São Paulo, sábado, 12 de abril de 2008

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Moderno e antigo se enfrentam em semifinal

Caçula Guaratinguetá e centenária Ponte duelam por lugar na final do Paulista

Fundada há menos de dez anos, equipe do Vale do Paraíba é administrada por empresa que diz ter modelo para descobrir "talentos"

RICARDO VIEL
DA REPORTAGEM LOCAL

Noventa e oito anos e conceitos diferentes de futebol separam as equipes que hoje começam a decidir uma das vagas na final do Campeonato Paulista.
Jogando em casa, a Associação Atlética Ponte Preta, fundada em 1900 por alunos de um colégio que queriam praticar um então desconhecido esporte chamado "football".
O visitante é o caçula do Paulista. Nascido em 1998, o Guaratinguetá disputou seu primeiro jogo profissional em 2000 -quando a Ponte celebrava seu centenário.
O conceito de clube-empresa acompanha a trajetória do Guaratinguetá desde que o atual presidente, Carlos Arini, chegou ao clube, em 2002.
Ele e Sony Douer são os donos da Sony Sports, empresa que hoje administra o Guaratinguetá Ltda -transformado em empresa em 2007.
A proposta da dupla não é apenas ganhar títulos mas revelar talentos e, assim, lucrar.
Além do gerenciamento de equipes, a empresa oferece os serviços de representação de jogadores e se propõe a descobrir talentos, lapidá-los, para depois vendê-los -preferencialmente para o exterior.
A triagem na busca de novos jogadores, de acordo com os preceitos expostos no site da empresa, leva em conta fatores extracampo. São avaliados, além da qualidade técnica, o porte físico, a idade, a "índole" do jogador e a possibilidade de que o atleta obtenha o passaporte comunitário -o que facilita negociações com a Europa.
No entanto o grupo que a empresa apresenta em sua página e o elenco do Guaratinguetá -que pertence em grande parte a Sony-, não parecem cumprir o ideal "exportação".
O meia Michel tem 26 anos, 1,69 m, 55 kg e, com oito gols no Campeonato Paulista, é um dos destaques da competição. Embora seja um dos jogadores da Sony Sports, o atleta do Guaratinguetá não se enquadra no "biótipo europeu" buscado. Calça 37, é franzino e também não é jovem -ao menos para o perfil de "novo talento".
Outro bom "contra-exemplo" é Alessandro. Veterano, 34 anos, vestiu 11 camisas diferentes e mede apenas 1,70 m.
O plantel do Guaratinguetá, pelo menos visualmente, é muito mais africano do que europeu. A média de idade também contraria o ideal almejado: 25 anos, alta para um time que pretende revelar talentos.
"Não adianta o jogador ter um ótimo caráter, facilidade com o passaporte e não jogar. Antes de pensar no exterior, queremos jogadores talentosos e vitoriosos", afirma o empresário Sony Douer.
O jogo de hoje coloca em lados opostos o modelo de "clube do futuro" e o saudosismo das agremiações do passado.
A Ponte tem uma torcida fanática que ajudou a construir seu estádio. Tem história e ídolos. Mas não tem título.
Os campineiros chegaram à final do Estadual em três ocasiões, porém não venceram. Em 2001, o time parou na semifinal da competição.
A aposta está no ataque, que, ao lado do do Palmeiras, é o mais positivo da competição, com 36 gols. O meia Renato, com oito, é o artilheiro do time.
O Guaratinguetá, em sua estréia na primeira divisão do Paulista, no ano passado, conseguiu o simbólico título de campeão do interior.
Agora tenta uma inédita vaga para a final do Estadual.


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