São Paulo, quarta-feira, 12 de março de 2008

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TOSTÃO

O reitor e os professores


Os mestres estão sendo, aos poucos, substituídos por orkuts, blogs, googles e outros mestres tecnológicos


ENTRE OS grandes de São Paulo, o Palmeiras é o que mais promete evoluir nos próximos jogos. O reitor Luxemburgo tem hoje o elenco que Caio Júnior sonhara ter no ano passado.
Dizem que Luxemburgo vai fazer um time tão bom quanto o Cruzeiro de 2003. Será difícil. Valdivia evoluiu e pode ser neste ano mais decisivo. Mas ele não é um Alex.
Dos técnicos dos times grandes de São Paulo, o professor Leão é o que tem tido mais problemas.
Saíram alguns bons jogadores e chegaram outros apenas medianos e/ou desconhecidos.
Desde as primeiras rodadas, o Corinthians mostra uma equipe organizada e segura na defesa.
Mais que isso o professor Mano Menezes não pode fazer. Falta talento individual. Com exceção de Dentinho e Lulinha, que podem evoluir bastante, vejo pouca coisa para melhorar no time.
O São Paulo continua jogando mal. Todos os jogadores caíram de produção. O time continua ainda mais dependente dos cruzamentos de Jorge Wagner. É pouco.
Por causa da falta de um meia de ligação, o talentoso Hernanes, por iniciativa própria ou do professor Muricy, tenta preencher esse espaço. Acaba não sendo um bom volante nem um bom meia. Uma coisa é o volante aparecer na frente no momento certo. Outra é ele avançar antes de receber o passe. Assim é facilmente marcado.
O São Paulo está confuso e mal posicionado em campo. Assim como acontece com os atletas, técnicos passam também por má fase.

Jogo aéreo
Uma mudança no futebol foi o maior número de gols por cruzamentos pelo alto, de bolas paradas ou não. Parece que os técnicos só treinam isso.
No passado, os bons times preferiam tocar a bola e esperar o momento certo para fazer a jogada decisiva, como acontece hoje com o Arsenal e outras equipes. Os dois estilos são eficientes, mas o toque de bola é mais bonito. É preciso tentar fazer bem as duas coisas.
Uma conseqüência do excessivo jogo aéreo é o grande número de traumatismos cranianos e da face, como ocorreu com Dodô. Como falou Fernando Calazans, Dodô é um craque que não seguiu a trajetória dos craques. Diria ainda que Dodô não pode ser analisado como os outros. Ele e o meia Alex são jogadores especiais, que deveriam fazer parte de um capítulo à parte em um livro sobre os craques.
Se seguir esse fascínio dos treinadores pelo jogo aéreo, no futuro, o futebol será jogado só por grandalhões fortes e com capacetes.

Dois toques
Em uma entrevista nesta semana à ESPN Brasil, Gerson chorou ao falar de seus mestres, Didi, Tim e Zizinho. Gerson foi também meu mestre. Esses estão sendo aos poucos substituídos por orkuts, blogs, googles, iPods e outros mestres tecnológicos.
Na primeira vez que joguei ao lado de Gerson e Pelé, Gerson me disse no intervalo: "Se puder jogar de dois toques, e não de um, vai dar tempo de eu chegar perto de você e do Rei". Foi o que fiz.
Foi bom para mim e para o time, que passou a ter um trio, e não uma dupla, mais à frente.


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