São Paulo, domingo, 11 de agosto de 2002

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AUTOMOBILISMO

Em crise, categoria que já teve 11 brasileiros no grid perde pilotos, parceiros e prestígio para a liga rival

IRL e Indy invertem seus papéis em 2003

TATIANA CUNHA
FÁBIO SEIXAS

DA REPORTAGEM LOCAL
Sinônimo de equipamentos precários, pilotos inexperientes, equipes com pouca infra-estrutura e circuitos sem tradição, a IRL vai trocar de papel com a rival Indy na temporada que vem.
Com a renovação do pacote técnico -o que ocorre a cada três anos-, suas equipes terão motores e chassis novos em 2003.
Por outro lado, a Indy, que já foi o eldorado dos pilotos brasileiros -chegou a ter 11 representantes na temporada de 99-, corre sério risco de se transformar no que era a IRL de pouco tempo atrás.
Como a categoria começou a ficar muito cara e a assustar patrocinadores, seus dirigentes lançaram uma série de medidas para tentar segurá-los. Uma das principais providências será congelar o regulamento até 2006. Assim, os times não perderão seus investimentos de um ano para outro.
Ou seja, a Indy vai usar chassis e motores velhos e ficar mais barata do que a rival. A Cart (entidade que dirige a Indy) fala até em incentivos financeiros na tentativa de segurar equipes e pilotos.
Após perder a Penske, mais tradicional equipe do automobilismo americano, para a IRL no início do ano, a Indy corre o risco de ver Ganassi, Mo Nunn e Andretti-Green na liga rival em 2003.
Na esteira das equipes, a mão-de-obra também está migrando.
Hoje, em Mid-Ohio, apenas quatro brasileiros estarão no grid da Indy. Por enquanto, não há nenhum piloto do país confirmado para correr a próxima temporada.
Na IRL, em Kentucky, haverá seis brasileiros. Isso significa um recorde do Brasil na categoria. E a perspectiva é que a temporada 2003 comece com até oito pilotos do país (leia texto nesta página).
Essa debandada de pilotos também é motivo de preocupação para a Indy, que desde 1983 sempre teve um brasileiro nas pistas.
O último golpe veio há três dias, quando Christian Fittipaldi anunciou sua ida para a Nascar.
Tony Kanaan pode ir para a IRL com a Mo Nunn, que neste ano manteve carros nas duas ligas. O destino mais provável de Cristiano da Matta é mesmo a F-1. E Bruno Junqueira também não deve permanecer na Indy: "Gostaria muito de manter esse relacionamento com a Toyota".
Nas corridas, outro exemplo de que as duas categorias estão invertendo papéis. Na temporada que vem, pela primeira vez a IRL terá uma prova fora dos EUA -será no Japão, etapa que foi "roubada" da Indy, que sempre pregou a internacionalização como uma maneira de atrair o público e os patrocinadores.
"Acho que o principal erro da Indy foi fazer muitas etapas fora dos Estados Unidos. Marcas fortes como Honda e Toyota, por exemplo, já têm a F-1 para se mostrar. Empresas assim querem conquistar o mercado norte-americano, onde a F-1 é fraca. E a IRL está fazendo esse papel", afirmou Felipe Giaffone, da Mo Nunn, em sua segunda temporada na IRL.
Além de ficar sem a prova japonesa, a Indy perdeu a etapa na Alemanha e seu retorno ao Brasil, se acontecer, não será no ano que vem. Uma situação melancólica para uma categoria que já se denominou rival da F-1.


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