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Retratos da intimidade, e de como é difícil fazê-los
TATIANA CUNHA
DA REPORTAGEM LOCAL
Foram mais de 40 dias, visitas a
cinco cidades, centenas de telefonemas, mais de 70 rolos de filmes,
13 locações diferentes, 18 modelos
posando por quase mil minutos,
uma viagem de balsa e horas de
táxi. A idéia parecia simples: retratar a intimidade de atletas
olímpicos brasileiros. Para a tarefa, o escolhido foi o fotógrafo Bob
Wolfenson, famoso pelo rigor técnico e por clicar famosos.
O desafio, porém, era grande. O
primeiro passo seria conciliar as
agendas de atletas na reta final da
preparação para a competição
mais importante de suas vidas à
de um requisitado fotógrafo.
Além do pouco tempo, havia
outra diferença. Acostumado a
trabalhar com uma equipe de
apoio, Wolfenson teria que fotografar sozinho. "Há pelo menos
dez anos não fazia um trabalho
como esse. Em uma viagem, estaria com uma equipe de pelo menos quatro pessoas", disse ele, durante uma sessão "solo" no Rio.
Mas as dificuldades reais aconteceriam depois. Um dos maiores
problemas foi convencer atletas e
patrocinadores de que as fotos teriam que ser "limpas", sem logos,
bonés e camisetas promocionais.
"Tentei perseguir um jeito diferente de fotografar, queria uma
coisa menos montada, que desse
um aspecto de informalidade."
Graças à experiência de Wolfenson e à lábia conquistada após
anos fazendo ensaios de mulheres, o fotógrafo convenceu uma
atleta que havia passado mal à
noite a posar para suas lentes.
E não foi o único caso. Aos poucos e com muita conversa, Wolfenson conseguia o que buscava
em cada sessão. "Gostei mais de
fotografar os homens. Eles se dispuseram mais que as mulheres."
O resultado do trabalho você
acompanha neste espaço, a partir
de amanhã, até o final dos Jogos.
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