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FUTEBOL
Ah, como estava com saudade de você
JOSÉ ROBERTO TORERO
COLUNISTA DA FOLHA
Sim, eu confesso: estava
com saudade de você. No final do ano passado, nós tivemos
alguns problemas. Houve muita
briga, muita polêmica, e cheguei
até a ficar meio aborrecido, meio
desgostoso com você.
Mas, depois de duas semanas de
separação, eu vi como você faz
falta. Sim, sem você meus dias
eram longos, minhas noites eram
longuíssimas, e meus finais de semana, intermináveis.
Nosso reencontro, ontem à tarde, foi delicioso. Meu coração bateu mais forte desde o primeiro
minuto. E nos outros 89 não foi
diferente. A hora é que foi um
tanto estranha: 15h30 de uma
quarta-feira não é exatamente
um bom horário para rever amores. Ainda mais com aquele sol.
Mas e daí? Você está de volta e isso é o que importa. Ah, meu futebolzinho, que saudade de você...
Noroeste x Corinthians foi uma
boa partida de retorno, com a característica mais charmosa do
Campeonato Paulista, que é o time pequeno enfrentando o time
grande de igual para igual.
Logo no início o Noroeste fez
vários ataques pelo seu lado esquerdo. Até os 20 minutos o Corinthians ficava só no contra-ataque. O Noroeste tinha mais entrosamento e, principalmente, mais
fôlego. Tanto que todos os rebotes
eram dele, principalmente porque seus jogadores corriam atrás
de cada bola rebatida.
Mas o Corinthians tem jogadores mais decisivos e um deles,
Marcelo Mattos, campeão paulista no ano retrasado pelo São Caetano, fez um belo gol aos 24min.
Pena que o bandeira não viu.
Lá pelos 35min as coisas equilibraram. E, justamente aí (ah, como o futebol às vezes se parece
com as mulheres, pois, quando as
desejamos, não nos querem, mas,
quando já nem pensamos tanto
nelas, dão-nos uma piscadinha
maliciosa), o Noroeste fez seu gol.
Um golaço.
No segundo tempo, o jogo foi
equilibrado, mas menos agudo do
que no primeiro. Houve muitas
faltas, cansaço e as melhores
chances ficaram nos chutes de
longe e nos escanteios. Nesta etapa, o Corinthians esteve melhor.
Principalmente nos 15 minutos finais, quando percebeu que realmente iria perder a partida. Mas
aí já era tarde.
Rafael Moura fez uma estréia
convincente, nem brilhante nem
decepcionante. Brigou e se esforçou. Para uma primeira partida,
é o suficiente. No Noroeste, o destaque foi o pessoal do meio-de-campo, que toca bem a bola, sem
pressa e jogando compactamente.
Luciano Bebê, ex-Corinthians, foi
o destaque do grupo. O pequeno
grande jogador fez bons lançamentos, deu dribles habilidosos e
organizou o jogo.
Depois da partida de ontem, o
Noroeste já se credencia a ser a
surpresa do interior deste ano.
Quanto ao Corinthians, acho que
o maior problema não foi a derrota, mas o fato de os jogadores do
Corinthians parecerem se importar pouco com ela. Eles saíram de
campo tranqüilos demais, quase
felizes, como se ainda estivessem
inebriados pela conquista do Brasileiro. Talvez só com o começo da
Libertadores o pessoal acorde.
Goleiros
O Corinthians precisa de um
goleiro. Marcelo é competente,
mas, para quem quer vencer a
Libertadores, é pouco. O time
necessita de arqueiro que faça
uns milagres de vez em quando, como fez Fábio Costa no
fim de 2005. Herrera, que acabou de chegar, talvez seja o homem. Veremos. Já Mauro pode
sobressair no Noroeste. É bom
goleiro, mas falha às vezes. Se o
"às vezes" virar "de vez em
quando" ou "quase nunca",
pode voltar a um grande time.
Chip
O chip que diz quando a bola
entra no gol faria diferença ontem. É inacreditável que a Fifa
rejeite o avanço tecnológico para ajudar a arbitragem. Enquanto isso, partidas são vencidas por times que não merecem
e injustiças são cometidas.
E-mail torero@uol.com.br
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