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São Paulo, quinta-feira, 11 de setembro de 2003

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Pentacampeões rendem mais que todo o Nacional

Só em transações entre clubes, jogadores que conquistaram Copa-2002 movimentaram R$ 40 milhões a mais do que a receita do Brasileiro-03

DO ENVIADO A MANAUS

O dinheiro não foi suficiente. Formada por estrelas que movimentaram milhões de reais nos últimos meses, a seleção brasileira frustrou a torcida que lotou o estádio Vivaldão ontem à noite.
Em sua primeira apresentação no país pelas eliminatórias, o time de Parreira não aplacou a ânsia de gols e de bom futebol do público amazonense, que desde a chegadada seleção seguiu com euforia os passos dos pentacampeões.
Impaciente com os erros de seu escrete, a acolhedora platéia, que cantou em coro o Hino Nacional ao início do jogo, começou a vaiar o time a partir dos 15min do segundo tempo. Deu um refresco quando Kaká entrou em campo e quando chances foram criadas, mas retomou os apupos na saída de Rivaldo e ao final da partida.
A reação, uma marca das últimas eliminatórias, é ainda mais surreal, pois dirige-se agora a um grupo mais famoso e mais rico.
Só em negociações entre clubes, os pentacampeões movimentaram mais dinheiro nos últimos 15 meses do que toda a receita que o Brasileiro-2003 vai gerar.
Dos 23 jogadores do grupo campeão no Japão e na Coréia, 14 trocaram de clube depois do encerramento da Copa. Alguns, com contratos vencidos, só buscaram novo emprego e salário, como foi o caso de Cafu, que partiu da Roma para o Milan.
Mas, na maioria dos casos, a mudança de endereço aconteceu depois de acordos milionários entre dois times. Nessas negociações, foram gastos quase US$ 110 milhões, cerca de R$ 318 milhões.
Esse valor supera com alguma folga a bilheteria prevista para os quase 600 jogos do Nacional, somada à receita oriunda dos direitos de TV e à venda de placas publicitárias nos estádios.
Mantida a média atual, o Brasileiro vai gerar R$ 52 milhões com a venda de ingressos. Outros R$ 225 milhões vão para o caixa dos clubes pelos direitos de transmissão e placas. Assim, essas receitas somarão R$ 277 milhões.
Se somados também os novos salários dos pentacampeões, a diferença é ainda mais gritante.
Um exemplo disso acontece com Rivaldo. Logo após a Copa, apesar do título e da vice-artilharia, ele foi dispensado do Barcelona. Como ainda tinha contrato, recebeu uma indenização de US$ 6 milhões. Com esse dinheiro na mão, fechou depois com o Milan, onde recebe por volta de US$ 7,5 milhões por cada temporada.
Ele acumulou em 12 meses um valor que daria para cobrir a folha de pagamento anual de um clubecomo o Corinthians.
Para anunciar uma rede de supermercados, Ronaldo receberá US$ 2 milhões anuais, valor que pagaria mais de três meses da folha do Santos, campeão brasileiro.
Se as duas maiores negociações envolvendo pentacampeões (Ronaldo e Ronaldinho) aconteceram entre dois clubes europeus, outras transações ajudaram o Brasil a receber dólares, pequena contribuição na agora superavitária balança comercial brasileira.
Só com Gilberto Silva, Kleberson e Kaká, clubes do país receberam US$ 25 milhões. Para os ex-times, essa verba representa mais do que o faturamento com o Brasileiro. Para liberar Kaká para o Milan, o São Paulo recebeu US$ 8,245 milhões. Nas 23 partidas que o clube fará como mandante no Nacional, não irá conseguir nem 20% do valor. (PAULO COBOS)

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