São Paulo, domingo, 11 de julho de 2010

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"Futebol não é o mais importante"

Treinador Oscar Tabárez rejeita uso político da seleção no Uruguai e pede atenção ao social

DO ENVIADO A PORT ELIZABETH

O técnico do Uruguai, Oscar Tabárez, será recebido com honras pelo presidente José Mujica na volta ao país, assim como os jogadores que obtiveram ontem a quarta colocação na Copa de 2010.
Mas ele já deixou claro que não concorda com o uso político da seleção e defende que as prioridades do país de cerca de 3,5 milhões de habitantes (o segundo menor a jogar o Mundial, atrás da Eslovênia) sejam as causas sociais, não um time de futebol.
"O futebol é uma coisa importante no Uruguai, mas não é a mais importante. Para mim, a educação e a saúde são as coisas fundamentais de um país", disse Tabárez.
"A seleção uruguaia não pode manter sua estrutura com ajuda do Estado. Creio que a seleção é autossustentável. Podem fazer uma série de coisas, organizando-se de outra maneira", prosseguiu.
Tabárez, que deve estender seu contrato como técnico da seleção até 2014, ano da segunda Copa no Brasil, criticou a ausência de uma política esportiva no país.
"Não quero entrar em polêmica, não sou dirigente, mas tenho minha opinião. Não estou de acordo que deem prioridade ao futebol num país que não tem política de esporte. Existem coisas mais importantes, reitero."
Bastante popular no país, o Maestro negou que irá exercer alguma função que não seja a de técnico da seleção.
"Sou treinador de futebol. O que eu faço no futebol decido eu. Ou eu sou técnico ou não trabalho", afirmou Tabárez, que diz ainda não ter recebido uma proposta oficial da federação uruguaia para prosseguir comandando a equipe -isso se deve porque no fim do mês haverá troca na cúpula da entidade.
"De 1990 a 2006, as duas vezes em que estive na seleção, não trabalhei no meu país. Prefiro estar em silêncio e deixar que as coisas aconteçam. Ficamos quatro anos na seleção e demonstramos o que queríamos", disse ele, que cobra mais estrutura e condições de trabalho.

DE IGUAL PARA IGUAL
Ele falou com orgulho da campanha uruguaia. Para Tabárez, ficou demonstrado que a equipe pode jogar de igual para igual com qualquer time, como contra a Alemanha. "A disputa de terceiro lugar foi jogada para valer, com os times se alternando no controle da partida."
Segundo Tabárez, o Uruguai poderia ter ganhado tanto de Holanda quanto de Alemanha. "Como sempre, quem foi mais efetivo e cometeu menos erros ganhou. Perdemos, mas poderíamos ter ganhado. [Eles] Não foram superiores ao Uruguai."
A Celeste, porém, continua sem vencer a Alemanha na história -são sete triunfos alemães e dois empates.
A delegação voltará amanhã ao Uruguai, e torcedores preparam festa para celebrar a campanha marcante na Copa-2010. (RODRIGO BUENO)


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