São Paulo, domingo, 11 de julho de 2010

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Eles jogam

Final da Copa da África do Sul faz hoje tira-teima entre toque refinado da Espanha e eficiênciada holanda em jogo que definirá campeão inédito

Holanda x Espanha
Johannesburgo, às 15h30, abriga a decisão da 1ª Copa na África

FÁBIO ZANINI
DE JOHANNESBURGO
MARTÍN FERNANDEZ
PAULO COBOS
RODRIGO MATTOS

ENVIADOS ESPECIAIS A JOHANNESBURGO

A Espanha é o que o Brasil já foi. A Holanda, o que o time de Dunga queria ser. A final da 19ª Copa do Mundo, hoje, às 15h30, em Johannesburgo, vai matar de inveja a tradição ou o último sonho do futebol brasileiro.
Além de apontar o oitavo país a fazer parte do exclusivo clube dos campeões mundiais, o duelo na África do Sul será um tira-teima entre duas maneiras de jogar o mais popular dos esportes. A primeira, a espanhola, é a do "jogo bonito", que quase sempre teve o Brasil como principal expoente.
A segunda é a cirúrgica Holanda, que, como o técnico Dunga, faz até jogadores refinados, como o atacante Robben, dizerem que o importante é ganhar, não jogar um futebol que encante.
Os espanhóis são os que mais trocam passes e com o maior índice de acerto do Mundial sul-africano. Também são avessos à violência, tanto que somam apenas três cartões amarelos em seis jogos. No lugar de brucutus, têm jogadores leves e habilidosos no meio-campo.
Na Holanda, a fantasia fica em segundo plano. O time não toca tanto a bola e tem como arma ofensiva os chutes de longe -anotou cinco gols de fora da área. E é uma equipe que marca bem e não se desespera quando sai atrás, como ocorreu contra o Brasil, nas quartas de final.
Durante esta Copa, a escolha holandesa deu mais resultados. O time é o único com 100% de aproveitamento e ainda tem o segundo melhor ataque, com 12 gols. Na Espanha, que perdeu na estreia para a retranqueira Suíça, a beleza do toque de bola não se traduziu na artilharia nesta competição.
O time ibérico fez apenas sete gols. A média de 1,17 por partida é a terceira pior de um finalista de Copas.
Os estilo das duas equipes deixou dividido o maior ídolo holandês, Johan Cruyff. Ele fez críticas ao time de seu país e se disse mais próximo do futebol espanhol, o qual ajudou a desenvolver a partir de trabalho no Barcelona.
O confronto de hoje também vai acabar com a fama de eterno perdedor de um dos finalistas do Mundial. A Holanda até que chegou perto, com os vice-campeonatos de 1974 e 1978, quando, ao contrário do estilo pragmático da equipe de hoje, praticava um futebol revolucionário, especialmente no Mundial da Alemanha.
Muitas vezes com jogadores badalados, mas sem um conjunto como agora, a seleção espanhola foi até hoje sinônimo de fracasso nos Mundiais. Antes de 2010, o mais perto que a Espanha havia chegado da taça havia sido um quarto lugar, em 1950.
O título de hoje fará justiça ao bom futebol dos dois finalistas. Se for a Espanha, premiará o time atual. Se for a Holanda, será também tributo às equipes do passado.


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