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Croácia tem "feirão de patrocínios"
Contrato com 20 empresas, a maioria delas nacionais, faz federação croata arrecadar cerca de R$ 15 milhões anuais
Entre os parceiros, há uma
petrolífera, produtores de
salgadinhos e cervejaria
que pertence à AmBev, uma
das patrocinadoras da CBF
FÁBIO VICTOR
ENVIADO ESPECIAL A BAD BRÜCKENAU
A sala de entrevistas da seleção croata em Bad Brückenau
parece um mercadinho. Nas cadeiras, sacos de batatas fritas
Cipi Cips e pacotes de biscoitos
Napolitanke de limão e laranja
aguardam os jornalistas. Há
dois freezers: um horizontal,
cheio de sorvetes Ledo, outro
vertical, com cerveja Ozujsko,
vinhos Ilocki Podrumi e Istravino e água mineral Jamnica.
Todas as marcas são de patrocinadores da federação do
país, que transformou o time
num loteamento raramente
visto entre participantes de Copa do Mundo. A Croácia tem 20
parceiros, quase todos nacionais, que vendem de roupas de
noite a passagens de ônibus, de
sementes a seguros.
As exceções são as estrangeiras Nike, Ford e DHL, empresa
de correio aéreo expresso. A
cervejaria Ozujsko pode estar
em um ou outro grupo, pois a
marca é croata, mas foi adquirida pela gigante InBev, formada
pela fusão da brasileira AmBev
com a belga Interbrew. A Ina
expandiu sua atuação em outros países do Leste Europeu.
Ao lado da Nike, a multinacional de bebidas é a única interseção nessa área entre Brasil
e Croácia, que jogam depois
amanhã, em Berlim, na estréia
de ambos no Grupo F da Copa.
O contraste entre as duas
realidades é imenso. Em primeiro lugar, porque a Confederação Brasileira de Futebol
possui apenas quatro patrocinadores: Nike, AmBev (ou InBev), Vivo e Varig, que entra
com o transporte aéreo. Com
exceção da Varig, as demais são
multinacionais ou empresas
controladas por estrangeiros.
Nike, AmBev e Vivo repassaram no ano passado à CBF cerca de R$ 62,9 milhões, quase
cinco vezes mais do que recebem os croatas. Questionada
sobre os valores dos contratos,
a federação da Croácia disse
que o tema é confidencial.
Estimativas feitas por jornalistas do país apontam que o total equivale a cerca de R$ 15 milhões anuais. A petrolífera Ina
(aproximadamente R$ 14 milhões distribuídos em três
anos), com maior parte do capital estatal, e a cerveja Ozujsko e
o banco Privredna (cerca de R$
1,5 milhão por ano cada uma)
são as que pagam mais.
Pelo menos durante a preparação do time na Alemanha,
quem mais aparece é a cerveja.
Na mesa onde o técnico Zlatko
Kranjcar e os jogadores se sentam para dar entrevistas coletivas, há várias latas e garrafas da
bebida espalhadas. O treinador
só tem aparecido nos encontros com os repórteres com um
broche da Ozujsko na camisa.
No campo de treino, é a logomarca do produto, nas mesmas
cores da bandeira croata (vermelho e branco), que sobressai
entre as placas publicitárias.
De acordo com a mídia croata, o "feirão de patrocinadores"
não é uma situação que agrade
à federação do país, que gostaria de ter menos parceiros, mas
com maior poderio econômico.
A esperança dos dirigentes é
que a Croácia consiga entrar logo na União Européia, já que é
uma das nações balcânicas na
lista de espera para virarem sócias do bloco econômico.
A federação croata avalia que
a ausência de barreiras econômicas atrairia multinacionais
que hoje ainda resistem em investir na região.
Colaborou RODRIGO MATTOS ,
da Reportagem Local
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