São Paulo, domingo, 11 de julho de 2004

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"Em casa", Ricardinho faz ex-time sucumbir no final

Eduardo Knapp/Folha Imagem
Em cobrança de falta, Ricardinho coloca a bola no ângulo de Rogério e leva ao delírio os santistas na Vila Belmiro

EDUARDO ARRUDA
ENVIADO ESPECIAL A SANTOS

FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

Em sua nova casa, o meia Ricardinho, 27, se consagrou ontem contra o clube que se tornou seu maior inimigo no futebol.
Uma bela cobrança de falta do jogador, no ângulo, aos 47min do segundo tempo, deu a sexta vitória seguida ao Santos no Brasileiro e derrubou o São Paulo, sua ex-equipe. O segundo gol do triunfo por 2 a 1 foi o primeiro de Ricardinho no Santos, que chegou a 25 pontos e ultrapassou o rival por um ponto na classificação. O Palmeiras, que empatou com o Atlético-PR, continua líder.
"Eu estou muito feliz com esse time. Encontrei uma casa", repetia o jogador enquanto a torcida santista gritava seu nome.
A vitória reviveu os conflitos vividos pelos clubes desde 2002, quando a equipe da Vila eliminou o adversário no Nacional. Desde então, os duelos no gramado se transformaram em troca de insultos entre cartolas e disputa por poder, dinheiro e atletas.
A transferência de Ricardinho para o Santos é um capítulo especial nessa briga. O meia, que deixou o São Paulo em janeiro, chegou ao Santos em maio a contragosto dos dirigentes do Morumbi, que consideraram a contratação dele uma provocação santista.
Ricardinho chegou ao São Paulo com status de pentacampeão e teve passagem apagada. Ao sair, aceitou em seu distrato cláusula de não-concorrência imposta pelo São Paulo em que seria obrigado a pagar R$ 2 milhões caso defendesse uma equipe brasileira antes de janeiro de 2005. Hoje, está em litígio com o São Paulo.
"Ele dizia que estava em casa quando jogava aqui. Agora ele pode pegar o bicho que vai ganhar por essa vitória e juntar para pagar os R$ 2 milhões que nos deve", disse o vice de futebol são-paulino, Juvenal Juvêncio.
Ontem, Ricardinho, que no Corinthians havia eliminado seu atual clube do Estadual de 2001 também com um gol nos últimos minutos, foi um dos atletas mais eficientes em campo.
Segundo o Datafolha, o meia foi quem mais acertou passes no jogo, 53, com acerto de 89%. A cobrança de falta foi sua única finalização. "Acho que comecei a pagar essa dívida com a torcida", disse ele, que teve dificuldade para jogar na primeira etapa por causa da retranca do São Paulo.
Cuca pôs os volantes Alê, 18, e Renan,18, na cola de Robinho e Elano. O estreante César Sampaio não desgrudava de Ricardinho.
Foi numa jogada área, sua maior aposta para o clássico, que o time da capital abriu o placar. Vélber cruzou para Danilo, de cabeça, fazer 1 a 0, aos 25min.
O controle são-paulino foi interrompido por um vacilo dos garotos do time. Elano lançou Robinho, que ganhou fácil de Alê na velocidade e cruzou para Deivid empatar, aos 34min. A partir daí, os santistas passaram a dominar.
O jogo mudou quando Basílio entrou em campo no lugar de Preto Casagrande, no segundo tempo. Em duas jogadas, ele recebeu faltas de Fabão, que acabou expulso. Revoltados, os são-paulinos cercaram o árbitro Luís Marcelo Cansian. Depois, começaram a bater boca com os santistas. Um morteiro foi atirado em campo pela torcida do Santos e quase atingiu o lateral Gabriel -o locutor do estádio, porém, pediu para a torcida são-paulina não atirar bombas no campo.
Com um a menos, Cuca tirou Vélber e colocou outro novato, o zagueiro Flávio, 20. Luxemburgo, então, substituiu Bóvio por Marcinho. O Santos pressionou até o fim e teve um pênalti de Danilo em Basílio não marcado antes do gol que coroou Ricardinho.


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