São Paulo, sábado, 12 de abril de 2008

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MOTOR

O piloto teflon

Diferença de tratamento a Massa e a Hamilton após erros cometidos nos últimos GPs chega a ser irresponsável

FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

MASSA FEZ duas corridas ruins, na Austrália e na Malásia. Foi execrado por aqui e, principalmente, lá fora.
Foi "demitido" da Ferrari, "rebaixado" a piloto de testes, "substituído" por Vettel e depois por Alonso. Não faltaram estatísticas para demonstrar sua má fase, declarações de dirigentes questionando sua posição na Ferrari, comparações com pilotos fracassados, fotos em que surgia cabisbaixo, triste, aborrecido.
O brasileiro viveu dias de inferno entre Sepang e Sakhir, a ponto de publicar em seu site uma constrangedora explicação, com tom de pedido de desculpas -um desastre do ponto de vista das relações públicas.
Hamilton fez duas corridas ruins, na Malásia e no Bahrein.
Em Sepang, levou 0s096 de Kovalainen no grid e ficou duas posições abaixo na corrida, atrás até de Trulli.
Duas semanas depois, largou dois postos à frente do companheiro de equipe, mas chegou oito atrás. A imagem do GP foi a pancada que deu em Alonso, na segunda volta, resultado de uma asa quebrada em outro toque no espanhol, pouco antes.
O inglês saiu do carro, reconheceu o erro com os botões no volante (mais um!), classificou seu fim de semana barenita como "um desastre". Aqui e lá, nada.
Ou alguma coisa. "É irônico que seu começo estrondoso na categoria seja usado como parâmetro para criticá-lo agora", escreveu Adam Cooper no site da revista "Autosport".
Ou seja: o garoto-prodígio, vejam só, coitado, é vítima. E dele mesmo.
A única "culpa" que leva é ter conseguido resultados tão bons em 2007.
Irônica, irresponsável até, é tal diferença de tratamento. Que, na lógica cruel da F-1, tem apenas uma explicação, basal, primária, esta mesmo que você está matutando: Massa é brasileiro, Hamilton é inglês.
Por ter nascido na ilha que detém o poder da informação da F-1, e que não faz um campeão desde Hill, Hamilton é dotado de uma couraça. Ou, para usar expressão em voga na política brasiliense, é um piloto "teflon".
E nada indica que isso vá mudar.
Portanto, cuidado com o que lê. O Mundial está apenas começando.

VONTADE QUE FALTA
Pergunta de Átila Abreu, 20, mais jovem piloto da Stock, garoto que anos atrás cruzávamos por pistas da Europa: "Como você vai conseguir patrocínio para correr lá fora e ficar escondido se tem gente aqui aparecendo na Globo toda hora?".
Não é uma crítica, a Stock tem mais é que buscar seu crescimento, parabéns a ela. Átila é mais um personagem, e sua reflexão é mais um retrato da seca de brasileiros nas categorias de fórmula pelo mundo.

VONTADE QUE SOBRA
Inconformado por estar atrás de Stoner no Estoril, Rossi foi pra pista alucinado e, na última curva da última volta, caiu. Era treino livre.


fseixas@folhasp.com.br

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