São Paulo, domingo, 11 de dezembro de 2005

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FUTEBOL

Começou a Copa

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

O grupo do Brasil não é tão fácil como o de 2002. Croácia, Japão e Austrália não estão entre as equipes que podem lutar pelo título, mas são melhores do que a China e a Costa Rica. O Brasil não deverá ter dificuldade.
Após o sorteio da primeira fase, os treinadores e as comissões técnicas de todas as seleções ligaram os computadores e já começaram a estudar os esquemas táticos, as virtudes, deficiências e manias dos adversários.
Os olheiros já se preparam para viajar e assistir aos treinos físicos, técnicos, táticos e aos jogos dos rivais. Com binóculos, roupas e caras de espiões, eles vasculham tudo, até a vida particular dos jogadores. Para mostrar a movimentação dos atletas durante as partidas, dezenas de setas se cruzam nos relatórios.
Nesse momento, Parreira e comissão técnica escolhem os hotéis que a seleção vai se concentrar. Zagallo já mandou pintar todos os quartos de verde e amarelo.
Apesar de o Brasil ter ficado durante a Copa de 2002 em hotéis que tinham jornalistas e outros hóspedes (poderia ter também espiões), como ex-atleta, acho melhor para a seleção se concentrar em hotéis afastados e privados. Para a mídia, seria ótimo um hotel público e perto do centro de imprensa.
Os dirigentes já se movimentam para saber onde serão as festas, coquetéis, bons restaurantes e também quais serão os prováveis árbitros. Espero que não aconteçam tantos erros absurdos como no Mundial de 2002, quando a Itália e a Espanha foram bastante prejudicadas e a Coréia do Sul, anfitriã, beneficiada.
Esse Mundial deve ser melhor tecnicamente do que o de 2002. Diferentemente de quase todas as Copas anteriores, haverá em 2006 um número muito maior de candidatos ao título, mesmo sabendo que o Brasil é o principal favorito.
A diferença do Brasil para outras seleções não é tão grande como se pensa.
O campeonato será na Europa e eles vão fazer de tudo para vencer o time brasileiro. Além disso, se o Brasil perder por contusão dois dos seus craques do meio para frente, ou se eles não brilharem, a equipe brasileira ficará igual à outras fortes seleções.
Quase todas as seleções vão jogar da mesma forma, com uma linha de quatro defensores e tentando defender e atacar com um maior número de jogadores.
Essa é a principal preocupação do Parreira. Se Kaká e Ronaldinho Gaúcho não voltarem para marcar e a defesa ficar desprotegida, o técnico poderá retornar ao esquema com três no meio-campo (entraria Juninho Pernambucano) e o Kaká na ligação com os dois atacantes (Ronaldo e Ronaldinho). Sairia o Adriano.
Na Copa de 2002, Felipão também escalou na primeira fase um meia ofensivo (Juninho Paulista) ao lado do Gilberto Silva. Não funcionou bem porque Edmilson atuava geralmente de zagueiro e só ficava o Gilberto silva para marcar no meio-campo. Com a saída do Juninho e a entrada do Kleberson, um volante que marcava e avançava, o time melhorou na defesa e no ataque.
Torço para que os craques de todas as seleções estejam presentes e em forma. São eles que embelezam, emocionam e iluminam o espetáculo.

Imagine
Parafraseando John Lennon, que morreu 25 anos atrás, imagine se o futebol tivesse mais craques como Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo, Kaká, Zidane, Schevchenko, Lampard, Totti, Deco, Nedved, Nilsteroy, Xavi, Riquelme, Ballack e alguns outros.
Imagine se houvesse mais técnicos ousados, visionários, preocupados não somente com a vitória, mas também com qualidade do espetáculo, e que orientassem os seus jogadores para não fazer tantas faltas nem usar de carrinhos e de violência.
Imagine se os dirigentes fossem melhores profissionais, mais competentes, mais preocupados com o futuro do futebol e com o sucesso dos seus clubes do que com as suas vaidades e seus interesses políticos e econômicos.
Imagine se toda a imprensa fosse totalmente independente e todos procurassem informar bem e opinar com imparcialidade, sem julgamentos prévios e sem bairrismo, corporativismo e ufanismo.
Imagine se os torcedores cantassem, gritassem, festejassem aplaudissem, vaiassem, sem brigas e sem violência dentro e fora dos estádios.
Vocês podem dizer que sou um sonhador, mas não sou o único.


E-mail: tostao.folha@uol.com.br

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