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Pentacampeões rendem mais que todo o Nacional
Só em transações entre clubes, jogadores que conquistaram Copa-2002 movimentaram R$ 40 milhões a mais do que a receita do Brasileiro-03
DO ENVIADO A MANAUS
O dinheiro não foi suficiente.
Formada por estrelas que movimentaram milhões de reais nos
últimos meses, a seleção brasileira
frustrou a torcida que lotou o estádio Vivaldão ontem à noite.
Em sua primeira apresentação
no país pelas eliminatórias, o time
de Parreira não aplacou a ânsia de
gols e de bom futebol do público
amazonense, que desde a chegadada seleção seguiu com euforia
os passos dos pentacampeões.
Impaciente com os erros de seu
escrete, a acolhedora platéia, que
cantou em coro o Hino Nacional
ao início do jogo, começou a vaiar
o time a partir dos 15min do segundo tempo. Deu um refresco
quando Kaká entrou em campo e
quando chances foram criadas,
mas retomou os apupos na saída
de Rivaldo e ao final da partida.
A reação, uma marca das últimas eliminatórias, é ainda mais
surreal, pois dirige-se agora a um
grupo mais famoso e mais rico.
Só em negociações entre clubes,
os pentacampeões movimentaram mais dinheiro nos últimos 15
meses do que toda a receita que o
Brasileiro-2003 vai gerar.
Dos 23 jogadores do grupo
campeão no Japão e na Coréia, 14
trocaram de clube depois do encerramento da Copa. Alguns,
com contratos vencidos, só buscaram novo emprego e salário,
como foi o caso de Cafu, que partiu da Roma para o Milan.
Mas, na maioria dos casos, a
mudança de endereço aconteceu
depois de acordos milionários entre dois times. Nessas negociações, foram gastos quase US$ 110
milhões, cerca de R$ 318 milhões.
Esse valor supera com alguma
folga a bilheteria prevista para os
quase 600 jogos do Nacional, somada à receita oriunda dos direitos de TV e à venda de placas publicitárias nos estádios.
Mantida a média atual, o Brasileiro vai gerar R$ 52 milhões com
a venda de ingressos. Outros R$
225 milhões vão para o caixa dos
clubes pelos direitos de transmissão e placas. Assim, essas receitas
somarão R$ 277 milhões.
Se somados também os novos
salários dos pentacampeões, a diferença é ainda mais gritante.
Um exemplo disso acontece
com Rivaldo. Logo após a Copa,
apesar do título e da vice-artilharia, ele foi dispensado do Barcelona. Como ainda tinha contrato,
recebeu uma indenização de US$
6 milhões. Com esse dinheiro na
mão, fechou depois com o Milan,
onde recebe por volta de US$ 7,5
milhões por cada temporada.
Ele acumulou em 12 meses um
valor que daria para cobrir a folha
de pagamento anual de um clubecomo o Corinthians.
Para anunciar uma rede de supermercados, Ronaldo receberá
US$ 2 milhões anuais, valor que
pagaria mais de três meses da folha do Santos, campeão brasileiro.
Se as duas maiores negociações
envolvendo pentacampeões (Ronaldo e Ronaldinho) aconteceram entre dois clubes europeus,
outras transações ajudaram o
Brasil a receber dólares, pequena
contribuição na agora superavitária balança comercial brasileira.
Só com Gilberto Silva, Kleberson e Kaká, clubes do país receberam US$ 25 milhões. Para os ex-times, essa verba representa mais
do que o faturamento com o Brasileiro. Para liberar Kaká para o
Milan, o São Paulo recebeu US$
8,245 milhões. Nas 23 partidas
que o clube fará como mandante
no Nacional, não irá conseguir
nem 20% do valor.
(PAULO COBOS)
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