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Esporte traça plano para viabilizar lei
Ministro quer apoio de Gilberto Gil, da Cultura, para mudar limite de dedução do IR para quem investir nas duas áreas
Orlando Silva Jr. pedirá ao colega que ambos unam forças para que alíquota vá de 4% para 8%, o que deve ter resistência da Fazenda
MÔNICA BERGAMO
COLUNISTA DA FOLHA
Numa tentativa de acordo
com o Ministério da Cultura,
que tem bombardeado a Lei de
Incentivo Fiscal ao Esporte, o
ministro do Esporte, Orlando
Silva Jr., lançará mais lenha na
polêmica em torno do projeto.
Ele quer propor ao ministro
Gilberto Gil, da Cultura, que os
dois se unam para aumentar de
4% para 8% o limite de dedução
do Imposto de Renda para as
empresas que façam investimento em cultura ou nos esportes amadores.
O próprio ministro do Esporte espera que a proposta enfrente grande resistência do
Ministério da Fazenda: a equipe econômica do governo, como as de todos os governos,
tem ojeriza a propostas de incentivo fiscal, que diminuem a
arrecadação federal.
Silva Jr. discutirá a idéia com
Gil hoje, numa reunião no Rio
de Janeiro. "Eu prefiro "brigar"
com a equipe econômica do que
com o Ministério da Cultura.
Pelo menos já estou mais acostumado", afirma ele.
A lei de incentivo fiscal para o
esporte já foi aprovada na Câmara e deve ser apreciada nesta
semana pelo Senado.
Sua discussão está enfrentando grande resistência do
MinC, de artistas de primeiro
time, como Fernanda Montenegro, e de produtores culturais. Eles acreditam que a aprovação da lei abrirá uma disputa
de projetos culturais com os esportivos em torno dos recursos
das empresas que investem
usando benefícios fiscais.
Surpresa
O secretário-executivo do
MinC, Juca Ferreira, lidera a
reação. Ele diz que a lei de incentivo ao esporte vai "canibalizar" os recursos para o setor.
Afirma também que, como
prevê abatimento de 100% do
IR, e a de Cultura, em alguns casos, só 30%, os esportistas chegarão "bombados" ao guichê
das empresas, numa disputa
desleal, já que investimentos
em cultura perderiam "atratividade" para os patrocinadores.
Silva Jr. diz que o temor do
MinC não se justifica, já que as
empresas têm estratégias de
marketing e públicos diferenciados. Assim, quem investe em
Cultura não suspenderia os patrocínios só por causa da aprovação da lei do esporte. "A Petrobras não vai deixar de investir em cinema, assim como o
Banco do Brasil, que decidiu
patrocinar atletas para rejuvenescer sua marca, jamais deixou de fazê-lo porque existia
uma lei de incentivo à cultura."
Silva Jr. afirma que, caso sua
proposta de ampliação dos incentivos fiscais vingue, o problema da "concorrência brutal"
entre os dois setores, apontado
pelo MinC, estará definitivamente afastado.
Ele afirma ainda estar "surpreso com a surpresa" do setor
cultural com a aprovação da lei,
já que ela está em discussão no
Congresso desde maio.
A intenção do ministro do
Esporte é convencer Gil a abraçar a idéia e apoiar a aprovação
imediata da lei para o esporte.
Em seguida, eles "lutariam" para aprovar no Congresso o aumento do limite de 4% para 8%
nas deduções do IR para quem
investir nos dois setores. "O
Ministério da Fazenda é contra
tudo [o que diz respeito a incentivos fiscais], mas o clima
no Congresso é muito bom."
Caso a resistência continue, e
o MinC tenha força para adiar a
votação, a lei para o esporte não
será mais implantada em 2007,
como quer Silva Jr. Como trata
de mudança tributária, a proposta tem que ser aprovada no
ano anterior à sua aplicação.
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