São Paulo, quarta-feira, 11 de julho de 2007

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Frente fria

Ameaça de virada brusca do clima no Rio pode fazer plano do Brasil de ser o dono da primeira medalha de ouro do Pan-Americano ir por água abaixo

MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL AO RIO

Dirigentes e atletas estão de olho na previsão do tempo para o sábado no Rio de Janeiro. O tempo definirá as condições que os competidores enfrentarão na maratona aquática. E poderá também fazer ruir os planos dos cartolas de pendurarem no pescoço de Poliana Okimoto a primeira medalha de ouro entregue no Pan.
A largada feminina está marcada para as 9h. Os homens cairiam na água antes, mas, a pedido do presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos, Coaracy Nunes Filho, o programa foi invertido. Assim, Poliana, 24, duas vezes vice-campeã mundial, ficou cotada para ser a primeira brasileira a ir ao pódio no Pan. Segundo Coaracy, o cenário teria até a presença do presidente Lula, escalado para entregar o ouro ao primeiro brasileiro que subir ao degrau mais alto do pódio no Pan. "Vai ser ótimo para a imagem no nosso patrocinador", diz o cartola.
Durante esta semana, no entanto, a ameaça da entrada de uma frente fria na sexta-feira fez os dirigentes cogitarem até uma mudança no programa. "Estamos preparados para condições adversas, mas no limite da segurança. É uma decisão complicada", diz Cristiane Fanzeres, supervisora de maratonas aquáticas da CBDA. Ontem à tarde, ela foi ao Posto 6, em Copacabana, local da largada. O mar, mexido durante a manhã, estava mais calmo.
Poliana também foi à praia, cedo. Treinou normalmente, mas sentiu mais dificuldade para cumprir suas braçadas. A nadadora não se mostra muito à vontade com os novos holofotes e rejeita o rótulo de favorita, mas revela que não sofre com a pressão pré-Pan. "Ganhei meu primeiro Troféu Brasil aos 14 anos, quando você nem sabe o que está acontecendo. Ganhei das meninas em que me espelhava. Aprendi desde cedo a lidar com essa cobrança de ser uma promessa", afirma a nadadora, que também atuará nos 800 m.
"Meus pais me ajudaram muito com a lidar com essa parte psicológica", completa ela. Uma mudança brusca no tempo pode até não ameaçar a segurança de Poliana, mas oferecer riscos aos barcos que acompanham os competidores. Nesse caso, até a Capitania dos Portos pode fechar a baía e adiar a competição.
"Mas não temos condições de ter previsões precisas com tanta antecedência. Além disso, a prova é nova, estamos praticamente criando o protocolo olímpico", disse Cristiane. A maratona aquática entrou no programa da Olimpíada em 2005 e vai fazer sua estréia em Pequim-2008. Suas regras ainda estão sendo consolidadas.
Em março, durante o Mundial da Austrália, por exemplo, a prova de 25 km feminina foi interrompida por causa da mudança repentina no tempo. Assim, o Brasil pode descobrir só no dia da disputa que sua primeira medalha não deve sair no mar, mas sim na pista.


Colaborou RODRIGO MATTOS, enviado especial ao Rio


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