São Paulo, quinta, 12 de março de 1998

Próximo Texto | Índice

FUTEBOL
No Japão, coordenador técnico nega ter influenciado a escolha dos "estrangeiros' e volta a criticar Edmundo
Zico aprova a convocação de Zagallo

MARCIO AITH
enviado especial a Kashima


O coordenador técnico da seleção brasileira, Zico, procurou ontem evitar polêmicas com o técnico Zagallo, fazendo um apelo "à coesão e à disciplina dos jogadores e da comissão técnica".
Durante entrevistas à Folha e à imprensa japonesa, concedidas na cidade de Kashima, a 250 quilômetros de Tóquio, Zico disse que não busca o lugar de Zagallo -"não quero e nunca quis ser técnico da seleção e de nenhum outro time"- e elogiou ao menos dez vezes o trabalho do treinador à frente da seleção.
Zico afirmou também achar que eventuais derrotas do Brasil nos amistosos programados contra as seleções da Argentina e da Alemanha não comprometeriam a permanência de Zagallo na seleção (leia texto abaixo).
"O que vale é o jogo oficial, lá na Copa. Com Zagallo, a seleção disputou quatro torneios, ganhou dois e perdeu dois. Já é um saldo totalmente positivo", disse.
Zico está no Japão formalizando seu afastamento temporário da direção técnica do Kashima Antlers, clube do qual foi jogador.
O coordenador disse que não participou da convocação dos "estrangeiros" para o amistoso contra a Alemanha, programado para o próximo dia 25, mas elogiou Rivaldo e Raí, dois nomes da lista.
"Já existia um planejamento para aquela convocação. Raí é a grande novidade, por ter dado a volta por cima em sua carreira. Zé Elias e Rivaldo já trabalharam com Zagallo na Olimpíada, e não vejo surpresa com relação a eles."
Sobre Rivaldo, Zico acrescentou que assistiu a seu último jogo pelo Espanhol: "Fez jogadas ótimas e teve participação ativa. Está realmente numa fase muito boa".
Zico também apoiou, "no escuro", as críticas feitas na França por Zagallo ao estádio Trois Sapins, em Ozoir-la-Ferrière, onde a seleção deve treinar para a Copa. "Não conheço o estádio, não estou lá, mas o Zagallo tem uma tremenda experiência. Se ele diz que o estádio é muito aberto, devassado, ele certamente tem razão e deve conversar com a CBF para ver o que pode ser feito".
O coordenador voltou a criticar Edmundo por ter abandonado a Fiorentina, mas disse que sua convocação não está completamente descartada. "O Zagallo disse que as portas da seleção ainda não se fecharam totalmente para ele."
Zico reconhece que não há nenhum impedimento formal para que Edmundo seja convocado, em razão dos problemas entre o jogador e o clube italiano. "A questão é que a gente vai estar premiando uma indisciplina. Como é que teremos segurança de que podemos botá-lo no banco, e ele não vai criar um ambiente ruim no time?"
Em sua primeira manifestação sobre a posição de goleiro, Zico disse que Taffarel, titular na Copa de 94, "é confiável para a seleção".
Segundo ele, Taffarel falhou por duas vezes recentemente numa partida do Campeonato Mineiro, mas "isso é normal e vai acontecer com qualquer goleiro".
Zico disse que assistiu à partida entre o Cruzeiro e o Atlético domingo passado e achou que o goleiro foi muito bem.
"Ele fez uma grande partida e é um jogador no qual o Zagallo confia. Agora, a escalação dele, como a de qualquer outro jogador, vai ser sempre definida pelo técnico e não por mim."
O coordenador disse que não há nenhuma tensão entre o exercício de suas funções e as do técnico Zagallo e afirmou que o Brasil só poderá ser campeão se o time e a comissão técnica estiverem "coesos, unidos e determinados".
Apesar de opinar sobre os jogadores, Zico sugeriu ter decidido falar menos sobre escalação e planejamento tático. "Qualquer palavra minha a esse respeito será falada apenas em reuniões da comissão técnica". Segundo ele, Zagallo tem "know-how de seleção e um direito adquirido (sic)" na equipe.



Próximo Texto | Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.