São Paulo, domingo, 11 de outubro de 2009

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Alojamento provoca crise nos Jogos Abertos

Atletas chegam a desistir de maior torneio do país

JOSÉ EDUARDO MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

LUCAS REIS
DA FOLHA RIBEIRÃO

Enquanto o esporte brasileiro celebra a conquista da Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro, a maior competição do país, os Jogos Abertos do Interior, sofre com a falta de estrutura em São Caetano do Sul.
A situação precária dos alojamentos provocou muitas reclamações nos primeiros dias da 73ª edição da disputa. Indignada com as instalações, a delegação de Batatais resolveu abandonar o torneio. Parte dos atletas de Sertãozinho e de Porto Ferreira teve a mesma atitude.
No total, são 13 mil competidores e mais de 4.000 dirigentes de 213 delegações que ficarão distribuídos nos 85 alojamentos, montados em escolas, clubes e paróquias, até o dia 17.
A situação mais crítica é no alojamento coletivo do Centro de Convenções da Apae. Na instalação, representantes de 136 cidades estão amontoados em 1.300 leitos. Os quartos adaptados têm paredes divisórias de plástico, os sanitários são químicos, e dois contêineres foram colocados para o banho.
"Não havia a menor condição de permanecer naquele local. Cada quarto tinha 40 beliches. No nosso quarto havia atletas de outras delegações, ou seja, nenhuma privacidade", afirmou o secretário Luiz Antonio Capelli, de Sertãozinho.
"Para tomar banho é complicado. Você tem de pedir pelo amor de Deus para a água cair. Umas vezes, a água é quente demais, em outras, é fria", disse Michael Jackson, 45, atacante da seleção brasileira feminina de futebol na Olimpíada de 1996, que defende Avaré.
A infraestrutura dos demais alojamentos também não agradou aos competidores.
A delegação de Araraquara, por exemplo, sofreu com os problemas no abrigo montado na escola Alfredo Burkart. A sobrecarga de energia fez com que os chuveiros parassem de funcionar, e um gerador elétrico teve de ser utilizado.
A justificativa do comitê organizador é a de que não há condições financeiras e estruturais para providenciar mais alojamentos em São Caetano.
"Ninguém gosta, e eu também não gostaria, de ficar [no alojamento coletivo]. Mas não tem o que fazer. Nenhuma cidade do mundo teria capacidade para fazer 213 alojamentos", afirmou Mauro Chekin, presidente do comitê organizador e secretário de Esportes e Turismo do município anfitrião.
Outra reclamação é a falta de atendimento médico. Na partida de futebol entre os times femininos de Sorocaba e Franca, realizada anteontem, no Centro Esportivo Gisela, uma jogadora, com suspeita de fratura na costela, permaneceu no chão por quase 50 minutos aguardando a chegada de uma ambulância ao local.
"São 28 lugares [que têm competição]. Não tenho 28 médicos e ambulâncias para deixar à disposição. Enfermagem eu garanto que tinha para dar o socorro", argumentou Chekin.
Nesta edição dos Jogos, foram investidos R$ 800 mil da Secretaria de Esporte, Lazer e Turismo do Estado de São Paulo e R$ 220 mil da Prefeitura de São Caetano, cidade com maior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Brasil.
"Mandamos o pessoal nosso para fazer uma avaliação [da situação dos alojamentos], até porque sempre tem reclamação. Concentramos tudo no nosso comitê e procuramos ajudar a solucionar os problemas", disse Claury Alves da Silva, secretário estadual de Esporte, Lazer e Turismo.


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