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FUTEBOL
A Libertadores vem aí
JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA
D os seis clubes brasileiros
que estão na Libertadores-2006, três são candidatos ao título, em maior ou menor grau.
Favorito mesmo só o São Paulo,
por tudo e, principalmente, pela
rapidez com que se recompôs.
É de longe o clube que melhor
contrata e o time brasileiro mais
temido pelos gramados da América, mesmo que não tenha nenhuma estrela assim dessas que
jogam na seleção brasileira.
Time equilibrado, com jogadores inteligentes e respaldo da direção, o tetra é bem possível.
Depois do São Paulo, vem o Corinthians e seu trauma na competição, agravado pelos problemas
internos vividos pela parceria
com a MSI e pela ausência de
uma defesa mais confiável, algo
que poderá ser compensado caso
Mascherano volte bem.
Do meio para a frente, o Corinthians é o melhor de todos -só
que seus cartolas são dos piores,
sobreviventes graças aos Excel,
HMTF e MSI da vida, que eles
chutam sem pudor.
E tem o Internacional, um pouco esquecido nestes tempos de
campeonatos estaduais, mas que,
ao que tudo indica, está trabalhando bem para buscar um título que também o traumatiza (o
Grêmio é bi). Manteve o bom time do ano passado e, além disso,
convive com a proximidade dos
hermanos em suas fronteiras.
Palmeiras e Goiás parecem candidatos, no máximo, a fazer boa
figura -e olhe lá.
Marcos, Gamarra, Juninho e
Edmundo formam uma espinha
dorsal interessante e experiente,
mas faltam atacantes e peças de
reposição ao instável Verdão
paulista.
Já o Verdão goiano mexeu demais em sua base da última temporada e, embora tenha feito bem
em contratar Vampeta, não pode
sonhar com vôos muito altos.
Finalmente, o Paulista. Se passar da primeira fase, já terá feito
muito, demais mesmo.
O futebol brasileiro tem boas
chances de ganhar novamente a
competição, apesar dos sinais de
recuperação do River Plate, agora
sob o comando de Daniel Passarela, e de que cada vez mais os
mexicanos são candidatos.
A seleção do México, aliás, deve
ser vista com atenção para a Copa da Alemanha.
Não só porque seu progresso recente é incontestável, como porque talvez seja a equipe que mais
tempo dedicará à preparação para a Copa, esforço que, por outro
lado, deve prejudicar as equipes
que estão na Libertadores.
Ricos e bem organizados, os clubes mexicanos só não chiam porque sabem o quanto pode significar, em prestígio e pesos, um
triunfo do país na Alemanha. E,
por favor, não ria do colunista
(deixe para fazê-lo na Copa).
Hoje é dia de reviver bons tempos no Maracanã, quando o futebol carioca era até melhor do que
o paulista. Por mais que Botafogo
e América, juntos, não formem
um grande time, o clima de nostalgia justifica que os olhos se voltem para a decisão da Taça Guanabara.
Já no Morumbi, Corinthians e
Santos farão um clássico desigual,
culpa do Santos, que se desfez.
Guerreiro
Após 13 anos como editor de Esportes desta Folha, Melchiades Filho,
também colunista de basquete, deixa o posto em busca de novas
façanhas. Algo que não pode passar sem registro. Porque Melk abriu
o caminho da cobertura sistemática dos bastidores do esporte na
imprensa diária do país, sem medo de enfrentar a crítica dos acomodados e, também, dos promíscuos sempre de costas aos direitos
dos leitores e obrigação dos jornalistas. Melk deixa uma lição indelével de bom jornalismo, além de deixar régua e compasso, exemplo
raro daquilo que Brecht definiu como típico dos homens imprescindíveis. E que não comemorem os poderosos, porque não vem
refresco por aí. Bons exemplos, às vezes, frutificam, e, aqui, é exatamente disso que se trata. A luta, caro leitor, continua. Como diz o
Melk, pau!
e-mail: blogdojuca@uol.com.br
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