São Paulo, sábado, 12 de janeiro de 2008

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atrás das grades

Justiça coloca Marion Jones na prisão

Estrela da Olimpíada-2000, ex-velocista é condenada por ter mentido em investigação sobre uso de drogas no esporte

Americana, que admitiu doping e perdeu medalhas obtidas em Sydney, ficará 6 meses detida e prestará 800 horas de serviço comunitário


ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A ex-velocista Marion Jones foi condenada ontem, pela Justiça dos EUA, a seis meses de prisão por mentir em investigação federal sobre uso de drogas no esporte. Além da pena, Marion, que teve seu segundo filho em 2007, terá que prestar 800 horas de serviços comunitários nos próximos dois anos.
A pena foi aplicada pelo juiz Kenneth Karas, que ressaltou que a sentença era pelo fato de a ex-atleta ter obstruído a Justiça, não por fraude esportiva. "Se cometi erros, foi por ter mentido aos investigadores", disse Marion Jones, antes de chorar. Ela foi amparada pelo marido, o barbadiano Obadele Thompson, bronze nos 100 m na Olimpíada de Sydney-2000.
Como único desejo, a norte-americana pediu que não fosse separada de seus dois filhos "nem por um período curto".
Em outubro, Marion Jones admitiu o uso de doping em sua preparação para a Olimpíada de Sydney. Poucos dias depois, anunciou o fim da carreira. Na Austrália, ela se tornou a competidora do atletismo mais premiada em uma edição dos Jogos, com três ouros (100 m, 200 m e 4 x 400 m) e dois bronzes (salto em distância e 4 x 100 m).
A partir de 2003, porém, sua imagem começou a ser arranhada por suspeita de doping.
Marion Jones, 32, teve investigada sua ligação com o laboratório Balco, de Burlingame (Califórnia). A empresa desenvolveu o esteróide anabólico THG, primeira droga criada especialmente para burlar os controles.
A descoberta da substância respingou na elite do atletismo local. Entre os flagrados estavam Dwain Chambers, então recordista europeu dos 100 m, Regina Jacobs, dona do melhor tempo indoor dos 800 m, e Kelli White, campeã dos 100 m e dos 200 m no Mundial-03.
Uma a uma as marcas começaram a ser cassadas, as medalhas, devolvidas, e boa parte dos envolvidos desistiu da carreira.
Marion Jones, porém, sempre negou vínculo com drogas ilícitas. Ela chegou a pedir US$ 25 milhões (R$ 44 milhões) de indenização a Victor Conte, dono do Balco, que a relacionou entre os clientes do laboratório.
Antes de confessar ter usado THG, enviou carta a amigos e familiares admitindo a culpa. Ela dizia que a droga havia sido prescrita por Trevor Graham, seu treinador, e que acreditava que a substância fosse um suplemento de óleo de linhaça.
O juiz Karas, porém, afirmou não acreditar em seu arrependimento e no desconhecimento de que estava ingerindo doping. "É difícil crer que um atleta de alta performance, que sabe que uma pequena vantagem pode fazer a diferença, não soubesse o que colocava no corpo."
Seus advogados pediam que a ex-atleta não fosse punida, pois já teria sofrido humilhação pública ao admitir a culpa.
Antes com ganhos milionários de prêmios e patrocínios, Marion Jones vive ruína financeira. A Iaaf (entidade que comanda o atletismo) ainda avalia o montante de ganhos da ex-atleta para pedir a devolução.
Por três vezes, a norte-americana dividiu prêmio de US$ 1 milhão (R$ 1,76 milhão) por vencer as seis etapas da Liga de Ouro, conjunto de provas mais importantes do calendário.
Por ironia, suas performances obtidas através de fraude a fizeram ser eleita três vezes ex-atleta do ano pela Iaaf. Ela é a recordista nesta premiação.


Com agências internacionais


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