São Paulo, domingo, 12 de janeiro de 2003

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CADÊ A BOLA?

A FRONTEIRA

Longas viagens são o problema

DA REPORTAGEM LOCAL

Suando por todos os poros, João Carlos Lopes Soares deixou rapidamente o ônibus e foi direto para o gramado. Acabara de cumprir, sob um sol intenso, os 604 km entre as cidades de Uruguaiana e Pelotas, onde enfrentaria o time local por uma vaga na primeira divisão do futebol gaúcho.
Um empate bastava para que seu time, o Ferro Carril, garantisse vaga na elite do Estado. "Mas a viagem acabou com a gente. Seguramos até os 43min do segundo tempo. Depois, mortos, não aguentamos o ritmo e acabamos levando o gol", lembra.
O caso de Soares ocorreu numa tarde de 1974, mas ainda serve de exemplo das dificuldades que as cidades fronteiriças enfrentam para manter um time de futebol.
Com exceção do Mato Grosso do Sul, todos os outros Estados brasileiros que fazem fronteira com diferentes países raramente conseguem congregar em seus campeonatos oficiais as cidades afastadas dos grandes centros.
O caso de Uruguaiana, no extremo sul do Brasil, é emblemático. O município, que faz fronteira com a Argentina, já chegou a contar com três equipes em diferentes divisões do futebol gaúcho -além do Ferro Carril, disputavam torneios da federação o Saviana e o EC Uruguaiana.
Atualmente, contudo, a cidade não tem representação em nenhum torneio profissional.
"E o pior é que temos uma molecada boa de bola. É uma pena não podermos bancar as viagens. Vejo muitos talentos crescerem por aqui. Certamente teríamos um time competitivo", conta Soares, hoje com 61 anos, que atuou ao lado de Luiz Felipe Scolari no Aymoré. (PC E GR)


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