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Frente fria
Ameaça de virada brusca do clima no Rio pode fazer plano do Brasil de ser o dono da primeira medalha de ouro do Pan-Americano ir por água abaixo
MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL AO RIO
Dirigentes e atletas estão de
olho na previsão do tempo para
o sábado no Rio de Janeiro.
O tempo definirá as condições que os competidores enfrentarão na maratona aquática. E poderá também fazer ruir
os planos dos cartolas de pendurarem no pescoço de Poliana
Okimoto a primeira medalha
de ouro entregue no Pan.
A largada feminina está marcada para as 9h. Os homens cairiam na água antes, mas, a pedido do presidente da Confederação Brasileira de Desportos
Aquáticos, Coaracy Nunes Filho, o programa foi invertido.
Assim, Poliana, 24, duas vezes vice-campeã mundial, ficou
cotada para ser a primeira brasileira a ir ao pódio no Pan.
Segundo Coaracy, o cenário
teria até a presença do presidente Lula, escalado para entregar o ouro ao primeiro brasileiro que subir ao degrau mais
alto do pódio no Pan. "Vai ser
ótimo para a imagem no nosso
patrocinador", diz o cartola.
Durante esta semana, no entanto, a ameaça da entrada de
uma frente fria na sexta-feira
fez os dirigentes cogitarem até
uma mudança no programa.
"Estamos preparados para
condições adversas, mas no limite da segurança. É uma decisão complicada", diz Cristiane
Fanzeres, supervisora de maratonas aquáticas da CBDA.
Ontem à tarde, ela foi ao Posto 6, em Copacabana, local da
largada. O mar, mexido durante
a manhã, estava mais calmo.
Poliana também foi à praia,
cedo. Treinou normalmente,
mas sentiu mais dificuldade para cumprir suas braçadas.
A nadadora não se mostra
muito à vontade com os novos
holofotes e rejeita o rótulo de
favorita, mas revela que não sofre com a pressão pré-Pan.
"Ganhei meu primeiro Troféu Brasil aos 14 anos, quando
você nem sabe o que está acontecendo. Ganhei das meninas
em que me espelhava. Aprendi
desde cedo a lidar com essa cobrança de ser uma promessa",
afirma a nadadora, que também atuará nos 800 m.
"Meus pais me ajudaram
muito com a lidar com essa parte psicológica", completa ela.
Uma mudança brusca no
tempo pode até não ameaçar a
segurança de Poliana, mas oferecer riscos aos barcos que
acompanham os competidores.
Nesse caso, até a Capitania dos
Portos pode fechar a baía e
adiar a competição.
"Mas não temos condições
de ter previsões precisas com
tanta antecedência. Além disso,
a prova é nova, estamos praticamente criando o protocolo
olímpico", disse Cristiane.
A maratona aquática entrou
no programa da Olimpíada em
2005 e vai fazer sua estréia em
Pequim-2008. Suas regras ainda estão sendo consolidadas.
Em março, durante o Mundial da Austrália, por exemplo,
a prova de 25 km feminina foi
interrompida por causa da mudança repentina no tempo.
Assim, o Brasil pode descobrir só no dia da disputa que
sua primeira medalha não deve
sair no mar, mas sim na pista.
Colaborou RODRIGO MATTOS,
enviado especial ao Rio
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