São Paulo, terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

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Aos 30, Denílson vê no Palmeiras rota de volta à seleção

Atacante será apresentado hoje, às 12h, na Academia, e diz que se Luxemburgo quiser poderá escalá-lo em outra posição

Jogador se diz chateado com o São Paulo, que não quis recebê-lo em 2007 para que ele se recuperasse no clube que o projetou em 1994


RENAN CACIOLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A última imagem que grande parte dos torcedores no Brasil tem de Denílson é a da semifinal da Copa de 2002, quando nos instantes finais da vitória sobre a Turquia por 1 a 0 o atacante levou quatro rivais para "passear" pela ponta direita. De lá pra cá experimentou o ostracismo, apesar de citar a passagem pelo futebol francês como sua melhor fase pós-Mundial. Hoje, Denílson se apresenta no Palmeiras. Aos 30, ele quer voltar à seleção.

 

FOLHA - Sua última aparição de destaque foi no Mundial-02. Depois, vieram Betis, Bordeaux, Arábia e EUA. Por que o "sumiço" pós-Copa?
DENÍLSON -
Li num jornal que minha passagem pela França [2005/06] foi apagada, sendo que joguei quase todos os jogos e só terminamos atrás do Lyon. Depois da Copa, foi o meu melhor momento. Fui para a Arábia porque era um contrato muito bom, oito meses. Pelo Dallas eu fiz um contrato de quatro e joguei as finais dos playoffs [fez um gol em oito jogos].

FOLHA - Foi aos EUA por dinheiro?
DENÍLSON -
Se fosse pela grana, poderia ter recebido o mesmo no Brasil. Optei pelos EUA pela experiência de conhecer a cultura e o futebol deles. E foi uma experiência ótima.

FOLHA - A sua transação, em 1998 do São Paulo ao Betis, foi recorde na época (US$ 26 milhões). Mas era para um time de menor expressão. Se arrepende, ou financeiramente não tinha como recusar?
DENÍLSON -
Não me arrependo. Claro, teria sido ótimo ir para um clube maior. Mas naquele momento, das várias opções que eu tinha, nenhuma era tão boa financeiramente. O Betis, na verdade, foi uma surpresa. Dormi achando que estava no Barcelona, e acordei no Betis, que ofereceu o dobro.

FOLHA - O que te motiva a disputar um Paulista em campos ruins no interior do Estado, contra times de baixa qualidade técnica, depois de ter jogado pela Europa?
DENÍLSON -
Minha motivação é jogar futebol. É a única coisa que sei fazer.

FOLHA - Por que você preferiu treinar no Palmeiras, e não no São Paulo, clube que o projetou?
DENÍLSON -
Fui no São Paulo. Não me deixaram fazer a recuperação física. Alegaram que o CT e o Reffis são para os lesionados. Não era o meu caso.

FOLHA - Mas essa ordem partiu de alguém, especificamente?
DENÍLSON - Sim, do João Paulo [de Jesus Lopes, assessor especial da presidência].

FOLHA - Mas o que ele te disse?
DENÍLSON -
Que eu significava muito para o clube, mas que não estava autorizado a treinar.

FOLHA - Isso te magoou?
DENÍLSON -
Me chateou bastante. Não esperava nunca um "não" como resposta. Todo mundo conhece a ligação que eu tenho com o São Paulo. Mas agora não é mais o momento de falar do São Paulo.

FOLHA - Espera uma manifestação contrária da torcida são-paulina?
DENÍLSON -
Eu acredito que a reação vai ser positiva. Nunca tive problema com nenhuma torcida no Brasil. Seria uma grande surpresa para mim não ter o carinho dos torcedores.

FOLHA - Você tem 30 anos, ainda, apesar de já ser bem experiente. Acha que ainda tem gás para voltar à seleção e disputar a Copa de 2010?
DENÍLSON -
Com certeza. Voltar à seleção é minha prioridade, principalmente voltando para um clube de tradição. Vim para o Brasil pensando nisso.

FOLHA - O que está achando do Dunga como técnico da seleção?
DENÍLSON -
Joguei com o Dunga. Como treinador, teve a personalidade de renovar a seleção, algo que os torcedores não esperavam. Espero que ele continue assim. A seleção perdeu um pouco desse respeito quando joga contra outras equipes. Precisa recuperá-lo.

FOLHA - Você se destacou como um ponta-esquerda driblador. Ainda tem o mesmo fôlego de antes? Poderia atuar em outra posição?
DENÍLSON -
Amo jogar pela ponta. Sempre atuei ali. No Dallas, joguei de armador. Não foi uma posição que me desagradou.

FOLHA - Você vai ter a concorrência de Valdivia, Alex Mineiro... Já sabe com quem vai precisar "brigar"?
DENÍLSON -
Não sei. Isso fica a critério do Vanderlei. Estou chegando pra somar, ajudar. O Vanderlei pode contar comigo na posição que achar melhor. Isso é o mais importante.


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