São Paulo, domingo, 11 de julho de 2010

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Espanha luta para conter seus nervos

Natureza volúvel faz Fúria oscilar entre otimismo e medo do fracasso

DE JOHANNESBURGO
DO ENVIADO A JOHANNESBURGO

Predominava só o barulho do vento nas arquibancadas do Soccer City no último treino da Espanha antes da final. Os jogadores cruzavam os braços enquanto ouviam, em silêncio, o técnico. Ou treinavam sob as palmas do preparador físico. Bem diferente dos gritos, reclamações e brincadeiras em voz alta da movimentação holandesa, cerca de uma hora antes.
Esse contraste mostra a concentração e a tensão espanhola para a decisão. "Estou tranquilo. Já passou a euforia da classificação à final. A partir daí, estamos conscientes. É mais fácil para o treinador trabalhar a mentalidade do jogador. Tem muita influência de fora", afirmou o técnico espanhol, Vicente del Bosque.
Há uma atenção na Espanha em relação a fatores emocionais porque esses têm peso considerável nos resultados do time, como admitem jogadores e treinador. Ao chegar à África, o time ibérico sentia-se confiante pela vitória na Eurocopa-2008. A autoestima espanhola, porém, abala-se facilmente. Foi unânime na equipe a análise de que a derrota para a Suíça, na estreia, afetou toda a forma de atuar na Copa.
"Era impensável a derrota diante da Suíça. Vieram dúvidas diante de Honduras e Chile. Com sofrimento, conseguimos superar Portugal e Paraguai", disse o goleiro Casillas durante a semana. Ontem, ele admitiu certo nervosismo na véspera da final. De fato, apesar de dominar a maioria dos jogos, os espanhóis não transformaram isso em muitos gols. Seus jogadores finalizaram 103 vezes na Copa -os que mais concluíram-, mas foram só sete gols em seis apresentações.
Para a final, a vantagem espanhola é que o triunfo sobre a Alemanha gerou uma grande onda de otimismo. A partir daí, passaram a ser considerados favoritos para a decisão, embora minimizem essa condição. Até o fato de o polvo Paul ter escolhido a Espanha como campeã foi visto como positivo.
Mas há, óbvio, um outro fator negativo sob o ponto de vista emocional: a falta de títulos da Espanha em Copas. Questionado por torcedores em um bate-papo na internet a respeito do porquê de o time nunca ter vencido a competição, Del Bosque não soube explicar. "Não acho que seja algo racional. É um mistério", afirmou ele. (FÁBIO ZANINI E RODRIGO MATTOS)


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