São Paulo, domingo, 11 de setembro de 2011

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Super amigos

Partidas entre Brasil e Argentina aproximam Ricardo Teixeira e Julio Grondona , os mais longevos cartolas de federações da América do Sul

LUCAS FERRAZ
DE BUENOS AIRES
MARTÍN FERNANDEZ
DE SÃO PAULO

Brasil e Argentina duelarão duas vezes neste mês, na primeira obra conjunta dos mais poderosos e longevos presidentes de confederações nacionais sul-americanas.
A primeira partida será na quarta, em Córdoba. A segunda, no dia 28, em Belém.
Em jogo estará o simbólico troféu Superclássico das Américas, criado para substituir a Copa Rocca, disputada entre 1914 e 1976, quando Ricardo Teixeira e Julio Grondona ainda não eram presidentes de CBF e AFA (Associação de Futebol Argentino).
Como Teixeira, Grondona controla o futebol de seu país com mão de ferro. Não têm oposição, embora existam movimentos populares, ainda tímidos, contra eles.
O brasileiro preside a CBF desde 1989, tem mandato até 2015, um ano após a Copa no Brasil, sobre a qual Teixeira tem plenos poderes. Já Grondona está há muito mais tempo no poder, desde 1979, indicado pelo governo militar.
No próximo mês, deve ser reeleito pela oitava vez. Não há candidato opositor -e é pouco provável que apareça.
"É impossível romper essa barreira. Grondona compra tudo e todos. É mafioso, perverso e doente por poder e dinheiro", disse à Folha Raúl Gamez, ex-presidente do Vélez Sarsfield.
Grondona não quis conceder entrevista.
Cartola do clube portenho por 18 anos, Gamez foi um dos poucos opositores ao chefe da AFA. Perdeu todas as batalhas e abandonou a guerra. No Brasil, não há dirigente que faça acusação semelhante a Teixeira ou o desafie.
Neste ano, o cartola, com o apoio da Globo, implodiu o Clube dos 13, entidade que congregava os principais clubes do Brasil. Até o São Paulo, com quem andava às turras, acabou do lado da CBF.
Graças ao poder das federações que dirigem, Teixeira e Grondona têm influência na Fifa. O argentino é vice-presidente do Comitê Executivo, do qual Teixeira faz parte.
Ambos empregaram filhos em postos-chave. Joana Havelange é diretora-executiva do Comitê Organizador da Copa de 2014 -que é presidido por seu pai-, e Julito e Humbertito Grondona ocupam cargos de direção na AFA.
Teixeira se orgulha de ter reestruturado a CBF e o futebol brasileiro. Grondona adota discurso idêntico sobre a AFA, mas o campeonato local é dependente do governo.
O retrospecto esportivo das gestões favorece o brasileiro. Desde 1989, o Brasil ganhou cinco edições da Copa América; a Argentina, duas. Grondona venceu a Copa em 1986.
Teixeira, em 1994 e 2002.


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