São Paulo, sábado, 12 de abril de 2008

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Após dias de fúria, tocha vive festa na Argentina

"O pior já passou", diz entidade sobre o périplo do fogo olímpico pelo mundo

Maradona não chega a tempo de abrir revezamento da chama, que tem como próxima parada a Tanzânia, que verá desfile amanhã

ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES

Com um forte esquema de segurança, a tocha olímpica passou ontem à tarde por Buenos Aires sem grandes incidentes. Acostumada a lidar com protestos quase diários, a prefeitura mobilizou 5.700 pessoas, entre policiais, funcionários e voluntários, que garantiram a segurança da chama nos 13,8 quilômetros de percurso.
Para uma partida entre Boca Juniors e River Plate, principais times do país, são deslocados cerca de 1.500.
O Comitê Olímpico Internacional havia previsto que, depois dos incidentes de Paris e Londres, que ameaçaram a interrupção do revezamento da tocha, o pior já havia passado. "Tratava-se de reassegurar que tudo está sob controle. E nós temos confiança", afirmou porta-voz do organismo, após a reunião de dois dias que decidiu manter o revezamento.
Apesar de grupos pró-Tibete terem prometido protestos pacíficos, a prefeitura montou um esquema com várias camadas de segurança que mantinham os manifestantes longe da rota.
O único incidente aconteceu pouco antes do início do revezamento, quando um grupo de chineses pró-Olimpíada teria provocado manifestantes do grupo Free Tibete, da seita Falun Gong, reprimida na China, e do Movimento da Tocha dos Direitos Humanos.
Após um estranhamento entre os dois lados, a polícia afastou os chineses do local.
"Eles começaram a nos provocar, querendo que agredíssemos. Pedi ao meu grupo que se afastasse porque prometi que faríamos protestos pacíficos", disse o representante do movimento Free Tibete da Argentina Jorge Carcavallo. O Free Tibete foi um dos responsáveis por apagar a tocha em Paris.
À Folha o secretário de Esportes de Buenos Aires, Francisco Irarrazával, afirmou que o conflito entre os dois grupos foi apenas "um incidente leve".
Durante o percurso, a organização só tomou um susto quando a tocha foi alvejada por balões de água. Mas a equipe de segurança conseguiu interceptá-los antes que atingissem o alvo. Os ativistas haviam prometido ações-surpresa, mas o máximo que se viu foram manifestantes com cartazes ao longo do percurso.
O ex-jogador Maradona, que era esperado até o último momento, não voltou ao país a tempo de abrir o revezamento. Estava no México por "compromissos profissionais". O percurso foi iniciado pelo iatista Carlos Espínola e encerrado pela tenista Gabriela Sabatini.
O campeão olímpico de vôlei de praia Emanuel foi o único brasileiro a carregar a tocha entre os 80 atletas que participaram do percurso. Ricardo, seu parceiro, o acompanharia. Sua participação, no entanto, acabou cancelada por medidas de segurança.
Em compensação, ganhou de presente do colega a tocha, como homenagem à parceria.
"Não fiquei triste. Estou feliz só em estar aqui", disse Ricardo à Folha, enquanto assistia à cerimônia de abertura do evento.
A tocha partiria ontem à noite para a Tanzânia, próxima parada do revezamento.


Com agências internacionais e a Reportagem Local

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