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Jogo é jogo, treino é treino
Titulares da seleção tiram o pé, reservas vencem por 3 a 0, e equipe que entrará em campo contra a Croácia sofre a primeira derrota em um coletivo na Europa
EDUARDO ARRUDA
PAULO COBOS
RICARDO PERRONE
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A KÖNIGSTEIN
O treinamento coletivo de
ontem da seleção brasileira deixou no ar três questões que
preocupam o técnico Carlos Alberto Parreira. A primeira, a situação física de Ronaldo. A segunda, a boa fase do reserva Juninho. A terceira, a exposição
do sistema defensivo com o
quarteto avançado da equipe.
Ontem, em pouco mais de 45
minutos de coletivo, os reservas, atuando em um 3-4-1-2, o
mesmo esquema da Croácia,
bateram facilmente os titulares
por 3 a 0. Dois gols foram marcados por Juninho e o outro foi
de Fred. Os 11 principais brasileiros, que anteontem haviam
superado os suplentes pelo
mesmo placar, não se empenharam muito em campo.
Parreira, que falou pouco e
adiou a sua entrevista coletiva
para hoje, não fez paralisações
durante a atividade. Foi a primeira derrota dos titulares em
um coletivo desde que iniciaram a preparação para a Copa
do Mundo na Europa.
E o treinador não cansa de dizer que o time para o jogo contra a Croácia não corre risco algum de ser alterado.
Desta vez, ao contrário da
maioria das atividades realizadas por Parreira até agora, o
treino foi no gramado com as
dimensões normais.
O atacante Ronaldo, que disse estar se sentindo bem após a
febre que o tirou de um treino,
pouco participou do coletivo. E,
quando a bola chegou aos seus
pés, não aconteceu nada. O
mesmo pode
ser dito de Kaká, Ronaldinho
e Adriano, que
tiveram baixa
produção
ofensiva.
É verdade
que foi um
treino, mas surpreendeu a facilidade com que os reservas atacaram a meta de Dida.
No primeiro gol, de Juninho,
ele aproveitou falha de Roberto
Carlos, driblou dois defensores
e marcou de dentro da área.
No segundo, após cruzamento da esquerda para a direita, o
meia acertou belo chute da entrada da área. O último gol, em
nova jogada de cruzamento,
saiu em conclusão de Fred.
Juninho, atuando como
meia-direita, foi o destaque. O
jogador, cuja presença na equipe titular foi pedida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
é, após o corte de Edmílson, um
dos favoritos para entrar, caso
Parreira queira mudar o time.
Ele pode atuar como segundo volante, na vaga de Zé Roberto (o que seria a sua vontade), ou ocupar o lugar de um
dos atacantes, se o treinador
decidir alterar o esquema.
"Eu tenho treinado bastante
e acho que tenho correspondido. Eu me garanto em qualquer
posição do meio-campo", disse
o jogador anteontem.
Ele citou, como dificuldade
para ganhar posição no time, a
diferença no modo de escalar
jogadores no Brasil e na Europa, onde atua no Lyon.
"No Brasil, infelizmente, tem
muito disso, o time-base. Na
Europa, quando um jogador está mal, não importa quem seja,
ele fica fora. No Brasil, o jogador é um pouco mais protegido
e, às vezes, mesmo estando mal,
ele joga uma temporada inteira", analisou Juninho.
Entre os reserva de Parreira,
ele é praticamente o único que
mostra disposição para jogar. E
não é de hoje. Na Copa das Confederações do ano passado,
mostrou claro desconforto por
sua situação de reserva.
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