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Tesoureiro some com US$ 400 mil do judô
Diretoria de FIJ não acha dirigente depois de eleição de novo presidente
Verba não seria utilizada para financiar Mundial do Rio, que começa na quinta e será bancado por prefeitura, COB e Ministério do Esporte
ADALBERTO LEISTER FILHO
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL
O imbróglio político vivido
pela FIJ (Federação Internacional de Judô) atingiu ontem o
Rio, a três dias do início do
Mundial. O tesoureiro da entidade, o boliviano Edgar Claure,
49, desapareceu com a quantia
de US$ 400 mil (R$ 784 mil).
Ontem, a federação realizou
assembléia na cidade para eleger seu novo presidente, após a
renúncia de Park Yong-sung.
O dirigente anunciou sua saída do cargo na sexta-feira, em
comunicado oficial. Na presidência desde 1995, o sul-coreano tinha mandato até 2009.
Ele foi suspenso pelo Comitê
Olímpico Internacional em
abril, por violar princípios éticos da entidade. Em 2006, foi
condenado, pela Justiça, a três
anos de prisão, com suspensão
de pena, por ser desvio de fundos como presidente do grupo
empresarial Doosan.
Yong-sung ameaçou o cancelamento do Mundial do Rio, caso os organizadores não bancassem integralmente a hospedagem dos 776 inscritos.
O austríaco Marius Vizer, do
grupo de oposição ao antigo
presidente, foi eleito para o seu
lugar. Pela manhã, Claure fez
demonstração das contas da federação. Havia uma certa pressão, da nova diretoria, para que
o antigo tesoureiro também colocasse seu cargo à disposição.
À tarde, Claure não foi mais
encontrado. Isso motivou Vizer
a agir de forma intempestiva.
"Ele chegou para todos e disse que tinha duas notícias",
conta Paulo Wanderley Teixeira, presidente da CBJ (Confederação Brasileira de Judô).
"A primeira era que ele havia
procurado nosso tesoureiro e
não o encontrara mais. A segunda era que alguns documentos e uma certa quantia em
dinheiro tinham desaparecido", completa o dirigente.
A Folha apurou que o valor
era de US$ 400 mil -Teixeira
não confirma a cifra.
Claure não chegou a realizar
check-out no Hotel Windsor
Barra, na Barra da Tijuca (zona
oeste), onde os cartolas estão
hospedados. Seu estafe, composto por quatro pessoas, também teria desaparecido.
Sem saber o que fazer, a FIJ
despachou alguns representantes para interceptar Claure
no aeroporto do Galeão. Ele
não foi localizado, nem foi confirmado se deixara o país.
A entidade pensou em pôr a
Polícia Federal na busca pelo
dirigente. Mas até ontem à noite não havia sido prestado
queixa contra o tesoureiro.
Claure possui grande prestígio na América. Ele é vice-presidente do Comitê Olímpico
Boliviano e também acumula
os cargos de tesoureiro da Confederação Sul-Americana e da
União Pan-Americana de Judô.
Como judoca, participou de
Pans, Mundial e Olimpíada,
tendo sido o porta-bandeira da
delegação da Bolívia nos Jogos
de Los Angeles, em 1984.
A verba que desapareceu
com o tesoureiro da federação
internacional não serviria para
financiar o Mundial, que pela
segunda vez será realizado no
Brasil. O Rio de Janeiro já foi
sede do campeonato em 1965.
Segundo Teixeira, a competição será bancada integralmente com recursos de Prefeitura
do Rio, Ministério do Esporte e
Comitê Olímpico Brasileiro.
Orçada inicialmente em R$ 8
milhões, os organizadores tiveram que rever os gastos.
A prefeitura, principal financiadora do campeonato, entrou
com R$ 5 milhões. O COB está
pagando hospedagem e alimentação das delegações. Já o
governo federal investiu mais
R$ 470 mil na competição.
"Não sabemos quando irá
custar. Só fecharemos essa
conta depois do Mundial. Sempre aparecem novas despesas.
Mas a competição não custará
os R$ 9 milhões previstos inicialmente", ressaltou Teixeira.
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