São Paulo, Quarta-feira, 12 de Janeiro de 2000


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Pra balançar esse filó

TOSTÃO
Colunista da Folha

O Manchester foi uma decepção. O time inglês jogou sem brilho, apático, cometeu graves erros individuais e coletivos em todos os jogos e foi prejudicado pela expulsão de seu melhor jogador -Beckham-, no primeiro tempo da partida inicial, contra o Necaxa. Ele não jogou contra o Vasco.
O Manchester cometeu outro erro imperdoável contra o Vasco, ao jogar com os zagueiros em linha, adiantados e sem cobertura. Romário e Edmundo têm as características ideais (velocidade e habilidade) para enfrentar esse tipo de marcação. O Real Madrid apresentou o mesmo problema, o que era esperado.
Não se pode dizer, como ouvi várias vezes, que a equipe inglesa e Beckham não jogam nada. Um time e seus jogadores precisam ser analisados pela média de suas atuações, e não por poucas partidas. No ano passado, os ingleses ganharam a Copa da Inglaterra, o Inglês, a Copa dos Campeões e o Mundial em Tóquio.
Em 1999, o time não encantou, mas foi o mais eficiente do mundo. Neste início de ano, não é mais e não sei se voltará a ser. É uma boa equipe e merece respeito. Não é um timaço nem um timinho.

Karembeu, do Real Madrid, foi eleito, por unanimidade, o pior jogador do Mundial. Nem sempre a unanimidade é burra.

O gol de Edílson, contra o Real Madrid, foi maravilhoso, mas previsível. Era a jogada anunciada. O do Edmundo, contra o Manchester, foi ainda mais bonito, por causa da imprevisibilidade. Um golaço. Um dos mais bonitos da história do Maracanã.

Eu e o jornalista Fernando Calazans estivemos nesta semana com Chico Buarque, no Rio. No campo de pelada do craque, poeta, cantor, compositor, escritor e principalmente boa gente, participamos de uma gravação de um documentário, um bate-papo sobre sua obra e paixão pelo futebol.
Fiquei com inveja ao ver o Chico magrinho, jovem, com um corpo de um ponta driblador e rápido, como um canhoteiro, ou de um atacante fino e genial, como um pagão. Imaginava que o Chico era somente um apaixonado pelo futebol. Em seu campo, vi que ele é também bom de bola. Chico se orgulha em ter jogado numa equipe profissional da terceira divisão da Itália.
Ronaldo, da Inter, apareceu por lá. Andava com dificuldades, mas sem muletas. Ele está bem melhor, confiante em sua total recuperação. Fiquei preocupado com o futuro do jogador ao ouvir uma entrevista dele e de seu fisioterapeuta Filé. Eles profetizavam uma recuperação mais rápida do que a projetada pelos médicos. Os fisioterapeutas adoram bater recorde de recuperação. Impressiona.
Depois de tantos problemas, Ronaldo não pode ter pressa nem se precipitar em voltar aos gramados. Todos nós que admiramos seu futebol teremos paciência em esperá-lo. Acredito que sua grande Copa será a próxima.

Wanderley Luxemburgo, repito, um excelente treinador, ficou com raiva e rebateu minhas críticas num programa de televisão. Ele poderia falar de meus defeitos, pecados (que não são poucos), mas preferiu dizer que não gosto e só falo mal do futebol. Não entendi.
O técnico precisa entender que as críticas que recebeu (minhas e de outros colunistas) por suas últimas atitudes não têm nada a ver com perseguição pessoal. Vamos criticá-lo e elogiá-lo, de acordo com nossas convicções. Não fazemos parte do oba-oba. Como narciso, Luxemburgo não gosta e acha feio o que não é espelho.

A seleção pré-olímpica faz hoje um jogo treino contra Trinindad e Tobago. Concordo com Luxemburgo quando ele diz que será mais difícil se classificar para a Olimpíada do que para a Copa. São apenas duas vagas, e a diferença da seleção brasileira pré-olímpica para as outras seleções é menor do que ocorre com a seleção principal.
O Brasil tem hoje um menor número de jogadores de destaque na seleção sub-23 do que o que tinha na última Olimpíada. Naquela equipe, Dida, Roberto Carlos, Flávio Conceição, Zé Elias, Ronaldo e Sávio já eram experientes e atuavam no time principal. O Brasil foi campeão do Pré-Olímpico, na Argentina. Aldair, Bebeto e Rivaldo reforçaram o time na Olimpíada, quando o Brasil foi eliminado pela Nigéria.
Na seleção atual, somente Alex e Ronaldinho do Grêmio têm participado do time principal. Nenhum dos dois é titular da equipe que vai disputar as eliminatórias. Os outros dois, Felipe e Denílson, foram dispensados. Felipe, por imposição do Vasco, e Denílson, porque Luxemburgo não permitiu que ele fizesse duas partidas pelo Betis e voltasse cinco dias antes da estréia. Em seus lugares, entraram Baiano e Fabiano.
O Brasil é o favorito, por jogar em casa, pela tradição, pelos bons jogadores e pelo bom técnico, mas terá muitas dificuldades.

E-mail tostao.folha@uol.com.br




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