São Paulo, domingo, 12 de janeiro de 2003

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FUTEBOL

O recorde de Parreira e Zagallo

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Nunca a seleção brasileira teve uma comissão técnica tão experiente em Mundiais como a que foi montada agora.
Somando o currículo dos membros da nova comissão da equipe pentacampeã, chega-se à incrível marca de 26 Copas disputadas -só levando em conta os Mundiais em que tais profissionais disputaram o título, pois Carlos Alberto Parreira e Zagallo já trabalharam em Copas sem lutar pela taça, como observador da Fifa ou mesmo comentarista de TV.
Os ""novos" técnico e coordenador da seleção brasileira carregam seis Mundiais em suas costas. Confirmados para 2006, deverão igualar a impressionante marca dos lendários massagistas Mário Américo e Nocaute Jack, que trabalharam em nada menos que sete Copas.
Américo estreou ainda no Mundial de 1950, no Brasil, atravessou o tricampeonato e a era Pelé e passou o bastão para Jack, que foi do tri até o tetra com Parreira. Zagallo ganhou quatro títulos, mas só em 2006 poderá alcançar os simpáticos massagistas em "defender a amarelinha" em Copas -Américo pegou até a época do uniforme branco.
Parreira, que pode igualar Vittorio Pozzo e ser o técnico com mais títulos da Copa, já dirigiu Kuait, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita. Deverá empatar com Bora Milutinovic em número de Mundiais disputados como treinador, mas o sérvio nunca guiou duas vezes o mesmo país.
O técnico do tri e o técnico do tetra (pela primeira vez uma dupla de treinadores campeões mundiais pode dirigir um time em uma Copa) estão empatados ainda em número de Copas com brasileiros de bem menos fama, como o cozinheiro Mário Vieira Rocha (1970, 74, 78, 82, 86 e 90).
Outro Américo vai também escrevendo seu nome no mais importante torneio de futebol. O supervisor Américo Faria, sem fazer alarde, esteve com Luiz Felipe Scolari em 2002, com Zagallo em 1998, com Parreira em 1994 e até com Sebastião Lazaroni em 1990. Em 2006, ele deverá igualar o número de Copas do médico Lídio Toledo (1974, 78, 90, 94 e 98).
O preparador físico Moraci Sant'Anna é bastante lembrado pelo tetra em 1994, mas pouca gente lembra que ele integrou a delegação nacional nas Copas de 1982 e 86 com Telê Santana.
O preparador físico Paulo Paixão e o treinador de goleiros Wendell Ramalho, ""novatos" em Copas para os padrões atuais da comissão técnica da seleção brasileira, estiveram na França em 1998 e na Ásia no ano passado.
O médico José Luiz Runco, o fisioterapeuta Luiz Alberto Rosan e o assessor de imprensa Rodrigo Paiva estão ""apenas começando'", mas deverão defender o título obtido pela ""Família Scolari" daqui a três anos na Alemanha.
Sem contar Ênio Farias, o coordenador-assistente das categorias de base (a coluna não contou Ricardo Gomes, técnico da seleção olímpica que jogou a Copa de 1990 e que, por uma contusão, foi cortado do Mundial de 94), só o assistente técnico Jairo Lopes Leal não foi campeão mundial no grupo montado por Ricardo Teixeira (se tivesse contado as quatro Copas desse, seriam 30 Mundiais).
Quando Luxemburgo assumiu a seleção, esta coluna destacou seu pífio currículo internacional. Quando Felipão foi chamado, apontou para sua competitividade e o título em 2002. Quanto a Parreira, resumo: fazer história.

Modesto

Teve grande repercussão um texto no site da Fifa sobre a ida de Parreira para a seleção em que o adjetivo modesto foi associado ao Corinthians. Inocente, a Fifa está respondendo aos protestos de alguns torcedores (li uma resposta). Primeiro, o texto é da Reuters, respeitável agência de notícias. Depois, a instituição Corinthians não foi chamada de modesta. O jornalista que escreveu o texto disse que o time do Corinthians que Parreira dirigiu no ano passado era modesto. Não concordo com tal opinião, mas também não concordo com os que estão fazendo terrorismo sobre o caso.

Vencedor

Luiz Felipe Scolari, com a ajuda do voto desta coluna, foi eleito o melhor técnico de seleção de 2002 pela IFFHS batendo o recorde de pontos (286) da história dessa votação. Já Ronaldo fechou o ano em 4º lugar na lista dos goleadores internacionais do ano (12 gols, dois a menos que Van Nistelrooy). Collina foi o melhor árbitro.

E-mail rbueno@folhasp.com.br


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