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Pra balançar esse filó
TOSTÃO
Colunista da Folha
O Manchester foi uma decepção. O time inglês jogou sem brilho, apático, cometeu graves erros
individuais e coletivos em todos os
jogos e foi prejudicado pela expulsão de seu melhor jogador -Beckham-, no primeiro tempo da
partida inicial, contra o Necaxa.
Ele não jogou contra o Vasco.
O Manchester cometeu outro erro imperdoável contra o Vasco, ao
jogar com os zagueiros em linha,
adiantados e sem cobertura. Romário e Edmundo têm as características ideais (velocidade e habilidade) para enfrentar esse tipo de
marcação. O Real Madrid apresentou o mesmo problema, o que
era esperado.
Não se pode dizer, como ouvi
várias vezes, que a equipe inglesa
e Beckham não jogam nada. Um
time e seus jogadores precisam ser
analisados pela média de suas
atuações, e não por poucas partidas. No ano passado, os ingleses
ganharam a Copa da Inglaterra,
o Inglês, a Copa dos Campeões e o
Mundial em Tóquio.
Em 1999, o time não encantou,
mas foi o mais eficiente do mundo. Neste início de ano, não é mais
e não sei se voltará a ser. É uma
boa equipe e merece respeito. Não
é um timaço nem um timinho.
Karembeu, do Real Madrid, foi
eleito, por unanimidade, o pior jogador do Mundial. Nem sempre a
unanimidade é burra.
O gol de Edílson, contra o Real
Madrid, foi maravilhoso, mas
previsível. Era a jogada anunciada. O do Edmundo, contra o
Manchester, foi ainda mais bonito, por causa da imprevisibilidade. Um golaço. Um dos mais bonitos da história do Maracanã.
Eu e o jornalista Fernando Calazans estivemos nesta semana
com Chico Buarque, no Rio. No
campo de pelada do craque, poeta, cantor, compositor, escritor e
principalmente boa gente, participamos de uma gravação de um
documentário, um bate-papo sobre sua obra e paixão pelo futebol.
Fiquei com inveja ao ver o Chico
magrinho, jovem, com um corpo
de um ponta driblador e rápido,
como um canhoteiro, ou de um
atacante fino e genial, como um
pagão. Imaginava que o Chico era
somente um apaixonado pelo futebol. Em seu campo, vi que ele é
também bom de bola. Chico se orgulha em ter jogado numa equipe
profissional da terceira divisão da
Itália.
Ronaldo, da Inter, apareceu por
lá. Andava com dificuldades, mas
sem muletas. Ele está bem melhor,
confiante em sua total recuperação. Fiquei preocupado com o futuro do jogador ao ouvir uma entrevista dele e de seu fisioterapeuta Filé. Eles profetizavam uma recuperação mais rápida do que a
projetada pelos médicos. Os fisioterapeutas adoram bater recorde
de recuperação. Impressiona.
Depois de tantos problemas, Ronaldo não pode ter pressa nem se
precipitar em voltar aos gramados. Todos nós que admiramos
seu futebol teremos paciência em
esperá-lo. Acredito que sua grande Copa será a próxima.
Wanderley Luxemburgo, repito,
um excelente treinador, ficou com
raiva e rebateu minhas críticas
num programa de televisão. Ele
poderia falar de meus defeitos, pecados (que não são poucos), mas
preferiu dizer que não gosto e só
falo mal do futebol. Não entendi.
O técnico precisa entender que
as críticas que recebeu (minhas e
de outros colunistas) por suas últimas atitudes não têm nada a ver
com perseguição pessoal. Vamos
criticá-lo e elogiá-lo, de acordo
com nossas convicções. Não fazemos parte do oba-oba. Como narciso, Luxemburgo não gosta e
acha feio o que não é espelho.
A seleção pré-olímpica faz hoje
um jogo treino contra Trinindad
e Tobago. Concordo com Luxemburgo quando ele diz que será
mais difícil se classificar para a
Olimpíada do que para a Copa.
São apenas duas vagas, e a diferença da seleção brasileira pré-olímpica para as outras seleções é
menor do que ocorre com a seleção principal.
O Brasil tem hoje um menor número de jogadores de destaque na
seleção sub-23 do que o que tinha
na última Olimpíada. Naquela
equipe, Dida, Roberto Carlos,
Flávio Conceição, Zé Elias, Ronaldo e Sávio já eram experientes
e atuavam no time principal. O
Brasil foi campeão do Pré-Olímpico, na Argentina. Aldair, Bebeto e Rivaldo reforçaram o time na
Olimpíada, quando o Brasil foi
eliminado pela Nigéria.
Na seleção atual, somente Alex
e Ronaldinho do Grêmio têm participado do time principal. Nenhum dos dois é titular da equipe
que vai disputar as eliminatórias.
Os outros dois, Felipe e Denílson,
foram dispensados. Felipe, por
imposição do Vasco, e Denílson,
porque Luxemburgo não permitiu que ele fizesse duas partidas
pelo Betis e voltasse cinco dias antes da estréia. Em seus lugares,
entraram Baiano e Fabiano.
O Brasil é o favorito, por jogar
em casa, pela tradição, pelos bons
jogadores e pelo bom técnico, mas
terá muitas dificuldades.
E-mail tostao.folha@uol.com.br
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