um coletivo desde que iniciaram a preparação para a Copa do Mundo na Europa.
E o treinador não cansa de dizer que o time para o jogo contra a Croácia não corre risco algum de ser alterado.
Desta vez, ao contrário da maioria das atividades realizadas por Parreira até agora, o treino foi no gramado com as dimensões normais.
O atacante Ronaldo, que disse estar se sentindo bem após a febre que o tirou de um treino, pouco participou do coletivo. E, quando a bola chegou aos seus pés, não aconteceu nada. O mesmo pode ser dito de Kaká, Ronaldinho e Adriano, que tiveram baixa produção ofensiva.
É verdade que foi um treino, mas surpreendeu a facilidade com que os reservas atacaram a meta de Dida.
No primeiro gol, de Juninho, ele aproveitou falha de Roberto Carlos, driblou dois defensores e marcou de dentro da área.
No segundo, após cruzamento da esquerda para a direita, o meia acertou belo chute da entrada da área. O último gol, em nova jogada de cruzamento, saiu em conclusão de Fred.
Juninho, atuando como meia-direita, foi o destaque. O jogador, cuja presença na equipe titular foi pedida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é, após o corte de Edmílson, um dos favoritos para entrar, caso Parreira queira mudar o time.
Ele pode atuar como segundo volante, na vaga de Zé Roberto (o que seria a sua vontade), ou ocupar o lugar de um dos atacantes, se o treinador decidir alterar o esquema.
"Eu tenho treinado bastante e acho que tenho correspondido. Eu me garanto em qualquer posição do meio-campo", disse o jogador anteontem.
Ele citou, como dificuldade para ganhar posição no time, a diferença no modo de escalar jogadores no Brasil e na Europa, onde atua no Lyon.
"No Brasil, infelizmente, tem muito disso, o time-base. Na Europa, quando um jogador está mal, não importa quem seja, ele fica fora. No Brasil, o jogador é um pouco mais protegido e, às vezes, mesmo estando mal, ele joga uma temporada inteira", analisou Juninho.
Entre os reserva de Parreira, ele é praticamente o único que mostra disposição para jogar. E não é de hoje. Na Copa das Confederações do ano passado, mostrou claro desconforto por sua situação de reserva.


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