São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 2008

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Crise mundial faz Corinthians voltar aos cofres do C13

Com aumento de gastos do futebol, clube atrasa parcela de dívida de Passarela mesmo após empréstimo da entidade

Diretoria corintiana diz que recorre à entidade e à BWA, produtora de ingressos, porque aperto econômico gera escassez de crédito


RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

No campo, festejos pelo título da Série B. Nos gabinetes, corrida a empréstimos de parceiros para fechar as contas do futebol. É a realidade de fim de ano do Corinthians.
Para pagar a conta até o final de 2008, incluindo salários e o 13º, o clube recorreu a novo empréstimo do Clube dos 13, em setembro. Foram liberados R$ 4 milhões, com as cotas de TV da Série A como garantia.
Assim, o Corinthians já aumentou sua dívida com a entidade em R$ 9,3 milhões só neste ano, elevando para R$ 15,6 milhões o débito total. Ou seja, foram as antecipações e os empréstimos do C13 que pagaram quase um sexto das despesas do futebol corintiano no ano.
Outro parceiro que virou credor do Corinthians durante o ano foi a BWA, empresa que controla a bilheteria do clube. Até agora, já foram dois empréstimos, que somaram R$ 3,1 milhões no débito do clube.
Ao assumir o Corinthians, o presidente Andres Sanchez pregou uma política de total independência em relação às entidades poderosas do futebol, como o C13 e a CBF.
Na última negociação de renovação de contrato de TV do Campeonato Brasileiro, com a Globo, o Corinthians ensaiou se aproximar de São Paulo e Flamengo para reivindicar incrementos nas cotas para os clubes com maiores torcidas.
Ao final, os três clubes aceitaram assinar o novo compromisso com a Globo, defendido pelo C13, depois de apenas uma alteração nas regras de distribuição do pay-per-view.
Os pedidos do Corinthians ao Clube dos 13 intensificaram-se com a crise financeira mundial. Um empréstimo bancário já aprovado, por exemplo, foi retido e deixou o clube dependente de outras fontes de dinheiro.
"Com a crise mundial, todos os bancos se resguardaram e somente agora estão voltando a operar. Não devemos ter dificuldades, lógico, talvez de alguns dias", reconheceu o vice-presidente de finanças do Corinthians, Raul Corrêa e Silva.
Segundo ele, o clube tem uma vantagem por ter a dívida "alongada". Tradução: renegociações aumentaram os prazos.
Mas pelo menos um débito importante o Corinthians teve que atrasar com a crise mundial. Em setembro, não foi paga parcela da dívida com o ex-técnico Passarela. Esse débito poderia gerar punição ao clube na Fifa, já que o técnico entrara com ação na entidade, antes de fazer acordo com o clube.
"Em setembro, o mercado financeiro mundial parou, e nós precisamos administrar os recursos. Foi pago, de comum acordo com eles, em outubro", explicou Corrêa e Silva.
Além da crise, as dificuldades financeiras devem-se ao alto custo do seu time de futebol. Até setembro, as contas com pessoal e serviços de terceiros (que também inclui contratos de atletas e técnico) somavam R$ 41,9 milhões. Ou seja, despesa de R$ 4,7 milhões por mês.
É um patamar de um clube do Brasileiro da Série A. Folhas salariais de grandes clubes, como o São Paulo, giram em torno de R$ 4 milhões, incluídos os contratos terceirizados.
Antes da crise, o Corinthians vinha recorrendo aos bancos para cobrir esse déficit. No total, as dívidas por empréstimos têm crescido durante o ano.
Atingiram R$ 36,1 milhões ao final de setembro. Ou seja, foram multiplicadas quase por três em relação aos R$ 13,1 milhões do final do ano passado.


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