Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Aos 30, Denílson vê no Palmeiras rota de volta à seleção
Atacante será apresentado hoje, às 12h, na Academia, e diz que se Luxemburgo quiser poderá escalá-lo em outra posição
Jogador se diz chateado com o São Paulo, que não quis recebê-lo em 2007 para que ele se recuperasse no clube que o projetou em 1994
RENAN CACIOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A última imagem que grande
parte dos torcedores no Brasil
tem de Denílson é a da semifinal da Copa de 2002, quando
nos instantes finais da vitória
sobre a Turquia por 1 a 0 o atacante levou quatro rivais para
"passear" pela ponta direita.
De lá pra cá experimentou o
ostracismo, apesar de citar a
passagem pelo futebol francês
como sua melhor fase pós-Mundial. Hoje, Denílson se
apresenta no Palmeiras. Aos
30, ele quer voltar à seleção.
FOLHA - Sua última aparição de
destaque foi no Mundial-02. Depois,
vieram Betis, Bordeaux, Arábia e
EUA. Por que o "sumiço" pós-Copa?
DENÍLSON - Li num jornal que
minha passagem pela França
[2005/06] foi apagada, sendo
que joguei quase todos os jogos
e só terminamos atrás do Lyon.
Depois da Copa, foi o meu melhor momento. Fui para a Arábia porque era um contrato
muito bom, oito meses. Pelo
Dallas eu fiz um contrato de
quatro e joguei as finais dos playoffs [fez um gol em oito jogos].
FOLHA - Foi aos EUA por dinheiro?
DENÍLSON - Se fosse pela grana,
poderia ter recebido o mesmo
no Brasil. Optei pelos EUA pela
experiência de conhecer a cultura e o futebol deles. E foi uma
experiência ótima.
FOLHA - A sua transação, em 1998
do São Paulo ao Betis, foi recorde na
época (US$ 26 milhões). Mas era para um time de menor expressão. Se
arrepende, ou financeiramente não
tinha como recusar?
DENÍLSON - Não me arrependo.
Claro, teria sido ótimo ir para
um clube maior. Mas naquele
momento, das várias opções
que eu tinha, nenhuma era tão
boa financeiramente. O Betis,
na verdade, foi uma surpresa.
Dormi achando que estava no
Barcelona, e acordei no Betis,
que ofereceu o dobro.
FOLHA - O que te motiva a disputar
um Paulista em campos ruins no interior do Estado, contra times de
baixa qualidade técnica, depois de
ter jogado pela Europa?
DENÍLSON - Minha motivação é
jogar futebol. É a única coisa
que sei fazer.
FOLHA - Por que você preferiu treinar no Palmeiras, e não no São Paulo, clube que o projetou?
DENÍLSON - Fui no São Paulo.
Não me deixaram fazer a recuperação física. Alegaram que o
CT e o Reffis são para os lesionados. Não era o meu caso.
FOLHA - Mas essa ordem partiu de
alguém, especificamente?
DENÍLSON - Sim, do João Paulo
[de Jesus Lopes, assessor especial da presidência].
FOLHA - Mas o que ele te disse?
DENÍLSON - Que eu significava
muito para o clube, mas que
não estava autorizado a treinar.
FOLHA - Isso te magoou?
DENÍLSON - Me chateou bastante. Não esperava nunca um
"não" como resposta. Todo
mundo conhece a ligação que
eu tenho com o São Paulo. Mas
agora não é mais o momento de
falar do São Paulo.
FOLHA - Espera uma manifestação
contrária da torcida são-paulina?
DENÍLSON - Eu acredito que a
reação vai ser positiva. Nunca
tive problema com nenhuma
torcida no Brasil. Seria uma
grande surpresa para mim não
ter o carinho dos torcedores.
FOLHA - Você tem 30 anos, ainda,
apesar de já ser bem experiente.
Acha que ainda tem gás para voltar
à seleção e disputar a Copa de 2010?
DENÍLSON - Com certeza. Voltar
à seleção é minha prioridade,
principalmente voltando para
um clube de tradição. Vim para
o Brasil pensando nisso.
FOLHA - O que está achando do
Dunga como técnico da seleção?
DENÍLSON - Joguei com o Dunga. Como treinador, teve a personalidade de renovar a seleção, algo que os torcedores não
esperavam. Espero que ele continue assim. A seleção perdeu
um pouco desse respeito quando joga contra outras equipes.
Precisa recuperá-lo.
FOLHA - Você se destacou como
um ponta-esquerda driblador. Ainda tem o mesmo fôlego de antes?
Poderia atuar em outra posição?
DENÍLSON - Amo jogar pela ponta. Sempre atuei ali. No Dallas,
joguei de armador. Não foi uma
posição que me desagradou.
FOLHA - Você vai ter a concorrência
de Valdivia, Alex Mineiro... Já sabe
com quem vai precisar "brigar"?
DENÍLSON - Não sei. Isso fica a
critério do Vanderlei. Estou
chegando pra somar, ajudar. O
Vanderlei pode contar comigo
na posição que achar melhor.
Isso é o mais importante.
Texto Anterior: José Roberto Torero: O rei dos bandoleiros Próximo Texto: Para fugir de terrorismo, Dacar será na América do Sul em 2009 Índice
|