|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Futebol não é o mais importante"
Treinador Oscar Tabárez rejeita uso político da seleção no Uruguai e pede atenção ao social
DO ENVIADO A PORT ELIZABETH
O técnico do Uruguai, Oscar Tabárez, será recebido
com honras pelo presidente
José Mujica na volta ao país,
assim como os jogadores que
obtiveram ontem a quarta colocação na Copa de 2010.
Mas ele já deixou claro que
não concorda com o uso político da seleção e defende que
as prioridades do país de cerca de 3,5 milhões de habitantes (o segundo menor a jogar
o Mundial, atrás da Eslovênia) sejam as causas sociais,
não um time de futebol.
"O futebol é uma coisa importante no Uruguai, mas
não é a mais importante. Para mim, a educação e a saúde
são as coisas fundamentais
de um país", disse Tabárez.
"A seleção uruguaia não
pode manter sua estrutura
com ajuda do Estado. Creio
que a seleção é autossustentável. Podem fazer uma série
de coisas, organizando-se de
outra maneira", prosseguiu.
Tabárez, que deve estender seu contrato como técnico da seleção até 2014, ano
da segunda Copa no Brasil,
criticou a ausência de uma
política esportiva no país.
"Não quero entrar em polêmica, não sou dirigente,
mas tenho minha opinião.
Não estou de acordo que
deem prioridade ao futebol
num país que não tem política de esporte. Existem coisas
mais importantes, reitero."
Bastante popular no país,
o Maestro negou que irá exercer alguma função que não
seja a de técnico da seleção.
"Sou treinador de futebol.
O que eu faço no futebol decido eu. Ou eu sou técnico ou
não trabalho", afirmou Tabárez, que diz ainda não ter recebido uma proposta oficial
da federação uruguaia para
prosseguir comandando a
equipe -isso se deve porque
no fim do mês haverá troca
na cúpula da entidade.
"De 1990 a 2006, as duas
vezes em que estive na seleção, não trabalhei no meu
país. Prefiro estar em silêncio
e deixar que as coisas aconteçam. Ficamos quatro anos na
seleção e demonstramos o
que queríamos", disse ele,
que cobra mais estrutura e
condições de trabalho.
DE IGUAL PARA IGUAL
Ele falou com orgulho da
campanha uruguaia. Para
Tabárez, ficou demonstrado
que a equipe pode jogar de
igual para igual com qualquer time, como contra a Alemanha. "A disputa de terceiro lugar foi jogada para valer,
com os times se alternando
no controle da partida."
Segundo Tabárez, o Uruguai poderia ter ganhado
tanto de Holanda quanto de
Alemanha. "Como sempre,
quem foi mais efetivo e cometeu menos erros ganhou. Perdemos, mas poderíamos ter
ganhado. [Eles] Não foram
superiores ao Uruguai."
A Celeste, porém, continua sem vencer a Alemanha
na história -são sete triunfos
alemães e dois empates.
A delegação voltará amanhã ao Uruguai, e torcedores
preparam festa para celebrar
a campanha marcante na Copa-2010.
(RODRIGO BUENO)
Texto Anterior: Xico Sá: Bicharada mística Próximo Texto: Paraguai terá mais dinheiro para futebol Índice
|