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FUTEBOL
No Japão, coordenador técnico nega ter influenciado a escolha dos "estrangeiros' e volta a criticar Edmundo
Zico aprova a convocação de Zagallo
MARCIO AITH
enviado especial a Kashima
O coordenador técnico da
seleção brasileira, Zico, procurou ontem evitar polêmicas
com o técnico
Zagallo, fazendo um apelo "à coesão e à disciplina dos jogadores e
da comissão técnica".
Durante entrevistas à Folha e à
imprensa japonesa, concedidas na
cidade de Kashima, a 250 quilômetros de Tóquio, Zico disse que
não busca o lugar de Zagallo
-"não quero e nunca quis ser técnico da seleção e de nenhum outro
time"- e elogiou ao menos dez
vezes o trabalho do treinador à
frente da seleção.
Zico afirmou também achar que
eventuais derrotas do Brasil nos
amistosos programados contra as
seleções da Argentina e da Alemanha não comprometeriam a permanência de Zagallo na seleção
(leia texto abaixo).
"O que vale é o jogo oficial, lá na
Copa. Com Zagallo, a seleção disputou quatro torneios, ganhou
dois e perdeu dois. Já é um saldo
totalmente positivo", disse.
Zico está no Japão formalizando
seu afastamento temporário da direção técnica do Kashima Antlers,
clube do qual foi jogador.
O coordenador disse que não
participou da convocação dos "estrangeiros" para o amistoso contra a Alemanha, programado para
o próximo dia 25, mas elogiou Rivaldo e Raí, dois nomes da lista.
"Já existia um planejamento para aquela convocação. Raí é a
grande novidade, por ter dado a
volta por cima em sua carreira. Zé
Elias e Rivaldo já trabalharam com
Zagallo na Olimpíada, e não vejo
surpresa com relação a eles."
Sobre Rivaldo, Zico acrescentou
que assistiu a seu último jogo pelo
Espanhol: "Fez jogadas ótimas e
teve participação ativa. Está realmente numa fase muito boa".
Zico também apoiou, "no escuro", as críticas feitas na França por
Zagallo ao estádio Trois Sapins,
em Ozoir-la-Ferrière, onde a seleção deve treinar para a Copa. "Não
conheço o estádio, não estou lá,
mas o Zagallo tem uma tremenda
experiência. Se ele diz que o estádio é muito aberto, devassado, ele
certamente tem razão e deve conversar com a CBF para ver o que
pode ser feito".
O coordenador voltou a criticar
Edmundo por ter abandonado a
Fiorentina, mas disse que sua convocação não está completamente
descartada. "O Zagallo disse que
as portas da seleção ainda não se
fecharam totalmente para ele."
Zico reconhece que não há nenhum impedimento formal para
que Edmundo seja convocado, em
razão dos problemas entre o jogador e o clube italiano. "A questão é
que a gente vai estar premiando
uma indisciplina. Como é que teremos segurança de que podemos
botá-lo no banco, e ele não vai
criar um ambiente ruim no time?"
Em sua primeira manifestação
sobre a posição de goleiro, Zico
disse que Taffarel, titular na Copa
de 94, "é confiável para a seleção".
Segundo ele, Taffarel falhou por
duas vezes recentemente numa
partida do Campeonato Mineiro,
mas "isso é normal e vai acontecer
com qualquer goleiro".
Zico disse que assistiu à partida
entre o Cruzeiro e o Atlético domingo passado e achou que o goleiro foi muito bem.
"Ele fez uma grande partida e é
um jogador no qual o Zagallo confia. Agora, a escalação dele, como
a de qualquer outro jogador, vai
ser sempre definida pelo técnico e
não por mim."
O coordenador disse que não há
nenhuma tensão entre o exercício
de suas funções e as do técnico Zagallo e afirmou que o Brasil só poderá ser campeão se o time e a comissão técnica estiverem "coesos,
unidos e determinados".
Apesar de opinar sobre os jogadores, Zico sugeriu ter decidido
falar menos sobre escalação e planejamento tático. "Qualquer palavra minha a esse respeito será falada apenas em reuniões da comissão técnica". Segundo ele, Zagallo
tem "know-how de seleção e um
direito adquirido (sic)" na equipe.
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