São Paulo, quarta-feira, 11 de agosto de 2010

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PAULO VINICIUS COELHO

A volta do drible


Vale dizer que isso aconteceu com um mês de atraso ou quatro anos de antecedência

O DRIBLE REESTREOU na seleção brasileira aos 23 minutos do primeiro tempo, em Nova Jersey. Foi quando Neymar carregou a bola pela ponta esquerda e levou-a até a linha de fundo. O lateral Spector colou nele e quase deslocou sua coluna, quando Neymar freou, puxou do pé esquerdo para o pé direito e seguiu livre em direção à grande área.
O noticiário da semana tratou da estreia de Mano Menezes. O jogo serviu para lembrar que o EUA x Brasil de agosto de 2010 ficará na história pela primeira vez de Neymar, de Ganso, de David Luiz. E, depois de alguns anos, a primeira vez do drible.
É possível, com certa dose de exagero, dizer que o último drible vestiu-se de amarelo em Maturín, na Venezuela, durante a Copa América de 2007, em que Robinho entortou três zagueiros do Chile e fez um golaço. Daquele dia, Robinho lembrou-se do lado do campo ao qual raras vezes esteve habituado. Ele prefere a esquerda, jogou pela direita, como tem feito no Santos, para permitir a Neymar atuar em seu lado predileto.
Mas o reencontro do Brasil com o gol, 38 dias após a derrota para a Holanda na Copa do Mundo, ocorreu quando Robinho e Neymar inverteram posições. Robinho começou o lance pela esquerda, e Neymar aproveitou cruzamento de André Santos para marcar 1 a 0.
Ainda havia tempo para o segundo gol começar numa freada de Ganso, que deixou o marcador passar, rolou para Ramires e deste para o artilheiro Pato.
Neymar foi o melhor em campo, Pato teve grande atuação, Robinho viveu uma de suas boas atuações desde que voltou da Inglaterra, Ganso, o mais discreto, cadenciou o jogo e chutou um bola na trave. Sem esquecer a segurança de David Luiz.
Mas há destaques coletivos, como o avanço dos volantes, fosse para ajudar na organização, fosse para desarmar os adversários bem perto da grande área americana, como fizeram Lucas e Ramires. Com 2 a 0 a favor, o Brasil seguiu trocando passes e trabalhando a bola no campo de ataque. Não recuou, não pediu o contra-ataque. Fez o que Mano disse em sua primeira entrevista coletiva: jogou à brasileira, com a bola no pé.
A primeira seleção de Mano Menezes está aprovada. Mas vale dizer que tudo isso aconteceu com um mês de atraso ou quatro anos de antecedência. O próximo passo, então, é lembrar que a geração de Ganso, Neymar, Pato, David Luiz e Mano Menezes não será sucesso vencendo amistosos como o de ontem. Serão lembrados pelo que fizerem em 2014.

pvc@uol.com.br


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