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F-1
Piloto mais assediado pela imprensa, brasileiro já fala em título pela Ferrari
Barrichello vira estrela na Hungria
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A BUDAPESTE
Rubens Barrichello experimentou ontem uma situação nova em
sua carreira. Depois de ter vencido o GP da Alemanha, há duas semanas, em Hockenheim, o brasileiro desembarcou em Budapeste,
para a disputa do GP da Hungria,
com status diferente: o de concorrente pelo título da F-1.
Acompanhado da mulher, Silvana, o piloto foi de longe o mais
abordado pela imprensa no paddock. Em português, italiano, inglês ou espanhol, procurou ser
sempre cauteloso. Mas já mudou
de postura em relação aos seus
planos para o campeonato.
Pela primeira vez desde o início
de 1994, um piloto brasileiro falou
em conquistar o título da F-1.
"Eu luto pelo título e gostaria
muito que isso acontecesse", disse. "Tenho a vontade e o espírito
de ser campeão. E é por isso que
eu acordo todas as manhãs pensando em fazer meu trabalho."
Há pouco mais de seis anos,
quando Ayrton Senna iniciava a
temporada na Williams, um brasileiro não tinha chances de ser
campeão da F-1. A morte do tricampeão, porém, mudou a história da categoria e criou esse hiato.
Hoje, Barrichello está a dez pontos do líder do campeonato, Michael Schumacher, seu companheiro de equipe. Entre os dois,
está a dupla da McLaren, David
Coulthard e Mika Hakkinen, dois
pontos atrás do alemão.
Se a matemática dá ao brasileiro
a possibilidade de consagração,
na prática, porém, a situação pode não ser tão favorável. Segundo
piloto na hierarquia da equipe, ele
pode se ver forçado a trabalhar
para o título de Schumacher.
Questionado sobre como agiria
se estiver liderando a prova de domingo, com o alemão atrás, Barrichello foi evasivo. "Honestamente, não sei. Provavelmente, decidiríamos pelo rádio", disse, em alusão a uma eventual facilitada para
uma ultrapassagem do colega.
O brasileiro, no entanto, rebateu reportagens que foram publicadas nos últimos dias, em que o
presidente da Ferrari, Luca di
Montezemolo, determinava que
ele trabalharia apenas para o título do companheiro de escuderia.
"O que tenho para dizer é que
ele falou coisas diferentes para
mim. Fui a uma reunião com ele,
particular, numa boa", declarou.
"Ele estava muito contente com
minha vitória e disse que quer ver
a Ferrari ganhando os dois campeonatos (Pilotos e Construtores)
de qualquer jeito, independentemente de quem for o campeão."
Barrichello, por fim, pediu uma
"folga" ao público brasileiro. "As
pessoas não podem começar a
criar uma pressão agora. Vamos
com calma. Todos têm que entender que são 21 anos de luta da Ferrari pelo título e cinco anos em cima do Schumacher", completou.
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