São Paulo, sábado, 12 de abril de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Meia-entrada inflaciona ingresso

Preços dos Estaduais de SP e do Rio são majorados, enquanto carteira de estudante se dissemina

Em 2008, clubes e empresa passam a exigir documento estudantil no acesso ao estádio porque meias já são 40% dos bilhetes em SP

RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O aumento do valor dos ingressos para as semifinais do Paulista reflete uma onda de majoração de entradas no futebol brasileiro. Uma das explicações para essa tendência é o crescimento da meia-entrada nos estádios, principalmente com a disseminação do uso das carteiras de estudantes. A outra é a defasagem de preços, alegada por cartolas.
No Paulista, pela fase classificatória, o preço mínimo da arquibancada subiu de R$ 15 para R$ 20, neste ano. E as semifinais dobraram de valor, chegando a R$ 40.
No Rio, os clássicos e os jogos decisivos também dobraram de preço, atingindo R$ 40. O Brasileiro-2007 viu o valor médio do bilhete (R$ 12,15) crescer 7% sobre 2006.
Levantamento da Folha nos borderôs de clássicos do Rio de Janeiro e São Paulo comprova que fatia significativa de ingressos é negociada pela metade do valor padrão.
Em 2008, os seis jogos entre os quatro grandes do Estadual de São Paulo tiveram 40% de seus bilhetes vendidos como meia-entrada. Esse patamar atingia 37% nos clássicos do ano passado. Estudantes, aposentados e professores são beneficiados -estes últimos por conta de leis estaduais.
No Rio de Janeiro, a participação da meia-entrada nos ingressos foi ainda maior. Nos nove clássicos do Estadual até agora, 60% das pessoas pagaram metade do preço.
Diante desses números, neste ano, alguns clubes e seus parceiros passaram a exigir a apresentação da carteira de estudante nas entradas nos estádios. Antes, bastava apresentá-la na compra dos bilhetes.
"Há três partidas, pedimos a quem controla a entrada [a BWA] que exija a carteira de estudante. Acho que vai diminuir [o número de meias-entradas] e reduzir o prejuízo dos clubes", afirmou o diretor financeiro do São Paulo, Oswaldo de Oliveira Abreu, que atribui a majoração de bilhetes à defasagem dos preços.
No Estado, o Morumbi é o estádio que apresenta os maiores percentuais de meia-entrada. Foram 48% dos 41.211 bilhetes no clássico do São Paulo com o Corinthians.
Mas não chega ao patamar do Maracanã. Quando Fluminense e Vasco se enfrentaram, pelo Estadual, quatro em cada cinco ingressos foram vendidos pela metade do preço.
"Estamos iniciando um movimento, que vamos levar ao Rio e a Minas Gerais, para exigir as carteiras na entrada", explicou o sócio da BWA, Bruno Balsimelli, que controla o sistema de entrada dos principais estádios do país e defende revisão das regras das carteiras.
No Parque Antártica, sua empresa já barrou cerca de mil torcedores no jogo entre Palmeiras e São Caetano, por falta de carteira. No Rio, a partida entre Fluminense e LDU, pela Libertadores, vai dar início à conferência do documento.
"Não dá para baixar o preço dos ingressos porque cerca de 70% ou 80% dos ingressos é com carteira de estudante", contou o presidente do Flamengo, Márcio Braga.
Cartolas também atribuíram o aumento dos bilhetes aos baixos preços praticados nos últimos anos. Lembram que os jogos ainda custam bem menos do que shows musiciais.


Texto Anterior: Atlético-PR: Rádios podem boicotar time por cobrança de taxa
Próximo Texto: Carteiras dão apoio à fraude, diz empresa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.