São Paulo, sexta-feira, 12 de abril de 2002

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BOXE

Pais e filhos

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma das mais tradicionais e conhecidas parcerias do pugilismo nacional chegou ao fim.
O técnico Gabriel de Oliveira deixou de orientar a AD São Caetano, cuja equipe de pugilismo é gerenciada por seu pai, Servílio de Oliveira, o único medalhista olímpico do país no boxe (bronze na Cidade de México, em 1968).
Apesar de Gabriel negar, informações provenientes do próprio Servílio e de pessoas ligadas à dupla dão a entender que o rompimento definitivamente não ocorreu de forma amigável nem se restringiu à área profissional.
O fato é que a AD São Caetano busca um novo treinador, e Gabriel, por outro lado, planeja tocar um projeto social, o Luta Brasil, em parceria com a Prefeitura de São Caetano, e também está interessado em trabalhar com boxe recreativo em academias.
Além disso, falando de boxe profissional, Gabriel segue no canto de Laudelino Barros, o Lino, que amanhã luta em Penápolis, em jornada que tem início às 19h (aliás, o meio-pesado Lino, tem sua estréia internacional prevista para o dia 27 de junho, nos EUA, sem adversário definido até o momento, em programação da rede de TV ESPN International).
O que ocorreu entre Servílio e Gabriel não é um fato isolado. Não foram raras as vezes em que pais e filhos romperam relações, especialmente aqueles que formam equipes como técnicos e pugilistas. Os motivos são os mais variados: a ingerência dos pais nas carreiras dos filhos e na administração do dinheiro, a insatisfação em viver à sombra do nome dos pais e a saturação do fato de alguns pais não separarem a vida pessoal da profissional etc.
Como exemplos recentes, posso citar os casos dos norte-americanos Roy Jones Jr. e Sr. e Floyd Mayweather Jr. e seu pai.
O campeão unificado dos meio-pesados, Roy Jones Jr., cansou da influência de seu pai em sua carreira. O pingo d"àgua teria sido o fato de Roy Jones Sr. ter colocado o filho para fazer sparring com [o futuro campeão e rival" Lou del Valle. É que Roy Jones, o filho, não gosta de treinar com quem possa vir a enfrentar no futuro.
No caso dos Mayweather, o pivô do rompimento foi o manager do filho, o empresário de rap James Prince, que passou a ter maior poder de decisão do que o pai e então treinador de Mayweather Jr. Para citar um exemplo, Prince fez Mayweather Jr. recusar uma oferta de US$ 12 milhões por um acordo de exclusividade com a HBO, classificando-o de ""contrato escravagista". Depois, Mayweather Jr. assinou contrato bem menos vantajoso com a rede de TV.
Entre o manager e o pai, Mayweather Jr., para surpresa de muitos, preferiu o primeiro. O rompimento de Mayweather Jr. com o pai foi feio: além de demiti-lo, também o expulsou de casa.
Depois que Mayweather derrotou Diego Corrales, na luta mais importante de sua carreira, pai e filho fizeram as pazes com um abraço sobre o ringue, mas, logo depois, brigaram novamente.
Claro, nem todas as relações envolvendo pais e filhos tiveram conclusão dramática. Basta citar o ex-campeão Shane Mosley e seu pai, Jack; do peso-pesado Chris Byrd e de seu pai, Joe, e, no Brasil, do pesado George e Santo Arias, e dos treinadores Bruno Galati, o pai, e Alessandro, que mantêm uma convivência harmoniosa.
Infelizmente, Servílio e Gabriel, ao menos no momento, não fazem mais parte dessa lista.

"Sugar" 1
O líder do governo no Congresso, Arthur Virgílio, mostrou que entende de boxe durante visita à Folha: ao discutir sobre pugilismo com esta coluna, afirmou que, a seu ver, o melhor boxeador da história foi "Sugar" Ray Robinson, opinião compartilhada por este colunista e também pela ""The Ring", considerada a Bíblia do boxe.

"Sugar" 2
O outro ""Sugar", o Ray Leonard, segue com sua carreira de promotor de lutas. A ESPN International exibe à 1h de sábado VT de luta de seu contratado Joe Mesi. É a mais nova ""esperança branca".

Xuxa
A Universum Box Promotion, empresa promotora do campeão dos leves da OMB, Artur Grigorian, confirmou nesta semana que a próxima defesa do uzbeque será contra o primeiro do ranking, o brasileiro Edson do Nascimento, o Xuxa. Só falta definir a data.

E-mail eohata@folhasp.com.br



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