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Moderno e antigo se enfrentam em semifinal
Caçula Guaratinguetá e centenária Ponte duelam por lugar na final do Paulista
Fundada há menos de dez anos, equipe do Vale do Paraíba é administrada por empresa que diz ter modelo para descobrir "talentos"
RICARDO VIEL
DA REPORTAGEM LOCAL
Noventa e oito anos e conceitos diferentes de futebol separam as equipes que hoje começam a decidir uma das vagas na
final do Campeonato Paulista.
Jogando em casa, a Associação Atlética Ponte Preta, fundada em 1900 por alunos de um
colégio que queriam praticar
um então desconhecido esporte chamado "football".
O visitante é o caçula do Paulista. Nascido em 1998, o Guaratinguetá disputou seu primeiro jogo profissional em
2000 -quando a Ponte celebrava seu centenário.
O conceito de clube-empresa
acompanha a trajetória do
Guaratinguetá desde que o
atual presidente, Carlos Arini,
chegou ao clube, em 2002.
Ele e Sony Douer são os donos da Sony Sports, empresa
que hoje administra o Guaratinguetá Ltda -transformado
em empresa em 2007.
A proposta da dupla não é
apenas ganhar títulos mas revelar talentos e, assim, lucrar.
Além do gerenciamento de
equipes, a empresa oferece os
serviços de representação de
jogadores e se propõe a descobrir talentos, lapidá-los, para
depois vendê-los -preferencialmente para o exterior.
A triagem na busca de novos
jogadores, de acordo com os
preceitos expostos no site da
empresa, leva em conta fatores
extracampo. São avaliados,
além da qualidade técnica, o
porte físico, a idade, a "índole"
do jogador e a possibilidade de
que o atleta obtenha o passaporte comunitário -o que facilita negociações com a Europa.
No entanto o grupo que a empresa apresenta em sua página
e o elenco do Guaratinguetá
-que pertence em grande parte a Sony-, não parecem cumprir o ideal "exportação".
O meia Michel tem 26 anos,
1,69 m, 55 kg e, com oito gols no
Campeonato Paulista, é um dos
destaques da competição. Embora seja um dos jogadores da
Sony Sports, o atleta do Guaratinguetá não se enquadra no
"biótipo europeu" buscado.
Calça 37, é franzino e também
não é jovem -ao menos para o
perfil de "novo talento".
Outro bom "contra-exemplo" é Alessandro. Veterano, 34
anos, vestiu 11 camisas diferentes e mede apenas 1,70 m.
O plantel do Guaratinguetá,
pelo menos visualmente, é
muito mais africano do que europeu. A média de idade também contraria o ideal almejado:
25 anos, alta para um time que
pretende revelar talentos.
"Não adianta o jogador ter
um ótimo caráter, facilidade
com o passaporte e não jogar.
Antes de pensar no exterior,
queremos jogadores talentosos
e vitoriosos", afirma o empresário Sony Douer.
O jogo de hoje coloca em lados opostos o modelo de "clube
do futuro" e o saudosismo das
agremiações do passado.
A Ponte tem uma torcida fanática que ajudou a construir
seu estádio. Tem história e ídolos. Mas não tem título.
Os campineiros chegaram à
final do Estadual em três ocasiões, porém não venceram.
Em 2001, o time parou na semifinal da competição.
A aposta está no ataque, que,
ao lado do do Palmeiras, é o
mais positivo da competição,
com 36 gols. O meia Renato,
com oito, é o artilheiro do time.
O Guaratinguetá, em sua estréia na primeira divisão do
Paulista, no ano passado, conseguiu o simbólico título de
campeão do interior.
Agora tenta uma inédita vaga
para a final do Estadual.
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