São Paulo, quinta-feira, 12 de janeiro de 2006

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FUTEBOL

Ah, como estava com saudade de você

JOSÉ ROBERTO TORERO
COLUNISTA DA FOLHA

Sim, eu confesso: estava com saudade de você. No final do ano passado, nós tivemos alguns problemas. Houve muita briga, muita polêmica, e cheguei até a ficar meio aborrecido, meio desgostoso com você.
Mas, depois de duas semanas de separação, eu vi como você faz falta. Sim, sem você meus dias eram longos, minhas noites eram longuíssimas, e meus finais de semana, intermináveis.
Nosso reencontro, ontem à tarde, foi delicioso. Meu coração bateu mais forte desde o primeiro minuto. E nos outros 89 não foi diferente. A hora é que foi um tanto estranha: 15h30 de uma quarta-feira não é exatamente um bom horário para rever amores. Ainda mais com aquele sol. Mas e daí? Você está de volta e isso é o que importa. Ah, meu futebolzinho, que saudade de você...
Noroeste x Corinthians foi uma boa partida de retorno, com a característica mais charmosa do Campeonato Paulista, que é o time pequeno enfrentando o time grande de igual para igual.
Logo no início o Noroeste fez vários ataques pelo seu lado esquerdo. Até os 20 minutos o Corinthians ficava só no contra-ataque. O Noroeste tinha mais entrosamento e, principalmente, mais fôlego. Tanto que todos os rebotes eram dele, principalmente porque seus jogadores corriam atrás de cada bola rebatida.
Mas o Corinthians tem jogadores mais decisivos e um deles, Marcelo Mattos, campeão paulista no ano retrasado pelo São Caetano, fez um belo gol aos 24min. Pena que o bandeira não viu.
Lá pelos 35min as coisas equilibraram. E, justamente aí (ah, como o futebol às vezes se parece com as mulheres, pois, quando as desejamos, não nos querem, mas, quando já nem pensamos tanto nelas, dão-nos uma piscadinha maliciosa), o Noroeste fez seu gol. Um golaço.
No segundo tempo, o jogo foi equilibrado, mas menos agudo do que no primeiro. Houve muitas faltas, cansaço e as melhores chances ficaram nos chutes de longe e nos escanteios. Nesta etapa, o Corinthians esteve melhor. Principalmente nos 15 minutos finais, quando percebeu que realmente iria perder a partida. Mas aí já era tarde.
Rafael Moura fez uma estréia convincente, nem brilhante nem decepcionante. Brigou e se esforçou. Para uma primeira partida, é o suficiente. No Noroeste, o destaque foi o pessoal do meio-de-campo, que toca bem a bola, sem pressa e jogando compactamente. Luciano Bebê, ex-Corinthians, foi o destaque do grupo. O pequeno grande jogador fez bons lançamentos, deu dribles habilidosos e organizou o jogo.
Depois da partida de ontem, o Noroeste já se credencia a ser a surpresa do interior deste ano. Quanto ao Corinthians, acho que o maior problema não foi a derrota, mas o fato de os jogadores do Corinthians parecerem se importar pouco com ela. Eles saíram de campo tranqüilos demais, quase felizes, como se ainda estivessem inebriados pela conquista do Brasileiro. Talvez só com o começo da Libertadores o pessoal acorde.

Goleiros
O Corinthians precisa de um goleiro. Marcelo é competente, mas, para quem quer vencer a Libertadores, é pouco. O time necessita de arqueiro que faça uns milagres de vez em quando, como fez Fábio Costa no fim de 2005. Herrera, que acabou de chegar, talvez seja o homem. Veremos. Já Mauro pode sobressair no Noroeste. É bom goleiro, mas falha às vezes. Se o "às vezes" virar "de vez em quando" ou "quase nunca", pode voltar a um grande time.

Chip
O chip que diz quando a bola entra no gol faria diferença ontem. É inacreditável que a Fifa rejeite o avanço tecnológico para ajudar a arbitragem. Enquanto isso, partidas são vencidas por times que não merecem e injustiças são cometidas.

E-mail torero@uol.com.br


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