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atrás das grades
Justiça coloca Marion Jones na prisão
Estrela da Olimpíada-2000, ex-velocista é condenada por ter mentido em investigação sobre uso de drogas no esporte
Americana, que admitiu doping e perdeu medalhas obtidas em Sydney, ficará 6 meses detida e prestará 800 horas de serviço comunitário
ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
A ex-velocista Marion Jones
foi condenada ontem, pela Justiça dos EUA, a seis meses de
prisão por mentir em investigação federal sobre uso de drogas
no esporte. Além da pena, Marion, que teve seu segundo filho
em 2007, terá que prestar 800
horas de serviços comunitários
nos próximos dois anos.
A pena foi aplicada pelo juiz
Kenneth Karas, que ressaltou
que a sentença era pelo fato de
a ex-atleta ter obstruído a Justiça, não por fraude esportiva.
"Se cometi erros, foi por ter
mentido aos investigadores",
disse Marion Jones, antes de
chorar. Ela foi amparada pelo
marido, o barbadiano Obadele
Thompson, bronze nos 100 m
na Olimpíada de Sydney-2000.
Como único desejo, a norte-americana pediu que não fosse
separada de seus dois filhos
"nem por um período curto".
Em outubro, Marion Jones
admitiu o uso de doping em sua
preparação para a Olimpíada
de Sydney. Poucos dias depois,
anunciou o fim da carreira. Na
Austrália, ela se tornou a competidora do atletismo mais premiada em uma edição dos Jogos, com três ouros (100 m, 200
m e 4 x 400 m) e dois bronzes
(salto em distância e 4 x 100 m).
A partir de 2003, porém, sua
imagem começou a ser arranhada por suspeita de doping.
Marion Jones, 32, teve investigada sua ligação com o laboratório Balco, de Burlingame (Califórnia). A empresa desenvolveu o esteróide anabólico THG,
primeira droga criada especialmente para burlar os controles.
A descoberta da substância
respingou na elite do atletismo
local. Entre os flagrados estavam Dwain Chambers, então
recordista europeu dos 100 m,
Regina Jacobs, dona do melhor
tempo indoor dos 800 m, e Kelli White, campeã dos 100 m e
dos 200 m no Mundial-03.
Uma a uma as marcas começaram a ser cassadas, as medalhas, devolvidas, e boa parte dos
envolvidos desistiu da carreira.
Marion Jones, porém, sempre negou vínculo com drogas
ilícitas. Ela chegou a pedir US$
25 milhões (R$ 44 milhões) de
indenização a Victor Conte, dono do Balco, que a relacionou
entre os clientes do laboratório.
Antes de confessar ter usado
THG, enviou carta a amigos e
familiares admitindo a culpa.
Ela dizia que a droga havia sido
prescrita por Trevor Graham,
seu treinador, e que acreditava
que a substância fosse um suplemento de óleo de linhaça.
O juiz Karas, porém, afirmou
não acreditar em seu arrependimento e no desconhecimento de que estava ingerindo doping. "É difícil crer que um atleta de alta performance, que sabe que uma pequena vantagem
pode fazer a diferença, não soubesse o que colocava no corpo."
Seus advogados pediam que a
ex-atleta não fosse punida, pois
já teria sofrido humilhação pública ao admitir a culpa.
Antes com ganhos milionários de prêmios e patrocínios,
Marion Jones vive ruína financeira. A Iaaf (entidade que comanda o atletismo) ainda avalia o montante de ganhos da ex-atleta para pedir a devolução.
Por três vezes, a norte-americana dividiu prêmio de US$ 1
milhão (R$ 1,76 milhão) por
vencer as seis etapas da Liga de
Ouro, conjunto de provas mais
importantes do calendário.
Por ironia, suas performances obtidas através de fraude a
fizeram ser eleita três vezes ex-atleta do ano pela Iaaf. Ela é a
recordista nesta premiação.
Com agências internacionais
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