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FUTEBOL
Presidente da CBF expõe com modéstia e atraso de "dois anos" a candidatura do país a sede de 2006
Apagado, Brasil sonha com Mundial
RODRIGO BUENO
da Reportagem Local
A candidatura do Brasil para ser
sede da Copa do Mundo de 2006
está, no mínimo, dois anos atrasada em relação às concorrentes, e o
projeto brasileiro é bem mais tímido que os dos maiores rivais.
Isso ficou bem claro ontem,
quando Ricardo Teixeira, presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), apresentou
oficialmente o caderno de encargos da candidatura do país na sede da Fifa, em Zurique, na Suíça.
Somente no mês de março deste
ano Ricardo Teixeira ganhou
apoio do governo para o projeto
-o presidente Fernando Henrique Cardoso deu seu aval para a
candidatura brasileira após encontro com Teixeira, em Brasília.
A Inglaterra, país que lançou
sua proposta já com atraso, tem
apoio de autoridades britânicas
desde 1997. A Alemanha, primeiro país europeu a mostrar interesse em receber a competição, tem
respaldo desde 94.
Os países africanos também estão na frente do Brasil. O líder
Nelson Mandela já apóia a Copa
na África do Sul formalmente
desde 1996, quando o país organizou e venceu a Copa da África. E
Marrocos tenta pela terceira vez
seguida receber o Mundial.
Enquanto o Brasil levou ontem
um modesto caderno, com poucas páginas, que chegou a ser ridicularizado pela imprensa estrangeira, a Alemanha apresentou um
projeto de 1.212 páginas, que pesa
6 kg. Anteontem, sul-africanos já
haviam mostrado um programa
com 1.500 páginas, e os ingleses,
com 700 páginas (veja as propostas no quadro ao lado).
Os membros da delegação brasileira -além de Ricardo Teixeira, apresentaram o projeto Carlos
Alberto Torres, Dunga, Zico e Ronaldo- concordaram com a opinião de concorrentes de que o
Brasil lucrou com a postergação
da definição do país-sede.
A Fifa iria anunciar o local do
Mundial-2006 em março de 2000.
A decisão acabou sendo prorrogada até julho do ano que vem.
Segundo representantes de outras delegações, a campanha brasileira está começando apenas
agora. Por isso, seria a única candidatura a lucrar com mais meses
para fazer propaganda.
A CBF, que assinou contrato
milionário com a empresa norte-americana Nike, ainda não conta
com apoio de patrocinadores para a campanha pela Copa de 2006.
Alemanha e Inglaterra têm amparo de várias empresas, inclusive
as fornecedoras de seus materiais
esportivos, Adidas e Umbro. Mesmo não precisando fazer tantas
reformas, as candidaturas européias dispõem de verba garantida.
Pelé
Após a apresentação, Teixeira e
os demais membros da delegação
nacional foram questionados sobre o prejuízo da ausência de Pelé,
maior nome do esporte no país e
ex-ministro dos Esportes, na
campanha para 2006.
Todos procuraram minimizar
as declarações recentes de Pelé,
que sugeriu que os recursos para a
Copa sejam revertidos para áreas
sociais, e mostraram confiança
em obter o apoio do ex-jogador.
""Este é um momento em que
todos os brasileiros devem estar
unidos, e Pelé deve estar conosco", disse Ricardo Teixeira.
Segundo Carlos Alberto Torres,
o capitão do tricampeonato mundial, Pelé ""tem todo o direito de
falar o que deseja", mas o conhece
há mais de 40 anos e é certo que
ele ""vai apoiar o Brasil no final."
O atacante da Inter (Itália) Ronaldo, convocado por ser uma
das personalidades mais conhecidas hoje, falou que poderá estar
em sua melhor forma em 2006.
""Na Copa de 78, eu tinha só dois
anos e não sabia o que era uma
Copa do Mundo. Para mim, seria
um sonho ver a Copa de 2006 no
Brasil. Quem sabe não estarei no
melhor da minha carreira", disse
o centroavante.
Com agências internacionais
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