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Alojamento provoca crise nos Jogos Abertos
Atletas chegam a desistir de maior torneio do país
JOSÉ EDUARDO MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL
LUCAS REIS
DA FOLHA RIBEIRÃO
Enquanto o esporte brasileiro celebra a conquista da Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro, a maior competição do país,
os Jogos Abertos do Interior,
sofre com a falta de estrutura
em São Caetano do Sul.
A situação precária dos alojamentos provocou muitas reclamações nos primeiros dias da
73ª edição da disputa. Indignada com as instalações, a delegação de Batatais resolveu abandonar o torneio. Parte dos atletas de Sertãozinho e de Porto
Ferreira teve a mesma atitude.
No total, são 13 mil competidores e mais de 4.000 dirigentes de 213 delegações que ficarão distribuídos nos 85 alojamentos, montados em escolas,
clubes e paróquias, até o dia 17.
A situação mais crítica é no
alojamento coletivo do Centro
de Convenções da Apae. Na instalação, representantes de 136
cidades estão amontoados em
1.300 leitos. Os quartos adaptados têm paredes divisórias de
plástico, os sanitários são químicos, e dois contêineres foram
colocados para o banho.
"Não havia a menor condição
de permanecer naquele local.
Cada quarto tinha 40 beliches.
No nosso quarto havia atletas
de outras delegações, ou seja,
nenhuma privacidade", afirmou o secretário Luiz Antonio
Capelli, de Sertãozinho.
"Para tomar banho é complicado. Você tem de pedir pelo
amor de Deus para a água cair.
Umas vezes, a água é quente demais, em outras, é fria", disse
Michael Jackson, 45, atacante
da seleção brasileira feminina
de futebol na Olimpíada de
1996, que defende Avaré.
A infraestrutura dos demais
alojamentos também não agradou aos competidores.
A delegação de Araraquara,
por exemplo, sofreu com os
problemas no abrigo montado
na escola Alfredo Burkart. A sobrecarga de energia fez com
que os chuveiros parassem de
funcionar, e um gerador elétrico teve de ser utilizado.
A justificativa do comitê organizador é a de que não há
condições financeiras e estruturais para providenciar mais
alojamentos em São Caetano.
"Ninguém gosta, e eu também não gostaria, de ficar [no
alojamento coletivo]. Mas não
tem o que fazer. Nenhuma cidade do mundo teria capacidade para fazer 213 alojamentos",
afirmou Mauro Chekin, presidente do comitê organizador e
secretário de Esportes e Turismo do município anfitrião.
Outra reclamação é a falta de
atendimento médico. Na partida de futebol entre os times femininos de Sorocaba e Franca,
realizada anteontem, no Centro Esportivo Gisela, uma jogadora, com suspeita de fratura
na costela, permaneceu no
chão por quase 50 minutos
aguardando a chegada de uma
ambulância ao local.
"São 28 lugares [que têm
competição]. Não tenho 28 médicos e ambulâncias para deixar à disposição. Enfermagem
eu garanto que tinha para dar o
socorro", argumentou Chekin.
Nesta edição dos Jogos, foram investidos R$ 800 mil da
Secretaria de Esporte, Lazer e
Turismo do Estado de São Paulo e R$ 220 mil da Prefeitura de
São Caetano, cidade com maior
IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Brasil.
"Mandamos o pessoal nosso
para fazer uma avaliação [da situação dos alojamentos], até
porque sempre tem reclamação. Concentramos tudo no
nosso comitê e procuramos
ajudar a solucionar os problemas", disse Claury Alves da Silva, secretário estadual de Esporte, Lazer e Turismo.
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