São Paulo, domingo, 11 de julho de 2010

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Copa de 2010 deixa legados para o Brasil

Estádios agradam, mas sua vida útil após o torneio preocupa para 2014

Ricardo Stckert/France Presse
Lula bate bola durante encontro com a Fifa em Pretória

DE JOHANNESBURGO

De alvo de especulação sobre "plano B" a "plano B" ela mesma em futuras edições da Copa. Assim o secretário- -geral da Fifa, Jérôme Valcke, definiu a África do Sul há duas semanas, para a alegria do diretor do comitê organizador, Danny Jordaan.
O afago no ego sul-africano veio como demonstração de que a Fifa considera um retumbante (e surpreendente) sucesso a organização do Mundial, mas por trás das gentis palavras há acertos e desacertos evidentes. Ficam como lição para o Brasil.
A Copa deixa excelentes estádios, apesar de problemas em gramados como os de Port Elizabeth e Pretória, que não puderam receber treinos de algumas seleções.
A dúvida é o que fazer com esses elefantes brancos.
Como encher os estádios de Polokwane e Nelspruit, cidades sem times de expressão, é a pergunta que será repetida em 2014, por exemplo, em Manaus e Cuiabá.
O transporte não foi o desastre temido, mas esse é o elogio máximo a ser feito.
Congestionamentos ocorreram no jogo de abertura, em Johannesburgo, e em cidades não servidas por autoestradas modernas.
O novo sistema de corredores de ônibus (Rea Vaya) funcionou a contento, porém os usuários sofreram com veículos lotados e frequência deles aquém da desejada.
Os aeroportos, uma opção insubstituível para um país de grandes dimensões, não entraram em colapso, com exceção do engarrafamento aéreo visto em Durban na última quarta, que impediu centenas de torcedores de assistir Alemanha x Espanha.
No Brasil, o caos aéreo é das maiores preocupações.
O fornecimento de energia elétrica funcionou bem. O único incidente foi um apagão horas antes da estreia do Brasil contra a Coreia do Norte, em Johannesburgo.
A melhor surpresa foi a da segurança. A estratégia de criar uma "bolha" no entorno de estádios e em pontos turísticos deu certo e pode ser copiada pelo Brasil.
Cerca de 44 mil policiais dedicaram-se unicamente ao Mundial, visíveis em aeroportos, arenas e avenidas.
"Provamos que este país não é diferente dos outros quanto à segurança. Havia uma percepção e agora há a realidade. Muita gente pediu desculpas", disse Jordaan.
Uma lição que a Fifa leva da África para o Brasil é a de como é difícil tratar uma nação com renda média e grandes desigualdades sociais como se fosse um país europeu.
Até o penúltimo mês antes da Copa, a procura por ingresso era fraca entre os sul- -africanos devido a poucos postos de venda, à confiança na internet e a preços salgados. A Fifa até fez mea-culpa.
Na economia, só 130 mil empregos foram criados. E a Fifa não contou com o inverno africano. Os Fan Parks, exceto em Durban, tiveram pouco público. (FÁBIO ZANINI)


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