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Copa de 2010 deixa legados para o Brasil
Estádios agradam, mas sua vida útil após o torneio preocupa para 2014
Ricardo Stckert/France Presse
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Lula bate bola durante encontro com a Fifa em Pretória
DE JOHANNESBURGO
De alvo de especulação sobre "plano B" a "plano B" ela
mesma em futuras edições
da Copa. Assim o secretário-
-geral da Fifa, Jérôme Valcke,
definiu a África do Sul há
duas semanas, para a alegria
do diretor do comitê organizador, Danny Jordaan.
O afago no ego sul-africano veio como demonstração
de que a Fifa considera um
retumbante (e surpreendente) sucesso a organização do
Mundial, mas por trás das
gentis palavras há acertos e
desacertos evidentes. Ficam
como lição para o Brasil.
A Copa deixa excelentes
estádios, apesar de problemas em gramados como os
de Port Elizabeth e Pretória,
que não puderam receber
treinos de algumas seleções.
A dúvida é o que fazer com
esses elefantes brancos.
Como encher os estádios
de Polokwane e Nelspruit, cidades sem times de expressão, é a pergunta que será repetida em 2014, por exemplo,
em Manaus e Cuiabá.
O transporte não foi o desastre temido, mas esse é o
elogio máximo a ser feito.
Congestionamentos ocorreram no jogo de abertura,
em Johannesburgo, e em cidades não servidas por autoestradas modernas.
O novo sistema de corredores de ônibus (Rea Vaya)
funcionou a contento, porém
os usuários sofreram com
veículos lotados e frequência
deles aquém da desejada.
Os aeroportos, uma opção
insubstituível para um país
de grandes dimensões, não
entraram em colapso, com
exceção do engarrafamento
aéreo visto em Durban na última quarta, que impediu
centenas de torcedores de assistir Alemanha x Espanha.
No Brasil, o caos aéreo é
das maiores preocupações.
O fornecimento de energia
elétrica funcionou bem. O
único incidente foi um apagão horas antes da estreia do
Brasil contra a Coreia do Norte, em Johannesburgo.
A melhor surpresa foi a da
segurança. A estratégia de
criar uma "bolha" no entorno de estádios e em pontos
turísticos deu certo e pode
ser copiada pelo Brasil.
Cerca de 44 mil policiais
dedicaram-se unicamente ao
Mundial, visíveis em aeroportos, arenas e avenidas.
"Provamos que este país
não é diferente dos outros
quanto à segurança. Havia
uma percepção e agora há a
realidade. Muita gente pediu
desculpas", disse Jordaan.
Uma lição que a Fifa leva
da África para o Brasil é a de
como é difícil tratar uma nação com renda média e grandes desigualdades sociais como se fosse um país europeu.
Até o penúltimo mês antes
da Copa, a procura por ingresso era fraca entre os sul-
-africanos devido a poucos
postos de venda, à confiança
na internet e a preços salgados. A Fifa até fez mea-culpa.
Na economia, só 130 mil
empregos foram criados. E a
Fifa não contou com o inverno africano. Os Fan Parks,
exceto em Durban, tiveram
pouco público.
(FÁBIO ZANINI)
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