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POLÍTICA
Cartolas expulsam integrante indonésio do Comitê Olímpico por falta de ética e excluem boxeador queniano pego no exame antidoping preventivo
COI anuncia tolerância ZERO e já faz vítimas
DO ENVIADO A ATENAS
O Comitê Olímpico Internacional (COI) colocou ontem em prática sua política de "tolerância zero". Expulsou um de seus membros por comportamento antiético e excluiu dos Jogos de Atenas
um atleta, pego no exame antidoping preventivo.
O teste do boxeador David
Munyasia, do Quênia, deu positivo para a presença de um estimulante proibido. Esse foi considerado o primeiro caso oficial de doping nos Jogos. O comitê classifica oficialmente o início do período olímpico quando a vila dos
atletas é aberta -o que ocorreu
em 30 de julho. Já foram conduzidos 224 testes preventivos (112 de
urina, 112 de sangue).
Munyasia foi o exemplo prático
do discurso que o presidente da
entidade, Jacques Rogge, havia
feito pela manhã. "O COI terá
sempre tolerância zero para o doping e para a corrupção."
Rogge disse acreditar que haverá, em Atenas, mais casos positivos de uso de substâncias ilegais
do que os 12 de Sydney-2000. Segundo ele, não se trata de os atletas estarem necessariamente se
dopando mais, mas de os controles estarem mais rigorosos. "É cada vez mais difícil de os atletas nos
enganarem", disse. "Vamos continuar a trabalhar na base da educação, prevenção e punição."
Quem também sentiu o rigor do
comitê foi o indonésio Mohamad
"Bob" Hasan, 73. Envolvido em
um escândalo ético no seu país,
ele foi o primeiro membro do COI
expulso desde que explodiram as
denúncias de compra de votos para eleger Salt Lake City (EUA) como sede dos Jogos de Inverno de
2002. Entre 1998 e 1999, dez pessoas do Comitê Olímpico Internacional renunciaram ou perderam suas credenciais. O indonésio
fazia parte do COI desde 1994.
Ele não cometeu infração enquanto membro do COI, mas foi
condenado pela Justiça indonésia
pelo desvio de US$ 75 milhões de
uma obra pública da qual ganhara
a licitação. Foi parceiro comercial
do ex-ditador Suharto, que comandou o país de 1967 a 1998.
Condenado a seis anos de prisão, Hasan cumpriu quatro anos e
agora está em liberdade condicional. Seu comportamento, porém,
foi considerado antiético e desrespeitoso aos princípios olímpicos.
Assim, ontem, 101 membros do
COI votaram a favor de sua expulsão -três foram contra. Uma larga contagem, já que a aprovação
dependia de uma maioria de 2/3
dos votos (69) dos presentes.
Rogge disse que a postura é uma
resposta às críticas envolvendo a
entidade. "Devemos isso aos atletas e a nós mesmos."
O indonésio alegara inocência
nas acusações, mas o COI se baseou no julgamento da Suprema
Corte do país para referendar a
atitude tomada. Ontem, Hasan
apresentou sua defesa por escrito.
Não cabem mais recursos.
Ainda ontem, o presidente do
Comitê Olímpico da Somália, Farah W. Addo, foi considerado
"persona non grata" em Atenas,
em meio a suspeitas de que desviara dinheiro da federação local
de futebol. A decisão foi tomada
pela comissão de ética do COI.
O pedido de punição partiu da
Fifa (entidade máxima do futebol), que já havia banido o dirigente por dez anos. Addo comandou a federação local de futebol
antes de assumir o comando do
comitê olímpico nacional.
A Somália obteve verba da Fifa
para promover um programa assistencial. Parte do dinheiro teria
ido para o seu bolso. Addo nega.
No fim de semana, o búlgaro
Ivan Slavkov, acusado de tentar
vender votos de membros do comitê em favor da candidatura de
Londres aos Jogos de 2012, foi suspenso pelo COI.
(MARCELO DIEGO)
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