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Crise mundial faz Corinthians voltar aos cofres do C13
Com aumento de gastos do futebol, clube atrasa parcela de dívida de Passarela mesmo após empréstimo da entidade
Diretoria corintiana diz que recorre à entidade e à BWA, produtora de ingressos, porque aperto econômico gera escassez de crédito
RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
No campo, festejos pelo título da Série B. Nos gabinetes,
corrida a empréstimos de parceiros para fechar as contas do
futebol. É a realidade de fim de
ano do Corinthians.
Para pagar a conta até o final
de 2008, incluindo salários e o
13º, o clube recorreu a novo
empréstimo do Clube dos 13,
em setembro. Foram liberados
R$ 4 milhões, com as cotas de
TV da Série A como garantia.
Assim, o Corinthians já aumentou sua dívida com a entidade em R$ 9,3 milhões só neste ano, elevando para R$ 15,6
milhões o débito total. Ou seja,
foram as antecipações e os empréstimos do C13 que pagaram
quase um sexto das despesas do
futebol corintiano no ano.
Outro parceiro que virou credor do Corinthians durante o
ano foi a BWA, empresa que
controla a bilheteria do clube.
Até agora, já foram dois empréstimos, que somaram R$ 3,1
milhões no débito do clube.
Ao assumir o Corinthians, o
presidente Andres Sanchez
pregou uma política de total independência em relação às entidades poderosas do futebol,
como o C13 e a CBF.
Na última negociação de renovação de contrato de TV do
Campeonato Brasileiro, com a
Globo, o Corinthians ensaiou
se aproximar de São Paulo e
Flamengo para reivindicar incrementos nas cotas para os
clubes com maiores torcidas.
Ao final, os três clubes aceitaram assinar o novo compromisso com a Globo, defendido
pelo C13, depois de apenas uma
alteração nas regras de distribuição do pay-per-view.
Os pedidos do Corinthians ao
Clube dos 13 intensificaram-se
com a crise financeira mundial.
Um empréstimo bancário já
aprovado, por exemplo, foi retido e deixou o clube dependente
de outras fontes de dinheiro.
"Com a crise mundial, todos
os bancos se resguardaram e
somente agora estão voltando a
operar. Não devemos ter dificuldades, lógico, talvez de alguns dias", reconheceu o vice-presidente de finanças do Corinthians, Raul Corrêa e Silva.
Segundo ele, o clube tem uma
vantagem por ter a dívida
"alongada". Tradução: renegociações aumentaram os prazos.
Mas pelo menos um débito
importante o Corinthians teve
que atrasar com a crise mundial. Em setembro, não foi paga
parcela da dívida com o ex-técnico Passarela. Esse débito poderia gerar punição ao clube na
Fifa, já que o técnico entrara
com ação na entidade, antes de
fazer acordo com o clube.
"Em setembro, o mercado financeiro mundial parou, e nós
precisamos administrar os recursos. Foi pago, de comum
acordo com eles, em outubro",
explicou Corrêa e Silva.
Além da crise, as dificuldades
financeiras devem-se ao alto
custo do seu time de futebol.
Até setembro, as contas com
pessoal e serviços de terceiros
(que também inclui contratos
de atletas e técnico) somavam
R$ 41,9 milhões. Ou seja, despesa de R$ 4,7 milhões por mês.
É um patamar de um clube
do Brasileiro da Série A. Folhas
salariais de grandes clubes, como o São Paulo, giram em torno
de R$ 4 milhões, incluídos os
contratos terceirizados.
Antes da crise, o Corinthians
vinha recorrendo aos bancos
para cobrir esse déficit. No total, as dívidas por empréstimos
têm crescido durante o ano.
Atingiram R$ 36,1 milhões ao
final de setembro. Ou seja, foram multiplicadas quase por
três em relação aos R$ 13,1 milhões do final do ano passado.
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