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Baixinho folgado
"Fora do padrão" em seu país, por medir só 1,70m, Sneijder, que fez até gol de cabeça nesta Copa, exibe um ego gigantesco
DOS ENVIADOS A JOHANNESBURGO
A figura do baixinho folgado é perfeita para definir
Wesley Sneijder, 26, o artilheiro da Holanda na Copa e
a principal esperança de sua
seleção na decisão de hoje.
Com 1,70 m, ele nem parece ser do país com a população mais alta do mundo. Em
média, os homens holandeses adultos têm 1,85 m.
No futebol, a seleção laranja também sempre teve
heróis grandalhões.
Entre seus principais craques, o mais "baixinho" era
Johan Cruyff, que ainda assim tem 10 cm a mais do que
Sneijder. O trio formado por
Rijkaard, Van Basten e Gullit
variava entre 1,86 m e 1,90 m.
Nanico para os padrões
atuais do futebol da elite,
Sneijder foi capaz até de marcar um gol de cabeça diante
da alta zaga brasileira, um
dos cinco tentos que fez na
Copa (divide a artilharia do
Mundial com o espanhol
Villa, com o alemão Müller e
com o uruguaio Forlán).
Mas o que o encaixa no
perfil de baixinho folgado é o
seu imenso ego, o que já gerou uma série de atos de indisciplina e o temor de que
sua personalidade pudesse
minar o ambiente da seleção
holandesa no Mundial.
Desde que começou no futebol profissional, no Ajax,
Sneijder mostrou desrespeito
à hierarquia e teve seguidos
atritos com companheiros.
Quanto tinha apenas 19
anos e já fazia alguns jogos
como titular, ele foi colocado
no banco pelo ex-zagueiro
Ronald Koeman, então técnico do time de Amsterdã.
Sneijder entrou no segundo tempo desse jogo e marcou um gol. Correu então para o banco e começou a xingar um incrédulo Koeman.
Aos 23 anos, revoltou-se
quando o Ajax não aceitou
uma proposta do espanhol
Valencia por ele. Como represália, afirmou que não iria
para nenhum outro lugar.
Depois, mudou de ideia e foi
para o Real Madrid. Hoje, defende a Inter de Milão.
O gênio forte do talentoso
meia também causou problemas na seleção. O caso mais
famoso aconteceu na Eurocopa de 2008, quando ele e
Van Persie discutiram para
ver quem cobraria uma falta.
Van Persie bateu e errou.
A rixa entre os jogadores
durou meses, com ataque de
Sneijder ao companheiro até
por meio de seu site pessoal.
Meses antes do Mundial,
outro episódio trouxe à tona
a discussão sobre se o meia
deveria ser convocado.
Em um encontro do time,
Sneijder foi flagrado em uma
conversa com o então goleiro
reserva Piet Velthuizen em
que desfilou arrogância. Perguntou quanto o colega ganhava. Velthuizen respondeu que recebia 400 mil por
ano. Sneijder retrucou que
era pouco e que ele ganhava
20 vezes mais que isso.
Ontem, no rápido treino
que a Holanda fez no Soccer
City, foi possível ter mais
uma amostra do temperamento do camisa 10. A cada
passe que não conseguia dominar, reclamava de forma
espalhafatosa, gesticulava e
abria os braços, mesmo
quando o erro era dele.
(MARTÍN FERNANDEZ E PAULO COBOS)
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