São Paulo, Quarta-feira, 11 de Agosto de 1999
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FUTEBOL
Presidente da CBF expõe com modéstia e atraso de "dois anos" a candidatura do país a sede de 2006
Apagado, Brasil sonha com Mundial

RODRIGO BUENO
da Reportagem Local

A candidatura do Brasil para ser sede da Copa do Mundo de 2006 está, no mínimo, dois anos atrasada em relação às concorrentes, e o projeto brasileiro é bem mais tímido que os dos maiores rivais.
Isso ficou bem claro ontem, quando Ricardo Teixeira, presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), apresentou oficialmente o caderno de encargos da candidatura do país na sede da Fifa, em Zurique, na Suíça.
Somente no mês de março deste ano Ricardo Teixeira ganhou apoio do governo para o projeto -o presidente Fernando Henrique Cardoso deu seu aval para a candidatura brasileira após encontro com Teixeira, em Brasília.
A Inglaterra, país que lançou sua proposta já com atraso, tem apoio de autoridades britânicas desde 1997. A Alemanha, primeiro país europeu a mostrar interesse em receber a competição, tem respaldo desde 94.
Os países africanos também estão na frente do Brasil. O líder Nelson Mandela já apóia a Copa na África do Sul formalmente desde 1996, quando o país organizou e venceu a Copa da África. E Marrocos tenta pela terceira vez seguida receber o Mundial.
Enquanto o Brasil levou ontem um modesto caderno, com poucas páginas, que chegou a ser ridicularizado pela imprensa estrangeira, a Alemanha apresentou um projeto de 1.212 páginas, que pesa 6 kg. Anteontem, sul-africanos já haviam mostrado um programa com 1.500 páginas, e os ingleses, com 700 páginas (veja as propostas no quadro ao lado).
Os membros da delegação brasileira -além de Ricardo Teixeira, apresentaram o projeto Carlos Alberto Torres, Dunga, Zico e Ronaldo- concordaram com a opinião de concorrentes de que o Brasil lucrou com a postergação da definição do país-sede.
A Fifa iria anunciar o local do Mundial-2006 em março de 2000. A decisão acabou sendo prorrogada até julho do ano que vem.
Segundo representantes de outras delegações, a campanha brasileira está começando apenas agora. Por isso, seria a única candidatura a lucrar com mais meses para fazer propaganda.
A CBF, que assinou contrato milionário com a empresa norte-americana Nike, ainda não conta com apoio de patrocinadores para a campanha pela Copa de 2006.
Alemanha e Inglaterra têm amparo de várias empresas, inclusive as fornecedoras de seus materiais esportivos, Adidas e Umbro. Mesmo não precisando fazer tantas reformas, as candidaturas européias dispõem de verba garantida.

Pelé
Após a apresentação, Teixeira e os demais membros da delegação nacional foram questionados sobre o prejuízo da ausência de Pelé, maior nome do esporte no país e ex-ministro dos Esportes, na campanha para 2006.
Todos procuraram minimizar as declarações recentes de Pelé, que sugeriu que os recursos para a Copa sejam revertidos para áreas sociais, e mostraram confiança em obter o apoio do ex-jogador.
""Este é um momento em que todos os brasileiros devem estar unidos, e Pelé deve estar conosco", disse Ricardo Teixeira.
Segundo Carlos Alberto Torres, o capitão do tricampeonato mundial, Pelé ""tem todo o direito de falar o que deseja", mas o conhece há mais de 40 anos e é certo que ele ""vai apoiar o Brasil no final."
O atacante da Inter (Itália) Ronaldo, convocado por ser uma das personalidades mais conhecidas hoje, falou que poderá estar em sua melhor forma em 2006.
""Na Copa de 78, eu tinha só dois anos e não sabia o que era uma Copa do Mundo. Para mim, seria um sonho ver a Copa de 2006 no Brasil. Quem sabe não estarei no melhor da minha carreira", disse o centroavante.


Com agências internacionais

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