São Paulo, terça-feira, 11 de setembro de 2007

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Tesoureiro some com US$ 400 mil do judô

Diretoria de FIJ não acha dirigente depois de eleição de novo presidente

Verba não seria utilizada para financiar Mundial do Rio, que começa na quinta e será bancado por prefeitura, COB e Ministério do Esporte

ADALBERTO LEISTER FILHO
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL

O imbróglio político vivido pela FIJ (Federação Internacional de Judô) atingiu ontem o Rio, a três dias do início do Mundial. O tesoureiro da entidade, o boliviano Edgar Claure, 49, desapareceu com a quantia de US$ 400 mil (R$ 784 mil).
Ontem, a federação realizou assembléia na cidade para eleger seu novo presidente, após a renúncia de Park Yong-sung.
O dirigente anunciou sua saída do cargo na sexta-feira, em comunicado oficial. Na presidência desde 1995, o sul-coreano tinha mandato até 2009.
Ele foi suspenso pelo Comitê Olímpico Internacional em abril, por violar princípios éticos da entidade. Em 2006, foi condenado, pela Justiça, a três anos de prisão, com suspensão de pena, por ser desvio de fundos como presidente do grupo empresarial Doosan.
Yong-sung ameaçou o cancelamento do Mundial do Rio, caso os organizadores não bancassem integralmente a hospedagem dos 776 inscritos.
O austríaco Marius Vizer, do grupo de oposição ao antigo presidente, foi eleito para o seu lugar. Pela manhã, Claure fez demonstração das contas da federação. Havia uma certa pressão, da nova diretoria, para que o antigo tesoureiro também colocasse seu cargo à disposição.
À tarde, Claure não foi mais encontrado. Isso motivou Vizer a agir de forma intempestiva.
"Ele chegou para todos e disse que tinha duas notícias", conta Paulo Wanderley Teixeira, presidente da CBJ (Confederação Brasileira de Judô).
"A primeira era que ele havia procurado nosso tesoureiro e não o encontrara mais. A segunda era que alguns documentos e uma certa quantia em dinheiro tinham desaparecido", completa o dirigente.
A Folha apurou que o valor era de US$ 400 mil -Teixeira não confirma a cifra.
Claure não chegou a realizar check-out no Hotel Windsor Barra, na Barra da Tijuca (zona oeste), onde os cartolas estão hospedados. Seu estafe, composto por quatro pessoas, também teria desaparecido.
Sem saber o que fazer, a FIJ despachou alguns representantes para interceptar Claure no aeroporto do Galeão. Ele não foi localizado, nem foi confirmado se deixara o país.
A entidade pensou em pôr a Polícia Federal na busca pelo dirigente. Mas até ontem à noite não havia sido prestado queixa contra o tesoureiro.
Claure possui grande prestígio na América. Ele é vice-presidente do Comitê Olímpico Boliviano e também acumula os cargos de tesoureiro da Confederação Sul-Americana e da União Pan-Americana de Judô.
Como judoca, participou de Pans, Mundial e Olimpíada, tendo sido o porta-bandeira da delegação da Bolívia nos Jogos de Los Angeles, em 1984.
A verba que desapareceu com o tesoureiro da federação internacional não serviria para financiar o Mundial, que pela segunda vez será realizado no Brasil. O Rio de Janeiro já foi sede do campeonato em 1965.
Segundo Teixeira, a competição será bancada integralmente com recursos de Prefeitura do Rio, Ministério do Esporte e Comitê Olímpico Brasileiro.
Orçada inicialmente em R$ 8 milhões, os organizadores tiveram que rever os gastos.
A prefeitura, principal financiadora do campeonato, entrou com R$ 5 milhões. O COB está pagando hospedagem e alimentação das delegações. Já o governo federal investiu mais R$ 470 mil na competição.
"Não sabemos quando irá custar. Só fecharemos essa conta depois do Mundial. Sempre aparecem novas despesas. Mas a competição não custará os R$ 9 milhões previstos inicialmente", ressaltou Teixeira.


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