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Arena do Palmeiras é alvo da Promotoria
Moradores alegam saturação da região e motivam
investigação que questiona clube, prefeitura e WTorre
ROGÉRIO PAGNAN
DE SÃO PAULO
O Palmeiras largou na
frente para tentar sediar jogos da Copa de 2014 com a
construção de sua arena
multiuso, mas sua corrida
deve ser com obstáculos.
Provocado por moradores
da região do estádio, o Ministério Público abriu investigação para apurar quais serão
os impactos da implantação
da arena para 45 mil espectadores e pode até solicitar a
suspensão das obras.
A Promotoria de Habitação questionou prefeitura,
Palmeiras e WTorre (responsável pela obra) sobre se houve estudo prévio de impacto
de vizinhança, exigido em
obras de grande porte, mas
ainda não recebeu resposta.
"A gente vai exigir é a realização de estudo, a mitigação
dos impactos e, se for o caso,
a alteração do projeto, até
que se demonstre que aquela
região comporta um equipamento desse porte", disse o
promotor José Carlos Freitas.
A Arena Palestra Itália, como será batizada, passou a
ser opção para a Copa após a
Fifa descartar o Morumbi.
Para a presidente do Conselho de Segurança de Perdizes/Pacaembu, Anna Cláudia de Salles, autora da representação à Promotoria,
não há dúvidas de que a região não comporta a arena.
"Essa obra vai acabar com
a nossa região. Os moradores
já sofrem muito, a região não
comporta mais isso", disse.
O temor dos moradores,
segundo ela, além da ampliação da capacidade em cerca
de 50%, é com o fato de que
os R$ 300 milhões a serem investidos pela WTorre deverão ser recuperados também
à base de muitos shows.
"Eles vão ter de fazer show
todos os finais de semana."
No início do mês, Bruno
Laskowsky, diretor-geral da
WTorre, aumentou o receio.
"Queremos fazer do lugar um
espaço de entretenimento 24
horas, para shows, lojas de
conveniência, festas e camarotes, que poderão ser usados como salas de reunião fora dos dias de jogo."
QUESTIONADOS
O Palmeiras não comentou a investigação ontem.
"Os questionamentos enviados pela Folha são os da Promotoria. À Promotoria daremos as respostas."
A WTorre declarou que
responderá ao Ministério Público no prazo definido e que
fez o estudo de conforto acústico e o relatório de impacto
de vizinhança, o qual diz tramitar hoje na Secretaria do
Verde e do Meio Ambiente.
A empresa admite que a
obra não teve início por esperar o alvará de construção.
A prefeitura diz analisar o
projeto da arena há dois
anos, pois ele envolve aprovações de quatro secretarias
(Desenvolvimento Urbano,
Verde e Meio Ambiente,
Transportes e Habitação).
E revelou que o relatório
de impacto de vizinhança está em análise na Câmara Técnica do Conselho Municipal
de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.
Freitas, o promotor, disse
que, mesmo que haja estudo
aprovado pela prefeitura, ele
será enviado para uma perícia. Se a arena for construída
sem resposta dessa perícia, a
Promotoria poderá pedir redução de uso da arena ou demolição de parte dela, o que
a tiraria da Copa de 2014.
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