São Paulo, segunda-feira, 11 de novembro de 2002 |
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FUTEBOL Perigo à vista
JOSÉ GERALDO COUTO Do Corinthians de Parreira poderíamos dizer o mesmo que João Cabral de Melo Neto escreveu sobre Ademir da Guia num poema memorável: "(...) impõe com seu jogo/ o ritmo do chumbo (e o peso),/ da lesma, da câmera lenta, do homem dentro do pesadelo." O time parece querer vencer o oponente pelo torpor, se não pelo tédio. Não se impõe pela técnica, nem pela força, nem pela criatividade, mas pelo controle do ritmo: "Ritmo líquido se infiltrando/ no adversário, grosso, de dentro,/ impondo-lhe o que ele deseja,/ mandando nele, apodrecendo-o." Se a tarde é de muito calor, como a de ontem, no Maracanã, a eficácia desse esquema de jogo é facilitada: "Ritmo morno, de andar na areia,/ de água doente de alagados,/ entorpecendo e então atando/ o mais irrequieto adversário." Mas às vezes o feitiço se volta contra o feiticeiro. Foi o que aconteceu ontem. Até a metade do segundo tempo, o Botafogo -que precisava desesperadamente da vitória- parecia hipnotizado pela posse de bola corintiana. Como a cascavel que paralisa sua presa e prepara o momento de dar o bote, o Corinthians cercava a área botafoguense e dava eventualmente suas estocadas. Perdeu uns três ou quatro gols, em sua maioria graças a grandes defesas de Carlos Germano, que não se deixou hipnotizar. Mas eis que, quando os próprios corintianos já bocejavam à espera do apito final, foram vítimas de seu próprio veneno. Numa jogada rápida e mortífera, o Botafogo chegou à vitória. Doni, pego de surpresa por um chute de Lúcio, espalmou a bola para dentro da área. Dois atletas que tinham entrado no segundo tempo -Rogério e Fábio- aproveitaram o rebote. A defesa corintiana chegou na cobertura uns dois dias depois. Quem queria vencer por pontos acabou derrotado por nocaute no último round. Reação da Ponte
A Ponte Preta fez contra o
Santos, no sábado, sua melhor partida neste campeonato. Uma defesa sólida, um
meio-campo eficiente (com
destaque para o incansável
Mineiro) e Basílio numa tarde inspirada foram a receita
para barrar o ímpeto dos meninos da Vila. Pena que a Macaca tenha acordado um
pouco tarde, o que torna difícil sua classificação para a
próxima fase.
Vão dizer que sou implicante
com Luiz Felipe Scolari, mas
não posso deixar de dizer que
foi vergonhosa sua excursão
à Europa para se oferecer a
clubes e seleções. Por não ter
conseguido nada satisfatório,
aumentam as chances de ser
reconvidado a dirigir a seleção brasileira. Vai soar como
um prêmio de consolação.
Mas a CBF não devia esperar
Felipão resolver sua vida antes de traçar seus planos. |
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