São Paulo, segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

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entrevista

Lei pode ficar mais rigorosa, diz Dick Pound

DA REPORTAGEM LOCAL

Não é só a China que entra no rol de preocupações do mandatário da Wada. Dick Pound diz, em entrevista à Folha, que nenhum lugar está livre da ameaça do doping e revela que as leis contra o uso de drogas para melhorar a performance esportiva podem ficar mais rigorosas. No ano que vem, em Madri, haverá nova rodada de discussões em congresso promovido pela Wada. Algumas federações, como a de atletismo, defendem punições mais alongadas. Além disso, há dirigentes que querem até banir da Olimpíada todos os que forem punidos por doping. A proposta deve entrar em discussão nas próximas reuniões do Comitê Olímpico Internacional.0 (ALF)

 

FOLHA - Recentemente a China descobriu que uma escola de atletismo fornecia drogas a seus alunos. O que o sr. acha desse tipo de prática ocorrer no país que será sede da próxima Olimpíada?
DICK POUND
- É um problema que preocupa a Wada e a comunidade esportiva internacional. Visitei Pequim e discuti com as autoridades de lá esse e outros problemas, como a produção clandestina e as exportações chinesas de drogas usadas no doping.

FOLHA - O governo chinês está atacando com rigor as fraudes?
POUND
- Eles estão agindo. Junto com o Bocog [Comitê Organizador de Pequim-08], estão cientes das dificuldades. Além disso, sabe que a percepção do mundo sobre o sucesso dos Jogos dependerá da maneira como o país irá lidar com esse problema.

FOLHA - Que tipo de doping causa mais temores em Pequim-08?
POUND
- Agora, estamos mais preocupados com as formas de doping tradicionais. Mas temos consciência do perigo da manipulação genética e trabalhamos com os maiores cientistas da área. Queremos desenvolver teste confiável para doping genético a tempo de flagrar os atletas que usarem esse tipo de técnica para tentar burlar o Código Mundial Antidoping.

FOLHA - Além da China, que países mais preocupam a Wada?
POUND
- Nenhum lugar está livre dos riscos do doping.

FOLHA - Houve dificuldade de entendimento entre a Wada e algumas federações. Como está a situação do futebol, que defende punições mais brandas?
POUND
- A Fifa adotou integralmente o Código Mundial Antidoping. Assim, o futebol irá permanecer na Olimpíada. Pelo acordo, a Wada tem direito de apelar contra todas as deliberações que não estejam de acordo com o Código. Já agimos assim com relação a uma decisão recente da federação mexicana.

FOLHA - O sr. também já criticou a lentidão do ciclismo em combater o problema. Após a descoberta do doping de Floyd Landis, vencedor da Volta da França, como fica a situação do esporte?
POUND
- Mantenho minha opinião de que o ciclismo ainda não fez o suficiente. Eles precisam de mudança radical para resgatar a credibilidade. Landis deu uma série de explicações tentando questionar a confiabilidade do teste a que foi submetido. Seu caso está sob apelação, e não sei qual será o resultado.

FOLHA - Por outro lado, o atletismo quer subir a punição inicial para quatro anos. O sr. concorda?
POUND
- Vamos discutir se a regra de dois anos de suspensão, quando não há circunstância excepcional, deve permanecer, ser aumentada ou diminuída, em nossa próxima Conferência Mundial, em Madri, no ano que vem.

FOLHA - Dirigentes do COI defendem expulsar dos Jogos os atletas já punidos por doping...
POUND
- Não soube dessa proposta, mas o COI adotou o Código Mundial Antidoping, que, no momento, não expulsa o atleta na primeira punição. Essa proposta ainda não foi discutida no comitê.


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