São Paulo, quarta-feira, 11 de agosto de 2004

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Brasil cresce, China aparece

Censo distingue emergentes na Olimpíada mais difusa da história

MARCELO DIEGO
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS

Na geopolítica do esporte olímpico, o Brasil avança aos poucos, e a China dispara.
Nos Jogos de Atenas, a delegação brasileira terá 246 atletas -2,23% da soma de esportistas credenciados até ontem. É a maior participação percentual do país desde Los Angeles-32 (58 membros, 4,35% do total). São 41 representantes a mais do que em Sydney-2000, quando o Brasil tinha 1,92% no tabuleiro olímpico.
Mas o avanço mais significativo pertence à China, sede da próxima Olimpíada. São 405 inscritos, contra 284 de quatro anos atrás -um salto de 43%. Será a sexta maior delegação em Atenas. O Brasil está posicionado em 14º.
Os dois países se distinguem das potências olímpicas. Nenhuma tem dois dígitos de crescimento. A maioria enxugou as comitivas.
Os números são do Comitê Organizador (Athoc), que até ontem totalizava 11.039 credenciados. Segundo o Comitê Olímpico Internacional (COI), a lista definitiva das delegações sairá até sábado, e o número de atletas deverá cair, para cerca de 10,5 mil.


Brasil garante sua maior participação percentual desde 1932; China investe pelo sonho de Pequim-08


Como as previsões dos comitês olímpicos nacionais de Brasil e China são de manutenção do tamanho de suas delegações, a "participação de mercado" dos dois deve até aumentar.
Dos 202 países participantes, no "pódio" em número de atletas vêm EUA, Austrália e Alemanha.
Os avanços de Brasil e China têm um pilar em comum: a participação das mulheres.
Enquanto a ala masculina da delegação brasileira passou de 111 para 124 atletas (+11,71%) entre Sydney e Atenas, a feminina foi de 94 para 122 (+29,8%). Nestes Jogos, a China será representada por 267 mulheres e 138 homens.
No esporte, a China reproduz a pujança da economia. Em 1992, o Produto Interno Bruto chinês equivalia a US$ 280 bilhões. Em 2003, já era de US$ 1,4 trilhão. No período, o Brasil passou de US$ 390 bilhões para US$ 500 bilhões.
Enquanto o Comitê Olímpico Brasileiro evita fazer um prognóstico de performance, os chineses esperam mais de 50 medalhas em Atenas -pelo menos 20 de ouro.
No tiro, uma das especialidades do país, o técnico Yao Ming diz acreditar em cinco títulos. Xiang Liu, nos 110 m com barreiras, venceu o Super Grand Prix no ano passado e pode ser o primeiro chinês a levar ouro no atletismo.
Em Seul-88, a China ficou na 11ª colocação no ranking de medalhas. Em 2000, foi terceiro lugar, com 59 medalhas (28 ouros).
Na Olimpíada passada, foi quem registrou a maior produtividade entre os grandes: 0,21 medalha por atleta (o Brasil apareceu só com 0,06).
Tudo é trabalhado para que em Pequim-08 o país atinja o topo. Conta com grande injeção de recursos estatais -extraoficialmente, passarão de US$ 1 bilhão. Cerca de 1.200 jovens atletas foram selecionados e já estão treinando.
O esporte brasileiro também tem recebido aporte de recursos públicos de proporções inéditas. Só da Lei Agnelo/Piva, entraram neste ano nos cofres do COB R$ 39,2 milhões. Para comparação, a entidade recebera R$ 124,3 milhões até 2003.

Colaborou Paulo Cobos, da Reportagem Local


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