São Paulo, sábado, 11 de outubro de 2008

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MOTOR

Pesos e medidas


Por toda a carreira na F-1, Barrichello, que agora pode parar, sempre enfrentou um abismo entre querer e poder

FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

NÃO TEM segredo, é aritmética. A F-1 de 2009 tem três vagas e quatro pilotos na sala de espera. Um vai sobrar, e o cenário atual indica que será Barrichello.
Considerando que a Toro Rosso, que ainda não fez anúncio oficial, correrá com Bourdais e Boemi, restam hoje um cockpit na Force India, um na Renault e outro na Honda.
A Honda já acertou com Button e sonha com Alonso. O plano B, que deve se tornar A em poucas semanas, é contar com um jovem brasileiro, estratégia casada com a Petrobras. Bruno ainda é considerado inexperiente e deve virar piloto de testes -Viviane e Fry já se reuniram. Nelsinho ou Di Grassi, o que sobrar na Renault, deve ser o eleito. À Renault, pois. Por lá, a renovação de Alonso já é dada como favas contadas, principalmente depois que as portas da BMW se fecharam.
Ao seu lado, Nelsinho ou Di Grassi.
Eu apostaria no último, espécie de "campeão moral" da GP2 -só correu a partir da sétima etapa e ficou a um ponto do vice-campeão, Bruno.
Resta a vaga de Fisichella na Force India. Mas o italiano já disse várias vezes que está perto de renovar.
E Barrichello? "Não tenho nada assinado. Nunca me vi numa situação assim: eu sempre fechei contratos muito antes." "Há um silêncio muito grande dentro da Honda, e isso não é bom." "Já guiei com pneu slick, já andei com pouca aerodinâmica... Então eu acho estúpido não usarem minha experiência neste momento." Sim, Barrichello por enquanto fala, o tom cada vez mais agudo, por enquanto sem resultado prático.
Mas vale a pena continuar? Ficar na categoria por ficar, sem chance de conseguir qualquer resultado? Nos anos de Jordan e Stewart, ele buscava as vitórias. Nos anos de Ferrari, o título. Na Honda, ajudar a construir um time. Sempre um descompasso entre o querer e o poder.
Agora, algo comum aos veteranos, pode buscar prazer na Force India.
Mas não será outro enorme desencontro? Será que é possível sentir algum prazer andando sempre tão lá atrás, na mais nanica das equipes? Não seria melhor parar?

O APRENDIZ-2
Em Cingapura, a Ferrari prometeu à Folha uma entrevista com Massa. Seria nesta quinta-feira, em Fuji. Mas foi cancelada. O motivo: Luca Colajanni, assessor de imprensa da escuderia, não gostou da última coluna "Motor". Para ele, o texto, que questionava a recente troca de comando na equipe, denota uma "atitude anti-Ferrari" (??!!) do jornal. Confrontado com o fato de que a coluna reflete a opinião do colunista, e não necessariamente desta Folha tão pluralista, Colajanni não recuou: "Praticamos o direito de escolher, assim como você praticou o direito de criticar". Maneira dissimulada de dizer que a Ferrari retalia quem a critica. Triste.

fseixas@folhasp.com.br



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