São Paulo, quarta-feira, 11 de outubro de 2006

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CBF amplia rigor, pune e avisa depois

Comissão de arbitragem pede mais pulso contra a indisciplina de atletas e veto a palavrões de treinadores no Brasileiro

Entidade anuncia medida que havia sido feita antes, via circular, ao quadro de árbitros só após expulsão de Leão em clássico paulista

PAULO GALDIERI
TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

A CBF primeiro decidiu apertar o rigor das arbitragens com as reclamações à beira do gramado. Depois, veio a punição, e só então ela avisou o que estava valendo agora.
Insatisfeita com a falta de pulso dos juízes no Brasileiro, a Comissão Nacional de Arbitragem decidiu mudar a sua avaliação e focou três pontos: a punição com amarelo no retardamento de jogo, vermelho nas faltas bruscas -foco nos carrinhos- e não tolerar excessos dos técnicos à beira do campo.
Mas a medida só se tornou pública depois do barulho que o técnico Emerson Leão fez por ter sido expulso por reclamação, no clássico entre Corinthians e Santos.
Em 6 de outubro, um dia depois de o treinador corintiano ser colocado para fora do campo pelo árbitro Wilson Luiz Seneme, o site da CBF anunciou que haveria uma tolerância menor dos juízes diante de indisciplina de atletas e membros das comissões técnicas.
Com o título de "CBF exige rigor dos árbitros no cumprimento das Regras do Jogo", uma notícia informava sobre a existência da circular -até a noite de ontem, ela ainda estava disponível para leitura.
A expulsão do treinador ganhou repercussão pelo fato de Leão ter destacado o comportamento do juiz no clássico. Ele disse ter sido expulso "de longe" por Seneme, a quem classificou como "príncipe".
Porém a decisão de apertar o laço -como fez o árbitro do clássico em relação às reclamações de Leão -veio dias antes, sem ter sido divulgada.
Em 29 de setembro, o presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, Edson Rezende, enviou uma circular a todos os integrantes da Renaf (Relação Nacional dos Árbitros de Futebol) solicitanto mais rigor dos árbitros no Nacional e elencando os três pontos cruciais a serem observados.
A recomendação, porém, só chegou efetivamente aos técnicos, de maneira direta, no último final de semana - passadas duas rodadas depois de ela ser feita por Rezende aos árbitros.
Um dos treinadores avisados sobre o recrudescimento do rigor com atos considerados indisciplinados foi Muricy Ramalho, no jogo entre o seu São Paulo, o líder do campeonato, e o Fluminense, no Maracanã, no sábado passado.
Segundo Muricy, o quarto árbitro do jogo, Adriano Pereira Machado, foi até ele e o advertiu, a pedido do juiz Heber Roberto Lopes, que conduziu o confronto, a respeito das novas diretrizes disciplinares da comissão de arbitragem. "Ele falou que o juiz quer que os treinadores tenham uma postura diferente agora. Ser menos incisivos, não falar palavrão."
Segundo Rezende, o desempenho dos treinadores à beira do campo deveria se limitar a instruir seus comandados e mudar a equipe taticamente.
"Não podemos tolerar xingamentos, agressões verbais, tanto com os jogadores ou com os juízes. Os técnicos têm que dar exemplo de serenidade aos seus comandados e aos torcedores", afirmou ele.
Ao ser questionado se todos os treinadores não deveriam ser orientados sobre esse rigor, Rezende foi enfático ao discordar. "Eles [técnicos] têm que conhecer as regras."


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