São Paulo, segunda-feira, 11 de agosto de 2008

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Guerra Fria/China - Raul Juste Lores

Ou o ouro ou nada

O ATLETA mais querido da China não precisou dar as caras na superlativa cerimônia de abertura da Olimpíada de Pequim. Liu Xiang pode tudo.
Liu foi o primeiro chinês a ganhar uma medalha de ouro no atletismo, nos 110 metros com barreiras em Atenas. Enterrou um complexo antigo de que os locais jamais venceriam uma competição de velocidade.
Nem Yao Ming, com seus 2,26 metros e sucesso planetário graças à NBA, é páreo para Liu em casa. Seu sorriso brilha em outdoors de Coca-Cola, Nike, Lenovo e até da Cadillac, apesar de não saber dirigir.
Ele até aparece em uma propaganda de iogurte abraçando um casal de atores, que se passam por seus pais. Os reais não toparam as fotos por timidez, mas Liu reforçou seu apelo de menino-família. Aos 25 anos, ele nunca teve uma namorada.
Ao contrário de outros colegas que parecem autômatos, Liu até já cantou em karaokê na TV chinesa. O pai distribui fotos autografadas aos milhares de mocinhas que vão até Xangai tentar ver o ídolo.
Aos 16 anos, após a medição de seus ossos, o centro de treinamento oficial decidiu que ele não seria o melhor em salto à distância. Passou a ser preparado para a modalidade em que se tornou célebre.
Ele vive em um dormitório simples - quando dá, fica com os pais no apartamento que receberam do governo como prêmio pela medalha de ouro. Só no ano passado, Liu faturou US$ 23 milhões em publicidade. Um terço vai para o Estado.
Em junho, seu recorde mundial foi batido por um cubano. Competiu poucas vezes neste ano, por conta de contusões. A amigos confidenciou que sofre uma pressão "insuportável".
No ano passado, autoridades do Ministério de Esportes deram um recado a seu técnico.
"Se ele não conquistar o ouro em Pequim, todas as suas conquistas passadas não terão valido nada." 1,3 bilhão de chineses estão de olho.


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