São Paulo, domingo, 12 de março de 2006

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FUTEBOL

Corinthians tenta abafar crise e segurar treinador em duelo contra São Paulo, que o confronta até fora dos gramados

Clássico desafia contadores de vantagem

EDUARDO ARRUDA
TONI ASSIS

DA REPORTAGEM LOCAL

Os dois foram tomados pela mania de grandeza. Os dois são considerados os melhores do país. Um deles praticamente dá adeus a possibilidade do título hoje. Corinthians e São Paulo se enfrentam pela primeira vez em 2006 para não naufragarem na competição que tem gosto de pré-temporada para ambos.
No Morumbi, às 16h, está certo que nenhum dos dois liga muito para o Estadual, mas diante da rivalidade, que se intensificou muito fora do gramado nos últimos meses, o jogo vale o simbólico título de número 1 do Brasil.
Para o Corinthians, a vitória será ainda mais significativa. Vai dar uma pausa no inferno instalado no Parque São Jorge após a derrota para o Tigres, pela Libertadores. Para o técnico Antônio Lopes, então, nem se fala.
Questionado por dirigentes do clube e pelos atletas pratas da casa, revoltados por terem perdido espaço no time, o treinador joga com a corda no pescoço.
Além disso, quebrará um tabu de três anos sem vitórias sobre o rival. A última ocorreu na final do Paulista de 2003. Desde então, foram oito jogos, com cinco triunfos são-paulinos e três empates.
Para o São Paulo, que vive dias de calmaria, a vitória o deixaria perto do líder Santos na tabela. O time tem 26 pontos, um a mais que o adversário de hoje e cinco a menos que o clube do litoral, ao qual ainda vai pegar no torneio.
O desejo de superar o maior inimigo, porém, não tem preço. E isso em todos os níveis. A rivalidade está além do gramado e se acentuou na luta pelo melhor patrocínio, pelo melhor contrato de fornecedor de material esportivo, pela maior fatia da cota de TV e até pelo tamanho da torcida.
Bastou os corintianos anunciarem que a Samsung pagaria cerca de R$ 15 milhões por temporada para os são-paulinos darem o troco com a LG, que continuou a estampar a camisa do clube por cifra semelhante.
Depois, o clube do Morumbi fechou com a Reebok um contrato que pode lhe render até R$ 21 milhões em três anos. Os rivais, sem perder tempo, renovaram com a Nike por quatro anos, sendo R$ 5 milhões anuais só de luvas, e logo propalaram que tinham feito acordo mais vantajoso.
Campeões mundiais e da Libertadores, os são-paulinos questionam estudo do Clube dos 13 que dá vantagem ao Corinthians na distribuição de cotas de TV do Brasileiro. Argumentam que, no ano passado, tiveram mais exposição na mídia do que todos os outros times de elite do país.
Soou como provocação até, mas, empolgados com os títulos de 2005, os cartolas do Morumbi dizem que em 2013 terão a maior torcida do país, batendo flamenguistas e corintianos.
No Parque São Jorge, os cartolas tratam a projeção do adversário com desdém. Dizem ser impossível ultrapassar o número de torcedores corintianos.
Até quem não tem muita tradição no clássico provoca. "Para mim, o que vale é passarmos de fase na Libertadores. Não há diferença entre o São Paulo, o Marília e o Rio Branco", afirmou o iraniano Kia Joorabchian, presidente da MSI, que já sofreu nas mãos do rival no ano passado.
Após derrota no Paulista, invadiu o vestiário do Morumbi para protestar contra o técnico Tite, demitido no dia seguinte.
"De fato, uma vitória contra o São Paulo vale os mesmos três pontos que sobre o Marília. Só que, quando perdem para o Marília, o técnico não é demitido. Curiosamente, quando perdem para a gente tem algum tipo de problema. Sempre cai técnico", rebate o superintendente de futebol são-paulino, Marco Aurélio Cunha, sobre os 13 treinadores corintianos degolados após tropeços contra a equipe do Morumbi.
"Isso é não ter o que dizer. Se eles ganharem e comemorarem como se fosse uma final, é porque se perdessem a derrota pesaria bastante", completou.

NA TV - Globo (para SP) e Record, ao vivo, às 16h


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